No passado mês de março, uma equipe da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) visitou as cidades de Santa Maria, no Distrito Federal, Portel e Breves, na Ilha de Marajó, no Pará. O grupo visitou unidades de saúde que receberam médicos cubanos através do Termo de Cooperação assinado entre a OPAS e o Ministério da Saúde, dentro do Programa Mais Médicos. A equipe era formada por técnicos da OPAS em Brasília e pelo pessoal de Comunicação da sede da OPAS em Washington, que veio ao Brasil para realizar um documentário sobre o programa.
“Eu tinha muita dificuldade de levar a minha mãe até o médico, porque ela é cadeirante e acamada. Só de colocar e tirar do transporte ela já sentia muitas dores. Agora ela fica no conforto dela e o médico vem aqui. E a qualidade do atendimento é perfeita. O programa é maravilhoso para a gente”, conta Maria Aparecida Santos da Silva, filha de Anezia.
Ainda no DF, foram entrevistados o Secretário de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Heider Aurélio Pinto, e o Subsecretário de Atenção Primária à Saúde do Governo do Distrito Federal, Bernardo Augusto Nunan.
Na Ilha de Marajó, população ribeirinha é atendida por médicos cubanos

Para chegar a Portel, cidade ao sudoeste da Ilha de Marajó, é necessário partir da capital do estado, Belém, e passar 14 horas em um barco navegando pelo Rio Pará. A cidade, com 57 mil habitantes¹, recebeu 7 médicos cubanos do Programa Mais Médicos. Alguns atendem em postos de saúde na cidade e outros, como o médico Raul Leocadio Ramirez Rua, em unidades móveis, principalmente fluviais, para atender a população que mora nas margens dos rios. Comumente chamadas de “ribeirinhas”, estas populações têm a pesca artesanal como principal atividade de subsistência, cultivam pequenos roçados para consumo próprio e também praticam atividades extrativistas.
Há um ano e meio no Brasil, Raul conta que desde que chegou ao país foi selecionado para atender apenas a população rural, e, no caso da Ilha de Marajó, a população ribeirinha: “Este município tem mais rios do que todo o território de Cuba. Há rios enormes, e baías que, dependendo da maré, não se pode atravessar nem de barco, por conta das ondulações. Dependendo da extensão do rio e da população, nós passamos dez, doze ou quatorze dias navegando e consultando os pacientes ribeirinhos em pontos de atendimento nas margens”
Benedita Balheira Correia, 57 anos, trabalha na roça e é analfabeta. Ela foi atendida por Raul na unidade fluvial: “Eu vim doente, fui atendida, ele me atendeu bem. Eu entendi tudo direitinho. Estou feliz porque saí aqui com a minha receita, agora eu vou na farmácia e vou ficar boa, não é?”, sorri.
Portel fica a 48 km além de Breves, que, com 97 mil habitantes², é considerada uma das maiores e principais cidades da Ilha de Marajó. O município recebeu 8 médicos cubanos do Programa Mais Médicos.
Jucineide Alves Barbosa é Secretária municipal de Saúde de Breves e está muito satisfeita com o programa: “Eu estou há quase 10 anos trabalhando com saúde pública aqui na região e a fixação de médicos sempre foi um desafio para os gestores. Com a chegada do Programa Mais Médicos a situação mudou, porque hoje nós temos doze Estratégias de Saúde da Família no município. Os médicos trouxeram avanço, melhoria do acesso à saúde para a população, e a certeza de que as pessoas vão procurar o serviço e vão encontrar um médico para atendê-las”.
A secretária destaca ainda o apoio recebido pelos médicos cubanos no combate a doenças que são endêmicas na região, como a hanseníase, comumente conhecida como lepra. Segundo o Ministério da Saúde, 31 mil novos casos da doença foram diagnosticados no Brasil em 2013.³
“Quando nós avaliamos os indicadores, vemos que as consultas de pré-natal aumentaram muito, que aumentou a cobertura dos exames de prevenção de câncer de colo de útero e que diminuiu a mortalidade infantil, além das consultas em geral. Então a gente torce muito para que o Programa siga adiante, para que a gente possa continuar avançando na saúde da população aqui em Breves”.
Elizelma da Silva Gomes foi levar o filho, Riquelme Gomes Barbosa, um bebê de 10 meses, para se consultar na Unidade Básica de Saúde Ribeirinha, à beira do rio Parauau. Ela se emocionou ao falar sobre o atendimento que recebe dos médicos cubanos do programa: “É muito bom, porque antes a gente tinha que esperar muitas horas e às vezes não era atendida. E hoje eu cheguei aqui ainda agora, e logo fui consultada com o meu filho. Eu estou muito feliz porque é a saúde do meu filho em primeiro lugar. É um privilégio que tenha pessoas de outros países que estejam aqui, ajudando na saúde e dando alegria para muitas famílias que antes não tinham nada”.
Fotos disponíveis online
Fotos da viagem estão disponíveis no Flickr da OPAS/OMS. Para acessá-las, clique nos links abaixo:
Breves, Ilha do Marajó Estado do ParáPortel, Ilha do Marajó Estado do Pará
Santa Maria (Brasília)
Referências
¹Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acessado em: 09/04/2015.²Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acessado em: 09/04/2015.
³Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Acessado em: 09/04/2015.