Vigilância é a chave
Um bom monitoramento acompanha a extensão e o carácter da epidemia do tabaco e indica a melhor forma de adaptar as políticas. Apenas um em cada três países, que representam 38% da população mundial, monitora o uso do tabaco, repetindo pesquisas nacionais e representativas com jovens e adultos pelo menos uma vez a cada cinco anos.
O fumo passivo mata
O fumo passivo é a fumaça de produtos derivados do tabaco (como cigarros, bidis e pipes de água). Há mais de 7.000 produtos químicos no fumo do tabaco, dos quais pelo menos 250 são conhecidos por serem prejudiciais e ao menos 69 por causar câncer.
Não existe um nível seguro de exposição passiva à fumaça do tabaco.
- Em adultos, o fumo passivo provoca graves doenças cardiovasculares e respiratórias, incluindo doença coronariana e câncer de pulmão. Nos bebês, pode causar morte súbita. Já em mulheres grávidas, provoca baixo peso do bebê no nascimento.
- Quase metade das crianças respiram regularmente ar poluído pela fumaça do tabaco em locais públicos.
- A exposição passiva à fumaça do tabaco causa mais de 1,2 milhão de mortes prematuras por ano.
- A cada ano, 65 mil crianças morrem de doenças atribuíveis ao fumo passivo.
Toda pessoa deve ser capaz de respirar um ar livre de fumaça do tabaco. As leis antifumo protegem a saúde dos não-fumantes, são populares, não prejudicam os negócios e incentivam os fumantes a pararem de fumar. Mais de 1,6 bilhão de pessoas, ou 22% da população mundial, são protegidos por leis nacionais antitabagismo abrangentes.
Usuários de tabaco precisam de ajuda para parar
Estudos mostram que poucas pessoas entendem os riscos específicos para a saúde do uso do tabaco. Uma pesquisa realizada na China – a 2015 Global Adult Tobacco Survey (GATS) –, por exemplo, revelou que apenas 26,6% dos adultos chineses sabiam que o tabagismo causa câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral.
Entre os fumantes que estão conscientes dos perigos do tabaco, a maioria quer parar de fumar. Aconselhamento e medicação podem mais do que duplicar a chance de um fumante ter êxito na tentativa de parar de fumar.
Os serviços nacionais abrangentes de cessação do tabagismo com cobertura total ou parcial de custos estão disponíveis em apenas 23 países, representando 32% da população mundial.
Avisos de imagem funcionam
Campanhas de comunicação de massa anti-tabaco e advertências nas embalagens dos produtos, especialmente aqueles que incluem imagens, reduzem o número de crianças que começam a fumar e aumentam o número de usuários que param de fumar.
Avisos gráficos podem persuadir os fumantes a protegerem a saúde dos não-fumantes, fazendo com que fumem menos dentro de casa e evitem fumar perto de crianças. Estudos realizados após a implementação de advertências pictóricas no Brasil, Canadá, Singapura e Tailândia mostram consistentemente que os alertas por imagens aumentam significativamente a conscientização das pessoas sobre os danos do uso do tabaco.
Mais de metade da população mundial vive nos 91 países que adotam as melhores práticas de embalagens com imagens chocantes de advertência sanitária, incluindo avisos no idioma local e cobrindo uma média de pelo menos metade da frente e do verso das embalagens de produtos de tabaco.
Campanhas de comunicação de massa também podem reduzir o consumo de tabaco por influenciar as pessoas a proteger os não-fumantes e convencer as pessoas a pararem de consumir tabaco.
Cerca de 1,7 bilhão de pessoas vivem nos 39 países que exibiram pelo menos uma forte campanha de mídia anti-tabaco nos últimos dois anos.
Proibição da publicidade reduz o consumo
A publicidade, a promoção e o patrocínio do tabaco aumentam e sustentam o uso desse produto, recrutando efetivamente novos fumantes e desencorajando os usuários a pararem de fumar.
Proibições abrangentes à publicidade, promoção e patrocínio do tabaco podem reduzir o consumo de tabaco. Uma proibição abrangente envolve variedades diretas e indiretas de promoção. Formas diretas incluem, entre outras, publicidade na televisão, rádio, publicações impressas e outdoors, enquanto as indiretas incluem, entre outras, alongamento da marca, distribuição gratuita, descontos de preço, exibição de produtos no ponto de venda, patrocínios e atividades promocionais disfarçadas de programas de responsabilidade social corporativos.
Apenas 48 países, representando 18% da população mundial, baniram completamente todas as formas de publicidade, promoção e patrocínio do tabaco.
Impostos desencorajam o uso do tabaco
Os impostos sobre o tabaco são a forma mais custo-efetiva de reduzir o consumo de tabaco, especialmente entre jovens e pessoas de baixa renda. Um aumento de impostos que eleva os preços do tabaco em 10% diminui o consumo de tabaco em 4% em países de alta renda e 5% em países de baixa e média renda.
Mesmo assim, o aumento dos impostos sobre o tabaco é uma medida raramente implementada. Somente 38 países, que juntos têm 14% da população mundial, possuem impostos sobre produtos de tabaco que superam em 75% o preço de varejo.
As receitas fiscais do tabaco são, em média, 250 vezes mais altas do que as despesas com o controle do tabagismo, com base nos dados disponíveis.
O comércio ilícito de produtos do tabaco deve acabar
O comércio ilícito de produtos derivados do tabaco representa grandes problemas para a saúde, economia e segurança em todo o mundo. Estima-se que um em cada 10 cigarros e produtos derivados do tabaco consumidos globalmente é ilícito. O mercado ilícito é apoiado por vários intervenientes, desde pequenos vendedores ambulantes até redes criminosas organizadas envolvidas com armas e tráfico de seres humanos.
A elusão fiscal (lícita) e a evasão fiscal (ilícita) comprometem a eficácia das políticas de controle do tabaco, particularmente, os impostos mais altos sobre o tabaco. Essas atividades abrangem desde ações judiciais, como a compra de produtos de tabaco em jurisdições de menor tributação, até ações ilegais, como contrabando, fabricação e falsificação ilícitas.
A indústria do tabaco e outros atores argumentam que os altos impostos sobre os produtos levam à evasão fiscal. No entanto, as evidências mostram que fatores extrafiscais, como uma governança deficiente, altos níveis de corrupção, compromisso insuficiente por parte dos governos para lidar com o tabaco ilícito, administração ineficiente de impostos e alfândega e canais informais de distribuição de produtos derivados do tabaco são frequentemente de igual ou maior importância.
Embora afirme publicamente seu apoio à ação contra o comércio ilícito, o comportamento de bastidores da indústria do tabaco tem sido muito diferente. Documentos internos, divulgados como resultado de processos judiciais, demonstram que a indústria do tabaco fomentou ativamente o comércio ilícito em todo o mundo. Além de trabalhar para bloquear a implementação de medidas de controle do tabagismo, como aumento de impostos e advertências gráficas de saúde, ao argumentar, erroneamente, que elas estimularão o comércio ilícito.
A experiência de muitos países demonstra que o comércio ilícito pode ser combatido com sucesso, mesmo com o aumento dos impostos e preços dos produtos, o que dá lugar a maiores arrecadações fiscais e um menor consumo de tabaco. A aplicação e a execução de medidas contundentes para controlar o comércio ilícito potencializa a eficácia do aumento dos impostos e dos preços do tabaco, bem como das fortes políticas de controle do tabaco, na redução de seu uso e de suas consequências econômicas e sanitárias.
Há um amplo consenso de que o controle do comércio ilegal de tabaco beneficiará a saúde pública e resultará em maiores benefícios aos governos. Entre eles, destacam-se a diminuição do número de mortes prematuras pelo consumo de tabaco e o aumento de receita tributária para os governos. Interromper o comércio ilícito de produtos derivados do tabaco é uma prioridade de saúde alcançável. Mas, para isso, é necessário melhorar os sistemas de administração tributária nacionais e subnacionais, bem como a colaboração internacional. O Protocolo da CQCT para Eliminação do Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco (PTI) da OMS é a principal política de regulação da oferta para reduzir o uso do tabaco e suas consequências para a saúde e a economia.
(Folha informativa atualizada em julho de 2019)