Salvador, 1 de julho de 2025 – Em sua participação na Cúpula da Parceria Global de Saúde Digital (GDHP, pela sigla em inglês), o representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Cristian Morales, elogiou o país por sua por liderança em saúde e transformação digital na saúde pública.
De acordo com Cristian Morales, a saúde digital é um instrumento concreto para resolver lacunas históricas de acesso, especialmente em áreas remotas. Ela “facilita uma resposta rápida e coordenada às emergências de saúde pública, fortalece a atenção primária e melhora a gestão dos serviços de saúde com base em dados confiáveis.”
Morales cita exemplos, como o acesso a especialistas por meio da telessaúde sob aspecto amplo de atuação como teleconsulta, telediagnóstico e outras modalidades, o acesso em tempo real aos prontuários eletrônicos para melhorar os diagnósticos e a continuidade do tratamento e o uso de aplicativo por mães e pais para verificar se a vacinação de seus filhos está em dia. “Todos esses exemplos são uma realidade no Brasil e a OPAS elogia as iniciativas do país para uma transformação digital da saúde pública que garanta um sistema de saúde mais equitativo, resiliente e centrado nas pessoas”, complementou.
Em sua fala, Paula Xavier dos Santos, diretora do Departamento de Informação e Informática do SUS (DATASUS), do Ministério da Saúde do Brasil, lembrou que o país lançou o programa “Agora Tem Especialistas”, que tem como maior objetivo reduzir o tempo de espera por atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). “Nós estamos em um processo de implantação de uma grande política no nosso sistema público (...), que tenta promover a passagem do cidadão de atenção primária para a atenção especializada, que é um dos grandes desafios que nós temos no nosso país. Vemos como a saúde digital, por todos os seus mecanismos, é estruturante e fundamental para a implementação dessa política.”
Bianca Rouwenhorst, presidente da Parceria Global de Saúde Digital (GDHP), parabenizou o Ministério da Saúde do Brasil por seu trabalho e dedicação para a organização da Cúpula e por sediar o evento. “Após várias cúpulas europeias, estamos muito felizes em trazer nossa parceria global para o Brasil. Obrigado pelo convite para este belo local e por seu comprometimento em tornar este evento um sucesso. Estou ansiosa para aprender mais sobre o Brasil, sobre o sistema (de saúde) brasileiro, e acredito que as perspectivas regionais que esta Cúpula oferece serão muito valiosas para nossos membros”, disse.
O subsecretário de Saúde do estado da Bahia, Paulo José Bastos Barbosa, celebrou o fato de ser a primeira vez que a Cúpula é realizada em um país da América Latina, sendo a capital da Bahia escolhida para sediar o evento. Ele citou algumas das iniciativas que o estado implementou para fortalecer a saúde digital, incluindo o aprimoramento do prontuário eletrônico nas unidades de saúde. “Compreendemos que esse tema é vital para o Sistema Único de Saúde, um sistema universal e gratuito. Somos um país imenso territorialmente, com uma população de mais de 200 milhões de pessoas”, ressaltou, defendendo que a saúde digital é um tema estratégico para a agenda da saúde pública no estado.
Sobre saúde digital
As Américas enfrentam desigualdade digital entre e dentro de países e populações. Apenas 12 países da região implementaram estratégias nacionais de saúde digital. Entre os desafios a serem enfrentados, estão os sistemas fragmentados com baixa interoperabilidade, a falta de cultura de dados e a alfabetização digital entre profissionais e usuários, além de vulnerabilidades em segurança cibernética.
Diante desses desafios, é essencial consolidar a governança nacional e subnacional com marcos regulatórios robustos; fortalecer a segurança cibernética no ecossistema de saúde digital; investir na alfabetização digital em saúde entre tomadores de decisão, trabalhadores e cidadãos; e garantir plena interoperabilidade, com padronização, resumo internacional de pacientes e integração federativa.
A OPAS incentiva a cooperação entre países, com foco em avaliação, segurança, ética e impacto social. Também recomenda a adoção de 8 princípios para a transformação digital na saúde pública:
- Garantir a conectividade universal no setor da saúde até 2030.
- Cocriar bens digitais de saúde pública para um mundo mais equitativo.
- Acelerar rumo à saúde digital inclusiva, com ênfase nos mais vulneráveis.
- Implementar sistemas digitais de saúde e informação interoperáveis, abertos e sustentáveis.
- Integrar os direitos humanos em todas as áreas da transformação digital na saúde.
- Participar da cooperação global em inteligência artificial e qualquer tecnologia emergente.
- Estabelecer mecanismos de confiança e segurança da informação no ambiente digital da saúde pública.
- Projetar a arquitetura da saúde pública na era da interdependência digital.
A Organização está comprometida em continuar sua cooperação técnica com o Ministério da Saúde do Brasil e de todos os países das Américas para consolidar ambientes de políticas estratégicas para a saúde digital, melhorar a telessaúde, a proteção de dados e a interoperabilidade, e garantir que o avanço tecnológico respeite os direitos humanos e reduza as desigualdades.
