FAO, OPAS/OMS, Ministério da Saúde e chef se unem para melhorar qualidade da alimentação

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27 de janeiro de 2017 – A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), a apresentadora e chef Rita Lobo, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Ministério da Saúde do Brasil se juntaram nesta sexta-feira (27), em um evento realizado em Brasília, para estimular a melhoria da qualidade da alimentação no Brasil e no mundo.

Um relatório divulgado na semana passada pela FAO e a OPAS/OMS mostrou que mais da metade (58%) da população adulta latino-americana e caribenha está com excesso de peso. São 360 milhões de pessoas, sendo 50 milhões somente no Brasil.

Para o Representante da OPAS/OMS no país, Joaquín Molina, essa “epidemia de obesidade” está diretamente ligada à má alimentação. “Estamos consumindo produtos cheios de conservantes, gorduras, sal, açúcar... Alimentos ultraprocessados que não lembram em nada a ‘comida da vovó’. E minha vovó cozinhava muito bem. Porque ela usava principalmente alimentos in natura e minimamente processados, que são as frutas, folhas, ovos, leite, arroz, feijão, carne, um franguinho grelhado. Esses alimentos podemos comer à vontade. E, em menor quantidade, os alimentos processados, que são os queijos, pães, geleias”, afirmou Molina. 

Toda essa “comida de verdade” é apresentada no Guia Alimentar para a População Brasileira, documento feito pelo Ministério da Saúde em conjunto com a OPAS/OMS e Universidade de São Paulo (USP). Na publicação, é possível encontrar várias dicas de combinações saudáveis para o café da manhã, almoço, jantar e lanches, respeitando as diferenças regionais e sugerindo alimentos e bebidas de fácil acesso para os brasileiros.

Durante o evento, o Representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, apresentou alguns dados e conclusões do “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe”. De acordo com ele, os governos devem aumentar as políticas de apoio à alimentação saudável e sustentável. “O crescimento econômico e a globalização diminuíram o consumo de alimentos minimamente processados e aumentou o de produtos adocicados ou de alto teor de gordura, sódio. O que antes só se via nos países desenvolvidos, agora se vê também na América Latina e no Caribe”, disse.

O diretor do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Allan Souza, ressaltou que as equipes de saúde da família têm trabalhado com a educação alimentar como forma de promover a saúde. “Temos desenvolvido no Sistema Único de Saúde ações que não estejam vinculadas somente a cuidar da pessoa que está doente. Alimentar-se mal, por exemplo, também gera uma série de complicações no organismo do indivíduo ou piora condições, podendo levar à hipertensão, diabetes”.

Segundo ele, o “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe” é um instrumento muito importante para o país. “Relatórios como esse ajudam a nós do governo a pensar, formular programas que vão impactar de maneira importante na vida da população brasileira”.

A apresentadora e chef Rita Lobo buscou descontruir alguns mitos sobre a alimentação. “Não existe um alimento que possa melhorar radicalmente a vida de ninguém. O importante é a pessoa saber identificar o que é comida e o que é imitação de comida. Se no rótulo aparece edulcorante, aromatizante e outros nominhos estranhos, não é comida de verdade”, explicou.

Ela também afirmou que a alimentação é responsabilidade de todos na casa. “Para a minha mãe, cozinhar era algo de mulher desocupada, de submissão. Hoje, essa percepção já mudou. Precisamos estimular todos, pai, mãe, filhos, a serem responsáveis por cozinhar, fazerem as compras na feira, planejarem a marmita. A alimentação é dever de todos na casa”.

Panorama
Com a divulgação do “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe”, a FAO e a OPAS/OMS se juntam para promover sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis que unam agricultura, alimentação, nutrição e saúde. Essas duas agências consideram também que medidas educativas são necessárias, principalmente para as crianças, que precisam saber desde cedo o que é “comida de verdade”.

Há várias experiências positivas na região. O Brasil, por exemplo, promulgou recentemente uma lei que proíbe a publicidade de substitutos do leite materno e regula a publicidade de outros alimentos voltados para mães e crianças de até dois anos.

Barbados, Dominica e México aprovaram impostos para as bebidas açucaradas. Bolívia, Chile, Peru e Equador contam com leis de alimentação saudável que regulam a publicidade e os rótulos dos alimentos.

Para ajudar os países a continuarem alcançando esses avanços, a OPAS/OMS desenvolveu um modelo de perfil nutricional que identifica bebidas e alimentos com excesso de componentes críticos, como açúcares, sal, gorduras totais, gorduras saturadas e gorduras trans. Essa publicação auxilia os países na criação e implementação de estratégias para prevenir e controlar o excesso de peso.

Entre as boas práticas apontadas, estão: o uso de rótulos de alerta na parte frontal das embalagens; a restrição na comercialização de alimentos e bebidas pouco saudáveis para crianças; a regulação de alimentos e bebidas vendidos nas escolas; a definição de políticas fiscais para limitar o consumo de alimentos não saudáveis; a identificação de alimentos a serem fornecidos por programas sociais para grupos vulneráveis; e subsídios para reduzir preços de frutas frescas e vegetais.

Década
A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou no dia 1º de abril a Década de Ação das Nações Unidas sobre Nutrição, de 2016 a 2025. A resolução visa desencadear uma ação intensificada para acabar com a fome e erradicar a desnutrição em todo o mundo, além de assegurar o acesso universal a dietas mais saudáveis e sustentáveis.