Campanha incentiva trabalhadores de saúde e jovens a conversarem abertamente sobre HIV

Talk to me

27 de novembro de 2019 – Sob o lema “Fale comigo abertamente”, a campanha para o Dia Mundial de Luta Contra a Aids deste ano da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), UNAIDS, UNICEF e Rede de Jovens Positivos da América Latina (J+Lac) mobiliza profissionais de saúde a conversarem com jovens sobre HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis sem preconceitos como forma de melhorar o acesso a medidas preventivas.

A campanha tem o objetivo de sensibilizar profissionais de saúde para que cada vez mais homens jovens gays e homens que fazem sexo com homens (HSH) – que são desproporcionalmente afetados pelo HIV – busquem e obtenham a informação e o apoio que precisam para ter uma saúde sexual saudável. Busca ainda empoderar e informar jovens, assim como combater o estigma e a discriminação que as populações mais vulneráveis à infecção pelo vírus HIV vivenciam nos serviços de saúde, que são alguns dos principais obstáculos para acessar os cuidados de saúde.

"Queremos que profissionais de saúde e jovens comecem a falar mais sobre o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis como parte dos cuidados de saúde, com respeito e sem preconceitos”, afirmou Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde na OPAS. "Quanto mais os jovens se sentirem bem-vindos, maior a probabilidade de acessarem e manterem contato com os serviços de saúde para realizar exames ou buscar medidas que possam impedir que contraiam ou transmitam o HIV”, complementou.

Na América Latina, as novas infecções por HIV aumentaram 7% desde 2010. Estima-se que 100.000 pessoas contraíram o vírus somente em 2018; uma em cada cinco são jovens entre 15 e 24 anos. No Caribe, 27% das novas infecções ocorrem dentro desta faixa etária. Além disso, homens jovens gays e adultos e homens que fazem sexo com homens são desproporcionalmente afetados pelo HIV, representando 40% das novas infecções na América Latina e 22% no Caribe. Em todo o mundo, esse grupo tem 22 vezes mais chances de ter HIV do que a população em geral.

“Comunidades, grupos e redes de pessoas que vivem ou são afetadas pelo HIV desempenham um papel fundamental na resposta à epidemia de AIDS em níveis local, nacional e internacional”, disse César Nuñez, diretor regional do UNAIDS para a América Latina e o Caribe. “A construção de uma estratégia de comunicação como essa, projetada por e para jovens de populações-chave, é um passo importante para romper as barreiras impostas pelo estigma e discriminação contra eles. De fato, esses jovens estão nos ajudando a construir as pontes necessárias para acessar serviços e cuidados combinados de prevenção ao HIV”.

Jovens da América Latina vivendo com e sem HIV participaram da criação da campanha e do desenvolvimento de todos os materiais de comunicação, que incluem pôsteres, posts para mídias sociais, gifs animados e vídeos. Neles, jovens da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, México, Suriname e Venezuela fazem perguntas a profissionais de saúde sobre profilaxia pré e pós-exposição (PrEP e PEP), infecções sexualmente transmissíveis, a indetectabilidade do vírus, além do papel do estigma e discriminação e da saúde mental na prevenção e no cuidado.

Da mesma forma, em uma série de vídeos, cinco desses jovens que nasceram com o vírus ou o contraíram recentemente em relações homoafetivas narram em primeira pessoa sua experiência de viver com HIV. Eles contam quais são as perguntas que os incomodam, como é sua relação com os serviços e profissionais de saúde e oferecem conselhos a outros jovens para desmistificar o que significa ser HIV positivo.

“Queremos que os médicos nos escutem mais, estejam mais próximos e nos expliquem”, diz Miguel Subero, da Rede de Jovens Positivos do México. "Ter um médico que me ouve, explica e me entende mudou muito meu relacionamento com os serviços de saúde", acrescenta Horacio Barreda, da Rede Argentina. “Os jovens devem saber que (mesmo com HIV) é possível ter uma vida normal, ter parceiro e que não se vai morrer por isso”, alega Aarón Zea, da rede colombiana.