Conexão social é associada à melhoria da saúde e redução do risco de morte prematura

Mãe abraça filho e ambos estão sorrindo
OMS
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Genebra, 30 de junho de 205 – A Comissão sobre Conexão Social da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório global revelando que uma em cada seis pessoas no mundo é afetada pela solidão, com impactos significativos na saúde e no bem-estar. A solidão está associada a cerca de 100 mortes a cada hora — mais de 871 mil mortes por ano. Já conexões sociais fortes podem levar a uma melhor saúde e a uma vida mais longa.

“Neste relatório, desvendamos a solidão e o isolamento como um desafio definidor da nossa época. Nossa Comissão traça um roteiro para construir vidas mais conectadas e destaca o profundo impacto que isso pode ter nos resultados de saúde, educação e economia”, disse Vivek Murthy, copresidente da Comissão de Conexão Social da OMS e ex-Cirurgião-Geral dos Estados Unidos da América.

A OMS define conexão social como as maneiras pelas quais as pessoas se relacionam e interagem com outras pessoas. A solidão é descrita como o sentimento doloroso que surge da lacuna entre as conexões sociais desejadas e as reais, enquanto o isolamento social* se refere à falta objetiva de conexões sociais suficientes.

“Nesta era em que as possibilidades de conexão são infinitas, cada vez mais pessoas se sentem isoladas e solitárias”, ressaltou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Além do impacto que isso causa em indivíduos, famílias e comunidades, se não forem enfrentados, a solidão e o isolamento social continuarão a custar bilhões à sociedade em termos de saúde, educação e emprego. Acolho o relatório da Comissão, que destaca a escala e o impacto da solidão e do isolamento e descreve as principais áreas nas quais podemos ajudar as pessoas a se reconectarem das maneiras mais importantes.”

Escala e causas da solidão e do isolamento social*

A solidão afeta pessoas de todas as idades, especialmente jovens e pessoas que vivem em países de baixa e média renda. Entre 17% e 21% das pessoas de 13 a 29 anos relataram se sentir solitárias, com as taxas mais altas entre adolescentes. E 24% pessoas em países de baixa renda relataram se sentir solitárias — o dobro da taxa em países de alta renda (11%).

“Mesmo em um mundo digitalmente conectado, muitos jovens se sentem sozinhos. À medida que a tecnologia remodela nossas vidas, precisamos garantir que ela fortaleça — e não enfraqueça — a conexão humana. Nosso relatório mostra que a conexão social deve ser integrada a todas as políticas — do acesso digital à saúde, educação e emprego”, afirmou Chido Mpemba, copresidente da Comissão de Conexão Social da OMS e assessora do presidente da União Africana.

Embora os dados sobre isolamento social* sejam mais limitados, estima-se que afete até uma em cada três pessoas idosas e um em cada quatro adolescentes. Alguns grupos, como pessoas com deficiência, refugiados ou migrantes, pessoas LGBTQ+ e grupos indígenas e minorias étnicas, podem enfrentar discriminação e/ou outras barreiras que dificultam a conexão social.

A solidão e o isolamento social* têm múltiplas causas. Por exemplo, má saúde, baixa renda e escolaridade, viver só, políticas públicas e infraestrutura comunitária inadequadas e tecnologias digitais. O relatório destaca a necessidade de vigilância quanto aos efeitos do tempo excessivo de tela ou de interações online negativas sobre a saúde mental e o bem-estar dos jovens.

Impactos na saúde, qualidade de vida e economia

A conexão social pode proteger a saúde ao longo da vida. Pode reduzir inflamações, diminuir o risco de problemas graves de saúde, promover a saúde mental e prevenir a morte precoce. Também pode fortalecer o tecido social, contribuindo para tornar as comunidades mais saudáveis, seguras e prósperas.

Em contraste, a solidão e o isolamento social* aumentam o risco de acidente vascular cerebral (AVC), doenças cardíacas, diabetes, declínio cognitivo e morte prematura. Também afetam a saúde mental, com pessoas solitárias tendo o dobro de probabilidade de desenvolver depressão. A solidão também pode levar à ansiedade e a pensamentos de automutilação ou suicídio.

Os impactos se estendem à aprendizagem e ao emprego. Adolescentes que se sentiam solitários tinham 22% mais chances de obter notas ou qualificações mais baixas. Adultos solitários podem ter mais dificuldade para encontrar ou manter um emprego e podem ganhar menos com o tempo.

Em nível comunitário, a solidão prejudica a coesão social e custa bilhões em perda de produtividade e atenção à saúde. Comunidades com fortes laços sociais tendem a ser mais seguras, saudáveis ​​e resilientes, inclusive em resposta a desastres.

Um caminho para sociedades mais saudáveis

O relatório da Comissão da OMS sobre Conexão Social descreve um roteiro para ação global com foco em cinco áreas principais: política, pesquisa, intervenções, medição aprimorada (incluindo o desenvolvimento de um Índice de Conexão Social global) e engajamento público para mudar normas sociais e reforçar um movimento mundial de conexão social.

Soluções para reduzir a solidão e o isolamento social existem em vários níveis – nacional, comunitário e individual – e variam desde a conscientização e a mudança de políticas nacionais até o fortalecimento da infraestrutura social (por exemplo, parques, bibliotecas, cafés) e o fornecimento de intervenções psicológicas.

A maioria das pessoas sabe como é se sentir sozinho. E cada pessoa pode fazer a diferença com ações simples e cotidianas — como entrar em contato com um amigo necessitado, deixar o celular de lado para estar totalmente presente na conversa, cumprimentar um vizinho, participar de um grupo local ou se voluntariar. Se o problema for mais sério, é importante descobrir apoio e serviços disponíveis para pessoas que se sentem sozinhas.

Os custos do isolamento social e da solidão são altos, mas os benefícios da conexão social são de longo alcance.

Com a divulgação do relatório da Comissão, a OMS chama todos os Estados Membros, comunidades e indivíduos a fazerem da conexão social uma prioridade de saúde pública.

Acesse aqui o relatório completo.

Nota aos editores

O lançamento do relatório segue a primeira resolução sobre conexão social, adotada pela Assembleia Mundial da Saúde (AMS) em maio de 2025, que convoca os Estados Membros a desenvolverem e implementarem políticas, programas e estratégias baseadas em evidências para conscientizar e promover a conexão social positiva para a saúde mental e física. Na Assembleia, a OMS também anunciou uma nova campanha chamada "Knot Alone" (“Você não está só”, em tradução livre ao português) para promover a conexão social com vistas a uma saúde melhor.

Como parte de seus esforços mais amplos, a OMS também lançou a série “Social Connection” (“Conexão Social”, em português) para explorar a experiência vivida de solidão e isolamento social*. Saiba mais sobre a série aqui.

*OBSERVAÇÃO: no Brasil, o termo “isolamento social” foi usado entre 2020 e 2022 para se referir a uma medida não farmacológica de prevenção à COVID-19 que consistia em manter distanciamento físico entre pessoas; o relatório global define “isolamento social” como a falta objetiva de conexões sociais suficientes.