Intervenções locais são cruciais para atingir o objetivo de eliminação da malária

Voluntários tratam a água parada

Washington D.C., 4 de novembro de 2022 (OPAS) – Como a malária continua ameaçando a vida de cerca de 138 milhões de pessoas na região, no período que antecede o Dia da Malária nas Américas a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apela aos países para que se concentrem na vigilância e resposta em nível local para combater a raiz da doença.

Apesar dos avanços na eliminação da malária nas Américas desde 2010, o progresso foi prejudicado por um aumento sustentado dos casos entre 2014 e 2019. Quando os casos começaram a cair novamente a partir de 2020-2021, a pandemia da COVID-19 afetou a resposta à malária, interrompendo os testes, a vigilância e as ações de controle vetorial, particularmente entre as populações rurais.

"Para que as Américas permaneçam no caminho da eliminação da malária, os países devem adaptar e manter intervenções baseadas em dados locais e tendências da doença", disse o Massimo Ghidinelli, diretor interino para Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais de Saúde na OPAS. "Contexto é tudo quando se trata de malária". Iniciativas de larga escala não levam em consideração fatores como as populações rurais e a migração, que são importantes motores da doença".

As intervenções recomendadas pela OPAS incluem o fortalecimento da vigilância local para garantir o desenvolvimento de dados precisos e descentralizados sobre as tendências da doença; métodos de prevenção da malária, tais como o controle de vetores que têm como alvo as comunidades rurais, remotas e migratórias; e melhoria do acesso local aos serviços de diagnóstico e tratamento.

Ghidinelli destacou que os países também devem trabalhar juntos e em todos os setores, pois a malária não é apenas uma questão de saúde, mas que também está ligada à economia, ao trabalho e ao meio ambiente.

"A migração econômica de áreas endêmicas é um grande motor da malária em nossa região e os mosquitos não conhecem fronteiras", disse ele. "A eliminação só pode ser alcançada se as Américas consolidarem os esforços para alcançar a meta de zero malária".

Malária nas Américas

A malária é uma doença potencialmente fatal causada pelo parasita Plasmodium, transmitido pela picada de um mosquito Anopheles infectado. O uso de redes tratadas com inseticidas em casa e a pulverização de inseticidas em interiores são algumas das medidas preventivas recomendadas para aqueles que vivem em áreas endêmicas de malária. Embora a malária seja curável, se não for tratada, pode levar a complicações renais, cerebrais e até mesmo à morte.

Nas Américas, 138 milhões de pessoas vivem em áreas em risco de transmissão da malária e em 2021 o número total de casos chegou a 520 mil.

Nos últimos cinco anos, três países foram certificados como livres de malária pela Organização Mundial da Saúde (OMS): Argentina, El Salvador e Paraguai. Em 2021, Belize relatou zero caso de malária pelo terceiro ano consecutivo, colocando o país no caminho certo para solicitar a certificação de país livre de malária. Espera-se que outros países da região alcancem a eliminação até 2025.

Embora o número de infecções por malária tenha diminuído durante a pandemia de COVID-19, isso ocorreu em parte às restrições de mobilidade impostas pelos países como parte das medidas de saúde pública recomendadas. A medida que as restrições diminuíram, os países precisam renovar seu compromisso com a eliminação da malária a fim de enfrentar os desafios colocados pela retomada da migração econômica na região.

O Dia da Malária nas Américas é comemorado todos os anos no dia 6 de novembro para marcar as conquistas dos países da região em relação à eliminação da malária. O tema de 2022 é "Atingir a meta de zero malária".

Em dezembro, a OPAS celebrará 120 anos de trabalho ativo no campo da saúde pública nas Américas.