Em meio à pandemia de COVID-19, novo relatório da OMS pede investimento urgente em profissionais de enfermagem

nuse

8 de abril de 2020 – A pandemia de COVID-19 ressaltou de maneira comovente o papel essencial que enfermeiras, enfermeiros e outros profissionais de saúde desempenham para proteger a saúde das pessoas e salvar vidas. Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), intitulado The State of the World’s Nursing 2020 (O Estado da Enfermagem no Mundo 2020, em tradução livre ao português), pede mais investimentos em educação, condições de trabalho e liderança para profissionais de enfermagem, fortalecendo suas contribuições aos sistemas de saúde.

“Todos os dias, estamos vendo a coragem, a habilidade e a dedicação de enfermeiras, enfermeiros e outros profissionais de saúde enquanto atuam bravamente na linha de frente da pandemia de COVID-19”, afirmou Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

“As enfermeiras e enfermeiros sempre estiveram na vanguarda de salvar vidas e cuidar das pessoas. Mas nunca antes seu valor foi mais claro do que é agora. Esses profissionais merecem não apenas nossa gratidão, mas também apoio tangível para garantir que sejam capazes de contribuir ao máximo com suas habilidades.”

O relatório foi elaborado pela OMS em parceria com o Conselho Internacional de Enfermeiras (ICN) e a campanha Nursing Now. Foi lançado no Dia Mundial da Saúde deste ano, destacando as contribuições e os desafios que quase 28 milhões de enfermeiras e enfermeiros do mundo enfrentam – mais da metade de todos os trabalhadores de saúde em todo o mundo. O chamado à ação é claro: os governos precisam investir massivamente no ensino de enfermagem, criando empregos e promovendo a liderança desses profissionais para garantir que haverá profissionais de enfermagem suficientes com as competências adequadas para sistemas de saúde eficazes, equitativos e sustentáveis.

Enfermagem nas Américas

A Região das Américas abriga 30% das enfermeiras e enfermeiros do mundo, ou seja, cerca de 8,4 milhões de pessoas, das quais 87% são mulheres. Em média, a Região possui 83,4 enfermeiros por 10.000 habitantes, mais do que o dobro da média global de 36,9 por cada 10.000.

O cenário, no entanto, oculta disparidades extremas na disponibilidade de enfermeiros em diferentes países. Oitenta e sete por cento de todas as enfermeiras e enfermeiros das Américas estão concentradas em apenas três países: Brasil, Canadá e Estados Unidos, que representam, juntos, 57% da população total da Região. Isso se traduz em uma densidade de 80 enfermeiros por cada 10.000 habitantes nesses três países, mas contrasta fortemente com os menos de 10 enfermeiros por 10.000 habitantes no Haiti, Bolívia e República Dominicana.

A Região das Américas também possui grandes disparidades na distribuição de enfermeiras e enfermeiros nos países. Nos 35 Estados Membros da OPAS que informaram dados sobre distribuição, apenas 36% dos profissionais de enfermagem estão localizados em áreas rurais, apesar de 50% da população residir nessas áreas.

A disponibilidade de profissionais de enfermagem também é complicada pelo fato de vários países, especialmente no Caribe, serem exportadores de enfermeiras e enfermeiros.

Cobrindo a lacuna da enfermagem

Nas Américas, cerca de 30% da força de trabalho de enfermagem tem 55 anos ou mais, e espera-se que quase um quarto dos enfermeiros se aposente nos próximos 10 anos. Embora existam atualmente 1,2 jovens enfermeiras e enfermeiros disponíveis para substituir cada aposentado, essa taxa de substituição será insuficiente para acompanhar o crescimento da população.

Em nível global, o relatório prevê que a atual escassez de cerca de 5,9 milhões de enfermeiras e enfermeiros aumentará, já que 1 em cada 6 profissionais da área em todo o mundo deve se aposentar nos próximos 10 anos.

Para cobrir essa lacuna até 2030, o relatório indica que os países precisarão aumentar em 8% o número de graduados em enfermagem a cada ano e garantir que possam encontrar empregos e serem retidos pelos sistemas de saúde. Isso exigirá investimentos para expandir as oportunidades de educação e capacitação, aumentar a remuneração e melhorar suas condições de trabalho. O financiamento dessas medidas custaria cerca de US$ 10 per capita por ano.

O relatório também recomenda outras áreas de ação para promover a força de trabalho da enfermagem, incluindo o desenvolvimento de habilidades de liderança na enfermagem e a criação de novos papeis, com oportunidades para exercitar essas habilidades nos sistemas de saúde. Políticas sensíveis ao gênero também são importantes para a retenção, uma vez que 9 em cada 10 profissionais de enfermagem em todo o mundo são do sexo feminino. Por exemplo: oferecer horários de trabalho mais flexíveis ajudaria a satisfazer as novas necessidades de mulheres enfermeiras durante suas carreiras.

“Sabemos que é necessária uma mudança transformacional para preencher a lacuna na enfermagem e capacitar os profissionais a realizarem plenamente seu potencial em nossos sistemas de saúde”, disse James Fitzgerald, diretor de Serviços e Sistemas de Saúde da OPAS. "Este relatório explica não apenas o que precisamos fazer, mas por que devemos fazê-lo agora para ajudar a acelerar o progresso em direção à saúde universal".

LINKS:

Clique aqui para acessar o perfil do Brasil