Uma grande tempestade no horizonte: a carga macroeconômica e de saúde das doenças não transmissíveis e dos problemas de saúde mental na América do Sul

Uma grande tempestade no horizonte: a carga macroeconômica e de saúde das doenças não transmissíveis e dos problemas de saúde mental na América do Sul

Visão geral

As DNTs, como doenças cardiovasculares, cânceres, diabetes e doenças respiratórias crônicas, e os problemas de saúde mental, como a doença de Alzheimer e demências relacionadas, depressão, ansiedade e transtornos do espectro autista, são a principal causa mundial de doenças, incapacidades e mortes preveníveis. Este relatório analisa os perigos decorrentes das taxas atuais e crescentes de doenças não transmissíveis (DNTs) e problemas de saúde mental na América do Sul, indo além de seus riscos para a saúde e demonstrando seu impacto negativo considerável sobre o crescimento econômico. Foi desenvolvido um modelo analítico para fazer projeções dos efeitos macroeconômicos das DNTs e dos problemas de saúde mental no período de 2020 a 2050 em 10 países da América do Sul: Argentina, Bolívia (Estado Plurinacional da), Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela (República Bolivariana da). Os resultados mostraram que o impacto macroeconômico das DNTs e dos problemas de saúde mental aponta para déficits econômicos significativos na América do Sul. De modo geral, o total de perdas do produto interno bruto (PIB) devido a DNTs e problemas de saúde mental na América do Sul chega a US$ 7,3 trilhões (dólares internacionais de 2022) no período de 2020 a 2050. Isso equivale a 4% do PIB total dessa sub-região. Em outras palavras, caso as DNTs e os problemas de saúde mental fossem eliminados, o PIB anual seria cerca de 4% maior a cada ano durante 30 anos. Observou-se um efeito econômico negativo considerável das DNTs e dos problemas de saúde mental em todos os países sul-americanos estudados, com déficits econômicos que variam de US$ 88 bilhões no Uruguai a US$ 3,7 trilhões no Brasil. As maiores perdas de produção estão no Brasil, na Argentina e na Colômbia, os países com as maiores populações da sub-região e com os maiores impactos negativos esperados sobre a saúde devido às DNTs e aos problemas de saúde mental, conforme medido em termos do total de anos de vida ajustados por incapacidade. O relatório também aborda as opções de medidas para mitigar o impacto na saúde e na economia. Os formuladores de políticas devem ser incentivados a adotar medidas urgentes, que devem incluir, por exemplo, prevenção, saúde universal, reforma dos cuidados de longa duração, reformulação dos sistemas de saúde, avaliações mais rigorosas das tecnologias em saúde e inovação e políticas de atenção à saúde que respondam às necessidades. Os ministros da Saúde, juntamente com os ministros da Fazenda, do Planejamento e outras autoridades governamentais da América do Sul, são instados a atentar para este alerta e a dedicar os recursos necessários — começando imediatamente e com investimentos consistentes e adequados no futuro — para encarar de frente o desafio das DNTs e dos problemas de saúde mental.