Novo relatório da OPAS relata progresso na luta contra o tabagismo nas Américas

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Cerca de 300 milhões de pessoas a mais que em 2007 estão agora protegidas por pelo menos uma medida de controle do tabaco, mas os cigarros eletrônicos e a interferência da indústria do tabaco ameaçam os êxitos.

Washington, D.C., 15 de agosto de 2022 (OPAS) – Cerca de 900 milhões de pessoas, ou 96% da população de 35 países das Américas, estão atualmente protegidas por pelo menos uma das seis medidas de controle do tabaco recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 50% a mais do que em 2007. No entanto, o progresso não tem sido uniforme.

De acordo com o Relatório sobre o Controle de Tabaco para a Região das Américas 2022 da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), apresentado nesta segunda-feira (15), 26 dos 35 países da região atingiram o nível mais alto de aplicação de pelo menos uma das medidas, mas em outras, como o aumento dos impostos sobre o tabaco, observa-se um avanço mais lento, e nove países ainda não adotaram nenhuma medida.

“O tabaco causa quase um milhão de mortes por ano na região e é o único produto de consumo legal que mata até metade dos que o consomem”, afirmou Anselm Hennis, diretor do Departamento de Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da OPAS. “Diante dessa enorme ameaça, a resposta deve ser igualmente agressiva. As medidas de controle de tabaco funcionam e devemos avançar mais rapidamente na aplicação de todas elas”.

Assim, o relatório mostra que, em 2021, de 35 países das Américas:

  • 24 aplicam medidas de proteção contra a exposição ao fumo passivo do tabaco
  • 22 usam advertências sanitárias gráficas grandes sobre os perigos de fumar em embalagens de produtos de tabaco
  • 10 possuem sistemas de vigilância com dados recentes, periódicos e representativos sobre o uso de tabaco entre adultos e jovens
  • 6 oferecem um sistema abrangente para ajudar as pessoas a pararem de fumar
  • 9 estabelecem proibições totais de publicidade, promoção e patrocínio
  • 3 aplicam impostos indiretos a cigarros que representam 75% ou mais de seu preço de venda no varejo.

Os avanços na aplicação dessas seis medidas, conhecidas como MPOWER e instituídas pela OMS em 2008, contribuíram para a redução do número de consumidores, que caiu de 28% da população da região em 2000 para 16,3% em 2020, a segunda menor prevalência no mundo. Além disso, em 2020, a América do Sul se tornou a primeira sub-região livre de fumo nas Américas, ou seja, onde é absolutamente proibido fumar em locais públicos, ambientes de trabalho fechados e no transporte público.

O tabagismo é o principal fator de risco para seis das oito principais causas de morte no mundo, bem como para as quatro doenças crônicas não transmissíveis mais evitáveis e prevalentes: doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e enfermidades respiratórias crônicas. Todas as formas de tabaco são prejudiciais à saúde e não há nível seguro de exposição.

Enfrentando a ameaça de novos produtos

O relatório da OPAS adverte que produtos novos e emergentes de tabaco e nicotina, como cigarros eletrônicos, estão cada vez mais disponíveis e acessíveis, representando uma ameaça ao controle do tabaco. Alerta, também, que a indústria do tabaco usa alegações enganosas para conquistar consumidores e novos mercados.

A OPAS/OMS recomenda que os governos estabeleçam regulamentações para evitar que não fumantes comecem a usar esses produtos, evitar que o uso do tabaco volte a ser normal na sociedade e proteger as gerações futuras.

Atualmente, a venda de sistemas eletrônicos de entrega de nicotina é proibida em sete países das Américas. Cinco deles e outros 13 tomaram algumas medidas parciais para proibir seu uso, limitar sua publicidade, promoção e patrocínio ou exigir advertências sanitárias em suas embalagens. Quinze outros não possuem nenhum tipo de marco regulatório.