No Brasil, OPAS lança Semana de Vacinação nas Américas e insta países da região a se unirem para deter o sarampo

sarampion

22 de abril de 2019 – Sob o lema “Proteja sua comunidade. Faça sua parte. #VacineSe”, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou nesta segunda-feira (22), no Brasil, a décima sétima edição da Semana de Vacinação nas Américas. Neste ano, a iniciativa é celebrada entre os dias 20 e 27 de abril e conta com a participação de 45 países e territórios da região. É a segunda vez que o Brasil sedia o lançamento da iniciativa. Em 2011, a inauguração regional teve lugar em Manaus, capital do Amazonas, e na fronteira entre Peru e Bolívia.

A diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, abriu a Semana comemorando o fato de mais de 740 milhões de pessoas já terem sido vacinadas contra uma ampla gama de doenças no marco da iniciativa.

“Dezessete anos não só nos permitiram alcançar e proteger mais pessoas por meio da imunização e, consequentemente, salvar vidas, mas também nos aprimorar e beneficiar das muitas lições aprendidas ao longo do tempo”
Carissa F. Etienne

As Américas têm liderado historicamente o caminho de eliminação de várias doenças preveníveis por vacinação. Foi a primeira região do mundo a erradicar a varíola, em 1974; e a eliminar a poliomielite (1994), a rubéola e síndrome da rubéola congênita (2015) e o sarampo (2016). No entanto, segundo Etienne, o ressurgimento dos surtos de sarampo e difteria, assim como a ocorrência da febre amarela, são desafios que precisam ser enfrentados na região. “O sarampo permanece como um problema de saúde pública em todas as outras regiões da Organização Mundial da Saúde e casos importados têm sido uma significante ameaça aos países das Américas, onde mais de 17 mil casos foram registrados desde 2017”, assinalou.

A diretora da OPAS parabenizou o Brasil por ter colocado o aumento da cobertura vacinal como uma de suas 35 prioridades estratégicas de saúde. “O programa de imunização brasileiro é um dos pilares mais sólidos do Sistema Único de Saúde – o SUS. Não apenas contribuiu para a erradicação da varíola e da poliomielite nas Américas, mas também foi responsável por uma redução significante de doenças e complicações – uma conquista altamente louvável”, afirmou.

Dr. Carissa F. Etienne , ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta
Dra. Carissa F. Etienne com ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta

Para interromper os surtos de sarampo na região, é fundamental que os países consigam aumentar a cobertura de vacinação para que pelo menos 95% de toda a população receba 2 doses da vacina contra o sarampo, incluindo profissionais de saúde e populações em situações vulneráveis. “Nós podemos interromper a transmissão do sarampo. Somente trabalhando juntos, além das fronteiras e no verdadeiro espírito pan-americano”, ressaltou a diretora da OPAS.

O ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, evidenciou os esforços empenhados pelo país para o aumento da cobertura vacinal e fez um chamado aos países das Américas e de outras regiões para cooperar e garantir que todas as populações sejam imunizadas. “O Brasil convoca a comunidade internacional para que o mundo se una em torno da vacinação. Os desafios não são somente do sistema de saúde brasileiro, são desafios da humanidade”, pontuou.

De acordo com Mandetta, o Brasil trabalha em uma série de ações para garantir que cada vez mais pessoas estejam protegidas de doenças como o sarampo a pólio. Em breve, o Ministério da Saúde do país deve informatizar os cartões de vacinação por meio de um aplicativo, com o intuito de facilitar o acompanhamento do calendário durante o curso de vida, entre outras medidas.

Também participaram do evento delegados dos Ministérios da Saúde da Colômbia, Bolívia, Argentina, Paraguai e Estados Unidos, assim como representantes da Rotary International e do Grupo Técnico Assessor de Imunização para a região.

Sobre a SVA

A Semana de Vacinação nas Américas teve início em 2003 como parte da resposta a um surto endêmico de sarampo na Região, que ocorreu entre a Venezuela e a Colômbia em 2002. Para evitar esse tipo de emergência no futuro, os ministros da saúde de países andinos propuseram a criação de uma iniciativa internacional de imunização coordenada. Desde sua criação, a SVA tem sido um dos principais impulsionadores do progresso em imunização na região das Américas e, a cada ano, oferece a oportunidade de destacar o trabalho essencial dos programas nacionais de imunização.

Após o sucesso inicial da Semana nas Américas, as outras regiões da OMS começaram a criar sua própria semana regional de vacinação. Este movimento global culminou na criação da Semana Mundial de Imunização (WIW) em 2012. A WIW foi aprovada na 65ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), em maio de 2012, por meio da Resolução 65.18, e é realizada oficialmente durante a última semana de abril de cada ano.

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Semana de Vacinação em números:

  • Ao menos 20 países planejam vacinar mais de 2,25 milhões de crianças e adultos contra o sarampo (Anguilla, Bahamas, Barbados, Belize, Ilhas Virgens Britânicas, Colômbia, Costa Rica, Dominica, El Salvador, Granada, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Paraguai, St. Maarten, Suriname, Ilhas Turks e Caicos e Uruguai).
  • O Brasil implementou uma campanha massiva contra a gripe, visando alcançar 50 milhões de pessoas.]Outros 11 países (Chile, Colômbia, República Dominicana, El Salvador, Granada, Honduras, Jamaica, Paraguai, Peru, Santa Lúcia e Trinidad e Tobago) também realizarão campanhas contra a gripe dirigidas a vários grupos – em preparação ao aumento da circulação do vírus nos próximos meses.
  • Ao menos quatro países (Bolívia, Brasil, Colômbia e Equador) estão incluindo a vacinação contra a febre amarela em áreas de risco para a doença.
  • Cerca de 18 países e territórios – incluindo Belize, Bermudas, Barbados, Bonaire, Guatemala, Honduras, Jamaica, Panamá, Paraguai, St. Maarten, Trinidad e Tobago e Uruguai, planejam vacinar adolescentes contra o HPV, realizar ações promocionais e atividades educacionais.
  • Neste ano, 16 países buscam atingir populações em situação de vulnerabilidade, incluindo gestantes e puérperas, trabalhadores da saúde, idosos, populações indígenas, portadores de doenças crônicas, pessoas privadas de liberdade e trabalhadores penitenciários, entre outros grupos de risco ocupacional e populações vulneráveis.
  • Vários países concentrarão seus esforços na proteção de profissionais de saúde ocupacional contra uma série de doenças, como hepatite B, tétano e gripe.
  • Como parte do Mês de Vacinação dos Povos Indígenas do Brasil, um esforço conjunto do Programa Nacional de Imunização e do Departamento de Saúde Indígena, o objetivo é atualizar os calendários de vacinação de aproximadamente 695.782 pessoas em comunidades indígenas, além de administrar a dose anual da vacina da gripe. Esse esforço contará com a participação de cerca de 3.500 profissionais de saúde.

Crédito da foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde