OPAS ressalta importância de mais financiamento público para saúde no Fórum Brasil-OCDE

Participantes do Fórum Brasil-OCDE sobre saúde

Brasília, 24 de junho de 2022 (OPAS) – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) participou nesta quarta-feira (22) do Fórum Brasil-OCDE, evento organizado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) entre 20 e 24 de junho para promover discussões sobre o Brasil, a América Latina e o Caribe em uma ampla gama de tópicos, incluindo a saúde.

Na sessão “Mobilizando financiamento para uma cobertura de saúde universal de alta qualidade no Brasil”, Ernesto Bascolo, assessor de Governança de Saúde, Liderança, Política e Planejamento da OPAS, ressaltou que mais financiamento nos sistemas de saúde dos países das Américas são necessários para construir sistemas resilientes. “Temos como referência fundamental uma estratégia de fortalecimento dos serviços de saúde, buscando sistemas resilientes, ainda mais neste momento, em que há aspectos relacionados a aumentar o financiamento e gerar condições de proteção social, focando no modelo do primeiro nível de atenção e melhorando as condições de acesso”, afirmou Bascolo.

Francesca Colombo, chefe de Divisão de Saúde da OCDE, elogiou o progresso feito pelo Brasil nos últimos 20 anos no aumento da expectativa de vida dos brasileiros. “O progresso foi muito maior do que na expectativa de vida que vimos em outros países da OCDE. Há muito investimento no SUS, na atenção primária, saúde da família, estratégias e grande ajuda para diminuir o gasto da população com saúde do próprio bolso. Quando olhamos para o país, que é muito complexo, temos muito o que ficar felizes”. Colombo apresentou os resultados de dois relatórios da Organização, “Estudo da OCDE da Atenção Primária à Saúde no Brasil” e “Estudos da OCDE sobre os Sistemas de saúde: Brasil 2021”.

De acordo com Edson Araújo, economista sênior do Banco Mundial, é necessário ir além de garantir mais financiamento em saúde; é preciso investir na eficiência e sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro – assegurando assim a proteção social. “Gastos diretos com saúde representam 13% dos gastos das famílias no Brasil. Nossa estimativa é que 10 milhões de brasileiros entram abaixo da linha da pobreza devido a esses gastos, a maioria com medicamentos”, enfatizou Araújo. Para ele, a pandemia mostrou que alguns desafios estruturais foram exacerbados e isso ajudará a repensar sistemas de saúde nas próximas décadas.

Durante o evento, o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, exaltou a trajetória do SUS, criado pela Constituição Federal de 1988. “O Brasil ousou, há mais de 30 anos, ser um país continental, com mais de 100 milhões de habitantes, e optar pelo acesso igualitário, integral e gratuito à saúde – o que é absolutamente contemporâneo e arrojado. Essa pandemia mostrou o acerto da decisão dos constituintes”. Segundo o ministro, o maior desafio não “é apenas buscar mais recursos para a saúde, mas melhorar a eficiência da gestão para que esses recursos possam se converter em mudanças de desfechos e melhoria dos indicadores de saúde pública”, declarou.

Rafael Parente, secretário da Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, complementou a fala do ministro ressaltando que o aprimoramento e fortalecimento da atenção primária tem sido uma prioridade do Ministério da Saúde enquanto política pública: “Sabemos o quanto uma atenção primária forte prioriza e otimiza recursos e, com isso, consegue evitar maiores gastos em hospitais e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento)”.

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