Brasil, Chile e El Salvador compartilham avanços rumo à eliminação do câncer de colo do útero em webinar da OPAS

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Brasília, 18 de novembro de 2025 – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) realizou, nesta segunda-feira (17/11), o webinar “Rumo à Eliminação do Câncer do Colo do Útero nas Américas”, marcando o lançamento oficial do Dia Mundial de Eliminação do Câncer do Colo do Útero e de novas ferramentas regionais para acelerar o enfrentamento da doença. A eliminação do câncer do colo do útero é um tema prioritário para a OPAS, que trabalha junto aos países para ampliar a vacinação, fortalecer o rastreamento e garantir tratamento oportuno.

O evento destacou experiências bem-sucedidas do Brasil, Chile e El Salvador e os planos de eliminação para a América Latina e o Caribe.

O diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, reforçou a urgência da ação coordenada destacando o impacto da doença e as metas para 2030. “O câncer do colo do útero é prevenível e curável, mas ainda é uma das principais causas de morte por câncer entre as mulheres. Mais de 708 mil mulheres foram diagnosticadas com câncer do colo do útero na Região das Américas no último ano, e quase 40 mil perderam suas vidas para a doença”.

Jarbas Barbosa ressaltou ainda o papel da OPAS no fortalecimento da capacidade regional. “Manter e acelerar o progresso exige garantir acesso equitativo às ferramentas necessárias para a prevenção, detecção e tratamento. Atualmente, os Estados Membros podem adquirir vacinas contra o HPV e testes de rastreamento de HPV por meio dos Fundos Rotatórios Regionais da OPAS”.

O Brasil vem realizando um trabalho expressivo na agenda de eliminação. Durante o webinar o ministro da Saúde, Alexandre Padilha apresentou as principais ações do país de vacinação, rastreamento organizado e expansão da oferta de tratamento.

“Nenhuma mulher deveria temer a uma doença evitável, por isso a nossa meta é vacinar 90% das meninas. São mais de 38 mil salas de vacina integradas à Atenção Primária, que é o fio condutor da nossa política de prevenção. Em cada uma dessas salas, nossos profissionais, em sua maioria mulheres, acolhem, vacinam, testam e acompanham as pacientes ao longo de toda a linha de cuidado”, afirmou o ministro Padilha. 

A vacinação é uma das principais ações para prevenir e eliminar a doença. Atualmente, a cobertura vacinal alcança mais de 82% das meninas e cerca de 67% dos meninos entre 9 e 14 anos. O Brasil introduziu a vacina contra o HPV para meninas em 2014 e, em 2017, ampliou a imunização para meninos, fortalecendo a equidade de gênero em saúde. Desde abril de 2024, o país adota a dose única da vacina HPV para adolescentes, alinhado às recomendações da OMS e da OPAS. Em 2025, a faixa etária foi temporariamente ampliada até 19 anos para garantir a vacinação de todos os adolescentes. 

O ministro Alexandre Padilha destacou ainda o desenvolvimento tecnológico nacional e sua importância regional, como o teste molecular DNA-HPV, desenvolvido integralmente pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e lançado este ano para fortalecer a estratégia de rastreamento. 

“Sem o apoio da OPAS, não seria possível termos alcançado o resultado positivo de hoje termos uma tecnologia 100% nacional com novos manuais de implementação. Estamos à disposição do esforço regional liderado pela OPAS para mais acesso a tecnologias para os países das Américas”, ressaltou detalhando que este novo modelo de rastreamento começou em 12 estados do Brasil, como projeto inicial e será expandido para todo território nacional até o final de 2026.

O teste molecular DNA-HPV detecta 14 genótipos do HPV e discrimina genótipos HPV-16 e HPV-18, reconhecidos como maiores causadores de câncer do colo do útero, identificando a presença do vírus no organismo antes da ocorrência de lesões ou câncer em estágios iniciais.

O encontro reuniu ministros da Saúde, especialistas, pesquisadores, organizações internacionais e representantes da sociedade civil, reforçando o compromisso coletivo para que as Américas sejam a primeira região do mundo a eliminar o câncer do colo do útero.

O câncer de colo do útero é uma das enfermidades incluídas na Iniciativa da OPAS de Eliminação de Doenças.

Dia Mundial de Eliminação do Câncer do Colo do Útero

Celebrado anualmente em 17 de novembro, o Dia Mundial de Eliminação do Câncer de Colo do Útero chama a atenção para a prevenção e mobilização de esforços nos países para a eliminação da doença como um problema de saúde pública.

Entre as ações no Brasil, o Museu da Vacina do Instituto Butantan, em São Paulo, e Palácio do Buriti, em Brasília, foram iluminados em cor teal (verde azulado). A iniciativa do Illumination Day, que ilumina monumentos em todo o mundo, integra o Movimento Brasil sem Câncer de Colo de Útero, articulado pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), em parceria com diversas sociedades médicas, ONGs de pacientes, instituições científicas e com o apoio da OPAS e da OMS.

Estratégia de eliminação do câncer de colo do útero

A Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para eliminação do câncer de colo do útero está orientada a partir de três pilares: vacinação, rastreamento e tratamento. Para alcançar as metas estabelecidas, é necessário garantir até 2030 que 90% das meninas estejam vacinadas contra o HPV até os 15 anos; que 70% das mulheres sejam submetidas ao rastreamento organizado aos 35 e 45 anos com o teste de HPV; e que 90% das mulheres diagnosticadas com lesões precoces ou câncer invasivo tenham acesso ao tratamento oportuno.