Relatório Anual do Diretor da OPAS destaca avanços em segurança sanitária, eliminação de doenças e atenção primária à saúde

Vacinação de uma criança

Washington, D.C., 29 de setembro de 2025 (OPAS) – O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, apresentou, nesta segunda-feira (29/09), o Relatório Anual na abertura do 62º Conselho Diretor, destacando importantes avanços em segurança sanitária, eliminação de doenças, atenção primária à saúde e saúde digital — apesar dos muitos desafios enfrentados no último ano.

“Este relatório mostra como a ação coletiva pode melhorar a saúde e o bem-estar em toda a nossa Região”, afirmou Jarbas Barbosa. “Hoje, a preparação e a resiliência são pilares essenciais da saúde pública.”

Abrangendo o período de julho de 2024 a junho de 2025, o relatório reúne os principais esforços regionais para melhorar a saúde e o bem-estar, fortalecer os sistemas de saúde e ampliar a capacidade de resposta a emergências, com base nas lições aprendidas durante a pandemia de COVID-19.

Resposta a emergências e principais conquistas

No último ano, a OPAS respondeu a mais de 38 emergências de saúde, incluindo epidemias de dengue, Mpox e influenza aviária, bem como desastres naturais, como o furacão Beryl. A Organização também entregou 25 toneladas de suprimentos médicos a 23 países e territórios, incluindo 14,5 toneladas ao Haiti, como parte de sua resposta ao cólera e à crise humanitária em curso no país.

“Diante de uma epidemia recorde de dengue, do ressurgimento do sarampo e da disseminação da influenza aviária, a OPAS esteve firmemente ao lado dos países para apoiar uma resposta rápida”, enfatizou o Jarbas Barbosa.

Dr. Jarbas Barbosa presenting the Director's Annual Report during the 62nd Directing Council

Os esforços de inteligência epidêmica da OPAS — um dos pilares da segurança sanitária — detectaram mais de 2,7 milhões de informações sobre potenciais eventos de saúde pública, resultando em mais de 1.800 relatórios críticos de inteligência e mais de 1.900 alertas precoces para enfrentar ameaças como H5N1, vírus Oropouche e febre amarela.

No âmbito da Iniciativa de Eliminação de Doenças, a Região recuperou o status de livre do sarampo, com o Brasil sendo reverificado em 2024. No entanto, surtos em vários países agora ameaçam reverter esse progresso.

Outras conquistas importantes incluíram: o Suriname tornando-se o primeiro país amazônico a ser certificado como livre da malária, em junho de 2025; o Brasil eliminando a filariose linfática como problema de saúde pública; e novos pedidos de verificação de eliminação submetidos pelo Brasil (para a transmissão vertical do HIV) e pelo Chile (para hanseníase).

Atenção primária à saúde, DCNTs e saúde digital

A iniciativa Melhor Cuidado para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), lançada em 2023, expandiu-se rapidamente, com a implementação do HEARTS em mais de 7 mil centros de atenção primária em 26 países.

Além disso, a Aliança para a Atenção Primária à Saúde, em parceria com o Banco Mundial e o BID  (BID), permitiu que Chile, República Dominicana e El Salvador firmassem acordos para investir na melhoria dos serviços de saúde integrados. Em El Salvador, por exemplo, foi lançado um projeto de 120 milhões de dólares para ampliar o acesso à atenção primária.

Por meio da Rota Pan-Americana de Saúde Digital e da plataforma de telessaúde, foram levados serviços essenciais a áreas desassistidas, incorporando ferramentas como avaliações de prontidão para o uso de inteligência artificial em saúde pública.

Inovação, produção regional e futuro da força de trabalho em saúde

Os Fundos Rotatórios Regionais facilitaram a aquisição de 159 milhões de vacinas, 9 milhões de testes diagnósticos e 3,5 milhões de tratamentos, enquanto a Região avançou rumo à autossuficiência na produção de vacinas, medicamentos e tecnologias. Destacam-se a produção da vacina pneumocócica PCV20 na Argentina e o desenvolvimento de vacinas de mRNA na Argentina e no Brasil.

A OPAS também lançou uma Iniciativa de Medicamentos de Alto Custo para melhorar o acesso a tratamentos para câncer, esclerose múltipla e doenças raras.

Olhando para o futuro, o diretor da OPAS alertou sobre a necessidade urgente de formar mais profissionais de saúde, diante de uma possível escassez de 600 mil profissionais até 2030. Nesse contexto, mais de um milhão de novos usuários acessaram o Campus Virtual de Saúde Pública da OPAS.

Transformação institucional e cooperação

A iniciativa “OPAS Adiante” modernizou os processos internos, gerando mais de 3 milhões de dólares em receitas adicionais e reduzindo riscos financeiros. Também houve avanços na Iniciativa de Serviços Compartilhados, voltada a tornar mais eficientes as operações administrativas.

Durante o período, a OPAS assinou 51 acordos de cooperação com novos parceiros financeiros e não financeiros e adotou 22 estratégias de trabalho conjunto com países e sub-regiões.

“Este ano demonstrou que o progresso em saúde se alcança por meio da colaboração contínua”, concluiu Jarbas Barbosa. “Estamos construindo uma Região mais forte e melhor preparada para proteger a saúde agora e no futuro.”