Diretora da OPAS pede que ministros da Saúde reorganizem serviços para atender pacientes com COVID-19 e salvar vidas

18 March video conference

18 de março de 2020 – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, pediu nesta quarta-feira (18) que todos os países das Américas adotem medidas urgentes para reorganizar seus serviços de saúde e proteger profissionais de saúde para que possam atender com segurança pacientes infectados pelo novo coronavírus e salvar vidas.

"A mensagem é clara: agora é a hora de os países aumentarem sua capacidade de detectar casos, cuidar de pacientes e garantir que os hospitais tenham o espaço, suprimentos e funcionários necessários para prestar os atendimentos", afirmou Etienne durante sua teleconferência semanal com os ministros da Saúde da Região das Américas.

Etienne encorajou os líderes da saúde a envolverem cidadãos e outros setores no apoio às ações de saúde pública. "Se todos colaborarem, não é tarde demais para conter a situação, achatar a curva epidêmica e, assim, evitar sobrecarregar os serviços de saúde para que possam oferecer os cuidados necessários a todas as pessoas que precisam."

Desde o início da epidemia de COVID-19, em 31 de dezembro de 2019, até 17 de março de 2020, foram registrados 191.127 casos e 7.807 mortes em todo o mundo. A maioria dessas mortes ocorreu na China, Itália, Irã, Espanha e França. Até ontem (17), 37 países e territórios das Américas notificaram 5.944 casos e 19 mortes em função da doença.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dados recentes indicam que 81% dos casos de COVID-19 são relativamente leves; 14% evoluem para doenças mais graves; e cerca de 5% se tornam críticos, exigindo tratamento de apoio, como oxigênio e ventilação mecânica. Idade avançada e condições médicas pré-existentes são fatores de risco para casos graves.

O aumento do fluxo de pacientes que necessitam de atenção médica para a COVID-19 pode sobrecarregar a capacidade dos hospitais de prestar atendimento a todos que precisam. Aumentos acentuados de doenças críticas já esgotaram tanto os suprimentos biomédicos quanto os profissionais em alguns países.

Por esse motivo, Etienne incentivou hospitais a desenvolverem planos de emergência e garantirem que profissionais de saúde tenham o equipamento de proteção individual e o treinamento necessários para prevenir a infecção. “Profissionais de saúde são a primeira linha de defesa contra essa pandemia. Precisamos protegê-los para que eles possam cuidar de todos nós”, ressaltou a diretora da OPAS.

Até o momento, não há tratamento específico para a COVID-19. A implementação de terapias de apoio oportunas, eficazes e seguras (oxigênio, hidratação e alívio da febre e da dor) é a pedra angular da terapia para os pacientes que desenvolvem manifestações graves da doença.

Especialistas da OPAS estão trabalhando junto aos ministérios da Saúde das Américas para preparar os serviços de saúde de seus países para lidar com o aumento do fluxo de pacientes e fortalecer a prevenção e controle de infecções.

"O curso da pandemia dependerá de quais medidas os países adotarão", disse Etienne. A diretora da OPAS detalhou a possibilidade de três cenários nos países da região: clusters (aglomerado de casos) relacionados a casos importados; surtos em "espaços fechados", como casas de repouso; e transmissão comunitária.

Muitos países já adotaram medidas para reduzir a taxa de transmissão e proteger suas populações, desde declarar estado de emergência a fechar fronteiras, escolas e universidades, além promover o distanciamento social.

“A OPAS continua trabalhando junto aos países para fornecer apoio e responder a essa pandemia”, destacou Etienne. “É esperado que todos os países relatem casos. Precisamos reduzir a transmissão, achatar a curva e evitar situações que podem sobrecarregar nossos hospitais e nossas equipes de saúde para salvar vidas.”