OPAS: doação voluntária de sangue cresce em países da América Latina e do Caribe, mas ainda há desafios

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Washington D.C., 12 de junho de 2025 (OPAS) – No marco do Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado em 14 de junho, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apresenta dados de um novo relatório que mostra avanços na doação voluntária de sangue nas Américas. No entanto, ainda há desafios para alcançar 100% de doações voluntárias.

O relatório preliminar “Acceso a sangre para transfusión en países de América Latina y el Caribe 2023” indica que 23 países — 17 na América Latina e seis no Caribe não latino — coletaram mais de 9,2 milhões de unidades de sangue em 2023, um aumento de 15,5% em comparação com as 7,7 milhões de unidades em 2020. Quase 80% dos países relataram aumentos significativos graças à transição pós-pandemia e novas estratégias de sensibilização.

“O acesso equitativo ao sangue seguro é um direito de todas as pessoas e só pode ser garantido por meio de sistemas de doação de sangue organizados e eficientes, baseados na doação voluntária, regular e não remunerada”, afirmou Jarbas Barbosa, diretor da OPAS. “Somos gratos àqueles que generosamente doam e incentivamos mais pessoas a se juntarem a este ato de solidariedade que salva vidas”, acrescentou.

A região tem uma média de 16 doações de sangue por cada mil habitantes, mas há diferenças significativas: 13 países estão abaixo dessa média e 10 a superam. Brasil, México, Colômbia e Argentina contribuem com 75% do total de doações.

Em relação às doações, em 2023, 56,8% das unidades coletadas foram provenientes de doadores voluntários, um aumento de 6,7% em relação a 2019, retornando ao ritmo de crescimento pré-pandemia. Esse progresso foi alcançado por meio de campanhas digitais, coletas móveis e parcerias com instituições, embora ainda esteja longe da meta de 100%. Por outro lado, as demais doações vieram de familiares e amigos próximos de pacientes que atenderam a um chamado. Nenhum país reportou doações remuneradas, refletindo um compromisso com a doação altruísta.

Mauricio Beltrán, assessor regional da OPAS para o tema sangue, enfatizou que o acesso equitativo e o fornecimento constante de sangue e plasma seguros dependem de doações voluntárias e não remuneradas. "Precisamos aumentar a doação de sangue de doadores regulares e altruístas", disse, explicando que essas pessoas previnem a escassez e garantem um acesso mais sustentável ao sangue, ao contrário das doações esporádicas de familiares, que, embora valiosas, atendem a necessidades pontuais.

O relatório da OPAS também destaca avanços em segurança e qualidade: os países reportam que 100% das unidades de sangue doadas foram rastreadas e 90% foram fracionadas em componentes como glóbulos vermelhos, plasma e plaquetas, otimizando seu uso clínico.

No entanto, a governança e a organização dos sistemas nacionais e regionais de sangue apresentam fragilidades, com mais de 1,9 mil centros de coleta e 1,4 mil centros de processamento operando de forma dispersa, o que limita a eficiência. Apenas quatro países processaram uma média de mais de 10 mil unidades por ano, com o Paraguai liderando (20,7 mil unidades).

As transfusões de sangue são essenciais para tratar hemorragias durante o parto, anemia infantil devido à desnutrição ou malária, emergências por desastres e procedimentos cirúrgicos complexos. A OPAS chama os governos a investirem em sistemas nacionais de sangue eficientes, promoverem a doação voluntária e fortalecerem a vigilância para garantir o acesso equitativo e seguro.

A campanha do Dia Mundial do Doador de Sangue deste ano, cujo tema é "Doe sangue, doe esperança: juntos salvamos vidas", busca sensibilizar, motivar novos doadores e agradecer àqueles que, por meio de sua solidariedade, salvam vidas.