Nova plataforma pretende fortalecer coordenação política e técnica e ampliar o acesso a inovações para reduzir em 90% as novas infecções e alcançar zero mortes relacionadas à Aids até 2030.
Washington D.C., 5 de dezembro de 2025 (OPAS) – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou nesta sexta-feira (5/12) a Aliança Regional para a Eliminação do HIV nas Américas, uma plataforma que reúne governos, comunidades, agências internacionais, academia e o setor privado para impulsionar medidas destinadas a reduzir novas infecções e mortes relacionadas à Aids.
As Américas avançaram no enfrentamento ao HIV, mas persistem desafios. Em 2024, estimou-se a ocorrência de 170 mil novas infecções e 38 mil mortes relacionadas à Aids, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas (UNAIDS). Enquanto o Caribe reduziu as novas infecções em 21% entre 2010 e 2024, a América Latina registrou um aumento de 13% no mesmo período. Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, ainda existem lacunas no acesso aos serviços, especialmente entre populações com maior risco de infecção.
“Esta plataforma é um chamado para repensar abordagens, reconstruir parcerias e fortalecer a ação coletiva em prevenção, diagnóstico e tratamento, garantindo acesso universal a tecnologias inovadoras e que salvam vidas”, afirmou Mónica Alonso, chefe da Unidade de HIV, Hepatites, Tuberculose e Infecções Sexualmente Transmissíveis da OPAS. “Também devemos avançar na eliminação das barreiras que dificultam o acesso aos serviços.”
Três pilares para acelerar o progresso rumo à eliminação
A Aliança se concentra em três áreas prioritárias para alcançar a eliminação do HIV como problema de saúde pública na região:
- Diagnóstico oportuno e ampliado, com ênfase na expansão do autoteste de HIV para facilitar a testagem;
- Expansão da profilaxia pré-exposição (PrEP) oral e injetável, incluindo a introdução do Lenacapavir, a primeira profilaxia injetável semestral, que representa um avanço para melhorar a adesão e o acesso entre populações em risco;
- Tratamento antirretroviral eficaz e otimizado, que garante supressão viral sustentada e redução da transmissão.
Segundo projeções da OPAS, ampliar o uso combinado da PrEP oral e injetável poderia reduzir as novas infecções em mais de 70% nos próximos quatro anos. Se combinada com a expansão do tratamento antirretroviral, as novas infecções poderiam cair em mais de 90% na América Latina e no Caribe.
“O progresso científico e tecnológico alcançado nos últimos anos permite afirmar que a eliminação do HIV está agora ao nosso alcance”, disse Alonso. “A inovação biomédica é essencial, mas também o são políticas e ambientes sociais favoráveis que garantam que esse progresso beneficie todas as pessoas de maneira equitativa”, acrescentou.
As Américas alcançaram marcos históricos na eliminação de doenças transmissíveis, incluindo varíola, poliomielite, sarampo e rubéola, e vários países já certificaram a eliminação da transmissão vertical do HIV e da sífilis. A região também se beneficia de mecanismos como os Fundos Rotatórios da OPAS, que possibilitam o acesso a medicamentos, equipamentos, tecnologias e insumos de saúde de alta qualidade a preços acessíveis.
A introdução do Lenacapavir por meio de mecanismos regionais de compras conjuntas oferece uma oportunidade para melhorar o acesso a tecnologias inovadoras e acelerar a eliminação doHIV na região.
Governança da Aliança
A Aliança busca posicionar a eliminação do HIV como uma prioridade regional alinhada com a Agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018–2030 e com a Iniciativa de Eliminação da OPAS. Ela funciona como uma plataforma multissetorial para coordenar esforços, harmonizar regulações e promover financiamento sustentável.
A OPAS atuará como Secretaria Técnica da Aliança. Em coordenação com o UNAIDS, o Grupo de Cooperação Técnica Horizontal (GCTH), governos, comunidades, academia e outros parceiros, a OPAS promoverá espaços de diálogo, inovação e advocacy para acelerar a introdução de novas ferramentas de prevenção, diagnóstico e tratamento e avançar rumo a zero mortes relacionadas ao HIV até 2030.
