Washington D.C., 9 de dezembro de 2025 (OPAS) – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) renovou seu chamado aos países das Américas para fechar as lacunas de vacinação diante do ressurgimento da coqueluche, que vem aumentando desde 2023 segundo a última atualização epidemiológica publicada nesta segunda-feira (8).
Durante 2024, foram notificados 977 mil casos de coqueluche no mundo, quase seis vezes mais que os 167.407 registrados em 2023. As regiões mais afetadas foram o Pacífico Ocidental (591.193 casos) e a Europa (296.543 casos).
Na Região das Américas, a tendência foi semelhante. Após alcançar em 2022 o número mais baixo já registrado (3.284), os casos aumentaram significativamente em 2023 (11.202 casos) e em 2024 (66.184 casos). Em 2025, entre janeiro e novembro, 10 países — selecionados para a atualização epidemiológica — notificaram aumentos em relação a anos anteriores. Os dados completos de toda a região para 2025 estarão disponíveis em 2026.
“A coqueluche é uma doença prevenível por vacinação, mas seu ressurgimento evidencia lacunas na imunização e na vigilância epidemiológica”, afirmou Daniel Salas, gerente executivo do Programa Especial de Imunização Integral da OPAS. “É urgente que os países garantam coberturas de vacinação altas e uniformes, de maneira sustentada, especialmente em crianças menores de cinco anos, para proteger os mais vulneráveis e evitar surtos”, acrescentou.
Coberturas de vacinação e grupos mais afetados
Durante a pandemia de COVID-19, a cobertura de vacinação contra a coqueluche caiu aos níveis mais baixos em duas décadas, com 87% para a primeira dose (DTP1) e 81% para a terceira dose (DTP3). Em 2024, a cobertura se recuperou parcialmente para 89% e 87%, respectivamente, embora persistam disparidades entre e dentro dos países.
A OPAS recomenda que os países alcancem e mantenham coberturas iguais ou superiores a 95% com as três doses da vacina DTP em crianças menores de um ano, bem como os reforços durante a infância e a adolescência para prevenir surtos. Em 2024, 21 países alcançaram coberturas iguais ou superiores a 95% para DTP1; 10 ficaram entre 90% e 94%; 10 entre 80% e 89%; e quatro abaixo de 80%, o que evidencia a necessidade de continuar fortalecendo a vacinação em toda a Região.
Crianças de até 12 meses continuam sendo o grupo mais afetado, representando entre 30% e 40% dos casos em países como Argentina, Brasil e Colômbia. Em vários países, foram registrados surtos em comunidades indígenas e zonas rurais, onde as coberturas de vacinação são mais baixas.
Recomendações da OPAS
A OPAS faz um chamado para os países da Região:
- Fortalecerem a vigilância epidemiológica e a confirmação laboratorial dos casos;
- Assegurarem coberturas de vacinação superiores a 95% em crianças e aplicar reforços em gestantes e trabalhadores da saúde, priorizando equipes de maternidade e cuidadores de lactentes;
- Implementarem medidas de isolamento respiratório para casos suspeitos ou confirmados e garantir tratamento antibiótico oportuno;
- Difundirem mensagens de prevenção e diagnóstico precoce dirigidas a profissionais de saúde e à população em geral.
“A vacinação oportuna e completa, junto com uma vigilância robusta, é a estratégia mais eficaz para prevenir a coqueluche, doença que pode causar quadros graves, complicações ou até mesmo a morte, especialmente em crianças menores de um ano não vacinadas”, enfatizou Salas.
