Novo relatório da OPAS sobre segurança viária destaca progresso lento e desigual na redução das mortes no trânsito nas Américas

Aerial view of a city street

Washington D.C., 22 de janeiro de 2025 (OPAS) – Um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) sobre segurança viária revela que, em 2021, os acidentes de trânsito causaram mais de 145 mil mortes nas Américas, o que representa 12% das mortes globais por essa causa. Apesar de alguns progressos, a taxa de redução de mortes no trânsito tem sido lenta e desigual, destacando a necessidade urgente de políticas nacionais mais fortes e integrais.

O relatório “Salvar vidas promoviendo un enfoque de sistemas de tránsito seguros en las Américas”, publicado em espanhol, baseia-se nos dados mais recentes disponíveis, coletados em 31 países e um território da região, e é a quinta edição desde 2009. Devido ao impacto da pandemia em 2020, foram comparados os anos de 2010 e 2021.

De acordo com o estudo, a taxa de mortalidade no trânsito nas Américas diminuiu 9,37% entre 2010 e 2021, refletindo um progresso lento. Apenas nove países conseguiram reduzir as mortes. No nível sub-regional, a América do Norte e o Caribe Latino registraram um aumento nas taxas de mortalidade. Em contraponto, o Cone Sul e a Zona Andina alcançaram reduções significativas.

"A segurança no trânsito continua sendo um importante desafio de saúde pública na região", afirmou Jarbas Barbosa, diretor da OPAS. "Apesar dos esforços realizados, os números continuam inaceitáveis. A segurança viária não é apenas uma questão de infraestrutura ou legislação, é uma questão de vida ou morte para milhões de pessoas. É essencial que os países implementem medidas integrais para proteger todos os usuários das vias, especialmente os mais vulneráveis."

Disparidades nas mortes e nos grupos mais afetados

Cerca de 37% das mortes no trânsito ocorrem em países de alta renda, embora esses países representem apenas 41% da população, 57% dos veículos registrados e 49% do território. Em contraste, os países de baixa e média renda, que têm apenas 5% da população e 3% do território, concentram 7% das mortes, apesar de possuírem apenas 1% dos veículos registrados.

As vítimas fatais de acidentes de trânsito são majoritariamente homens (79%) e jovens adultos entre 18 e 44 anos (54%). No entanto, o impacto não se limita às mortes. Em 2021, mais de 4 milhões de pessoas sofreram lesões não fatais na região, 638.620 delas graves e com consequências permanentes.

Usuários vulneráveis e o desafio das motocicletas

O relatório também destaca o impacto particularmente desproporcional sobre os usuários mais vulneráveis. De 2009 a 2021, as mortes de motociclistas, pedestres e ciclistas aumentaram de 39% para 47% em relação a todas as mortes em acidentes de trânsito. Em 2021, motociclistas representaram 27% das mortes, pedestres 17% e ciclistas 3%. Essa tendência contrasta com a leve diminuição observada na mortalidade de ocupantes de veículos motorizados de quatro rodas.

Ricardo Pérez-Núñez, assessor regional em segurança viária da OPAS, comentou: "A segurança dos motociclistas continua sendo uma prioridade urgente. Para reduzir esses tipos de mortes, é fundamental melhorar a infraestrutura viária, aplicar leis mais rigorosas sobre o uso de capacetes, cintos de segurança e direção sob o uso de álcool, e promover práticas mais seguras."

Gestão institucional, infraestrutura viária e veículos mais seguros

O relatório destaca a necessidade de fortalecer a gestão institucional para melhorar a segurança no trânsito. Embora alguns países tenham feito progressos em políticas e marcos regulatórios, em muitos casos ainda faltam coordenação e capacitação.

Em termos de infraestrutura, apesar de vários países terem melhorado as vias com medidas como zonas de proteção de pedestres e melhor sinalização, mais investimentos são necessários, especialmente em áreas rurais e áreas com alta incidência de acidentes.

Em relação a veículos mais seguros, o relatório destaca os benefícios de padrões internacionais, como controle eletrônico de estabilidade e airbags. No entanto, a implementação dessas regulamentações continua insuficiente em alguns países, o que limita seu impacto.

Usuários mais seguros e resposta pós-acidentes

O relatório também destaca a importância de reduzir comportamentos de risco, como excesso de velocidade, dirigir alcoolizado e uso de celular. Também pede o reforço do uso de dispositivos de segurança, como capacetes e cintos de segurança.

Por fim, em relação à resposta pós-acidentes, embora vários países tenham melhorado o acesso a serviços médicos e de reabilitação, persistem disparidades no tempo de resposta e na cobertura, o que exige uma melhoria na infraestrutura de emergência.

A OPAS faz um chamado aos governos para que adotem uma abordagem integral para "sistemas de trânsito seguros", incluindo melhorias na infraestrutura viária, fortalecimento das leis de trânsito e aumento da segurança dos veículos. Além disso, é ressaltada a importância da cooperação entre os setores público e privado no enfrentamento desse problema de saúde pública.