OPAS/OMS e UNICEF capacitam migrantes venezuelanos em promoção da saúde mental de crianças e adolescentes

Foto: Joseane Menandez (abrigo Santa Tereza)

Brasília, 22 de maio de 2020 – A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estão promovendo minicursos direcionados a migrantes venezuelanos para capacitá-los como promotores de saúde mental para crianças e adolescentes.

O minicurso está sendo conduzido virtualmente desde 1º de maio e seguirá até esta sexta-feira (22) como parte do projeto “Fortalecimento de Capacidades Locais em Saúde Mental e Apoio Psicossocial no Contexto do Fluxo Migratório em Boa Vista”, financiado pelo governo do Japão.

Os participantes são assistentes e facilitadores dos Súper Panas, espaços seguros para as crianças onde são realizadas atividades recreativas, educativas e de apoio psicossocial nos 13 abrigos da Operação Acolhida, em Roraima.

Os promotores de saúde mental capacitados pela OPAS e UNICEF farão parte da resposta à COVID-19 para mitigar os efeitos da pandemia na saúde mental de crianças e adolescentes migrantes, bem como para oferecer apoio psicossocial a essa população.

A coordenadora de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas não Transmissíveis e Saúde Mental da OPAS/OMS no Brasil, Katia de Pinho Campos, explica que a proposta original era realizar uma oficina presencial, incluindo atividades práticas e dinâmicas, mas com a pandemia, foi necessário adaptar a forma da capacitação, tornando-a completamente virtual. “Esperamos contribuir para o fortalecimento das ações voltadas para crianças e adolescentes a partir do enfoque da promoção de saúde mental e apoio psicossocial. Com a suspensão das atividades escolares devido às medidas de distanciamento físico, as crianças, adolescentes e suas famílias estão integralmente nos abrigos e necessitam de ações que os ajudem a lidar com o estresse e os desafios do isolamento social”, disse.

Com o curso, Mayerli Elix Rodriguez Salsedo, de 36 anos, aprendeu que pode ser um agente importante para a saúde mental de crianças e adolescentes migrantes, principalmente em meio à pandemia de COVID-19. “Estou tendo a oportunidade de conhecer novas pessoas, tirar dúvidas e aprender que eu faço parte da felicidade de outras pessoas”, afirmou a migrante. “Aprendi com o curso que tenho ferramentas que podem promover o bem-estar na vida das pessoas e da comunidade. Nós devemos estar à disposição para ajudar as pessoas ao nosso redor, que muitas vezes dependem do nosso apoio”, complementou. Salsedo disse ainda que quer continuar a compartilhar tudo o que está aprendendo nas aulas virtuais.

A Chefe de Proteção à Criança do UNICEF, Rosana Vega, destaca o caráter multiplicador da iniciativa, que é realizada com o apoio do Instituto Pirilampos nos abrigos. “Há uma série de situações que contribuem para gerar problemas de saúde mental entre a população migrante – como ruptura de laços afetivos, nova língua, dificuldade de acesso a serviços e risco de abuso e violência – e que podem impactar de forma duradoura crianças e adolescentes. Daí a importância de fortalecer as capacidades locais, especialmente neste contexto de coronavírus, não somente para atendimento, mas também para prevenção de doenças no futuro”, afirma Rosana Vega. 

Outro participante das atividades, Simon Lopez, de 31 anos, disse estar contente em agora poder identificar os elementos que afetam a estabilidade e a saúde mental de crianças e adolescentes que estão nos abrigos e ajudá-las de forma ativa. “Com esses conhecimentos, posso dar mais apoio, fortalecer a escuta, trabalhar com o estresse, incentivar a tolerância e identificar elementos que podem afetar as pessoas em um estado de pandemia”, pontuou.

Sobre o projeto

O minicurso faz parte do projeto “Fortalecimento de Capacidades Locais em Saúde Mental e Apoio Psicossocial no Contexto do Fluxo Migratório em Boa Vista, Roraima”, que integra uma proposta interagencial de assistência humanitária financiada pela Embaixada do Japão e promovida pela OPAS/OMS, o UNICEF, a  Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).