Lições da pandemia de COVID-19 devem ser aproveitadas para enfrentar mudanças climáticas, afirma OPAS

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Washington, DC, 27 de outubro de 2021 (OPAS) – Enquanto líderes se dirigem a Glasgow nesta semana para a cúpula do clima COP26, o subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, advertiu que os países devem aproveitar as lições aprendidas durante a pandemia de COVID-19 para se preparar para o impacto das mudanças climáticas e prevenir futuras crises.

Com 800 mil novas infecções por COVID-19 e 18 mil mortes relacionadas à doença notificadas nas Américas na semana passada, "a pandemia ofereceu um retrato de como estamos despreparados para um evento tão perturbador", afirmou Barbosa durante a coletiva de imprensa semanal da OPAS.

Muitos dos sistemas de saúde da região têm lutado com o impacto da COVID-19. Os países devem agora tomar medidas urgentes para se preparar para as implicações à saúde de uma crise climática potencialmente mais prolongada.

Altas temperaturas, eventos climáticos extremos e poluição levaram ao aumento das doenças cardiovasculares e respiratórias, bem como das doenças transmitidas por vetores, como zika e Chagas. A temporada de dengue também aumentou devido ao clima mais quente e úmido.

Um aumento na escala e frequência de incêndios florestais e secas na região também está ameaçando os meios de subsistência e levando ao aumento da insegurança alimentar.

Os cientistas há muito nos alertam que, se não forem abordadas, as mudanças climáticas transformarão nosso meio ambiente, nossos sistemas alimentares e nossas condições de vida, todos com consequências potencialmente devastadoras para nossa saúde” - Jarbas Barbosa

“Hoje temos a oportunidade de aproveitar as lições da pandemia de COVID-19 para prevenir crises futuras e fortalecer nossa capacidade de responder quando elas chegarem”, acrescentou o subdiretor da OPAS, celebrando o foco na saúde na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática deste ano, conhecida como COP26.

Anteriormente à cúpula, a OPAS lançou uma agenda para as Américas sobre Saúde, Meio Ambiente e Mudança Climática, para fornecer aos países um plano de ação para enfrentar os riscos impostos pela mudança climática à saúde das Américas.

O plano descreve três linhas de ação, todas baseadas nas lições aprendidas com a resposta à pandemia na região:

  • Os setores de saúde, sociopolítico e econômico devem trabalhar juntos para construir planos de preparação integrados que abordem os impactos de emergências climáticas sobre a saúde.
  • Os países devem investir em seus sistemas de saúde para garantir que tenham pessoal, capacitação e recursos para enfrentar os riscos climáticos futuros.
  • O próprio setor da saúde deve ser parte da solução, abordando sua própria contribuição para as emissões de gases de efeito estufa. Isso pode ser alcançado construindo instalações mais verdes e reduzindo as emissões nas instalações de produção, transporte e nos próprios centros de saúde.

Na última semana, as infecções e mortes por COVID-19 diminuíram em grande parte da América do Norte, Central e do Sul, com exceção do Paraguai, que viu um aumento nos casos, e Belize, que notificou um aumento acentuado nas mortes.

Tendências de queda também foram observadas em ilhas maiores do Caribe, incluindo Cuba, mas ilhas menores, incluindo Cristóvão e Névis, Barbados, Anguilla e São Vicente e Granadinas, notificaram aumentos em infecções e mortes.

Embora 44% das pessoas na América Latina e no Caribe estejam agora totalmente vacinadas, Barbosa destacou a persistência da inequidade, com as taxas de vacinação em alguns países ainda abaixo de 20%.

“Embora nossa região tenha feito um ótimo trabalho ao acelerar a cobertura de vacinação em apenas alguns meses, mais da metade das pessoas na América Latina e no Caribe permanecem desprotegidas”, disse o subdiretor da OPAS, informando sobre a próxima entrega de três milhões de doses por meio do COVAX esta semana.

Barbosa pediu aos países que continuem a implementar medidas de saúde pública para controlar os surtos.