Uma em cada quatro mortes por COVID-19 notificadas em todo o mundo na última semana aconteceu nas Américas

Vaccination against COVID-19 in Guatemala

Diretora da OPAS alerta que os sistemas de saúde estão sobrecarregados em alguns países e pede que as nações com vacinas extras as doem para a região

Washington D.C., 28 de abril de 2021 (OPAS) – Hospitais na América do Sul e Central estão lutando para lidar com um grande fluxo de pacientes com COVID-19 à medida que a propagação do vírus aumenta em toda a região, afirmou nesta quarta-feira (28) a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.

“As hospitalizações estão em um nível mais alto na Costa Rica e espera-se que mais pacientes necessitem de atenção, já que o país relatou um salto de 50% nos casos na semana passada”, disse Etienne a repórteres durante a coletiva de imprensa semanal da OPAS. “Os hospitais da Guatemala também atingiram a capacidade máxima”, acrescentou, e nos hospitais da Colômbia “os leitos de UTI estão se esgotando nas principais cidades metropolitanas, como Bogotá e Medellín”.

A diretora da OPAS enfatizou que os suprimentos de vacinas “ainda são limitados frente à urgente necessidade de mais doses”. Por isso, pediu “aos países com doses extras que considerem a doação de uma porção significativa para as Américas, onde essas doses que salvam vidas são desesperadamente necessárias e serão usadas prontamente”.

A sobrecarga hospitalar se deve em parte ao aumento da hospitalização de pacientes mais jovens com COVID-19, que atualmente não têm acesso à vacinação contra a doença e se expõem mais. Estes tendem a ficar internados por períodos mais longos e, portanto, dispendem mais recursos. “A OPAS está orientando nossos países a planejar como lidar com aumentos repentinos no consumo de insumos essenciais, como oxigênio, medicamentos para intubação, equipamentos de proteção individual e bombas de infusão”, disse Etienne.

Junto com as hospitalizações, as infecções estão aumentando drasticamente em toda a América Latina e no Caribe.

O número de casos está aumentando no Peru, Bolívia, Argentina e Uruguai. As infecções estão chegando aos níveis de janeiro na Colômbia, disse a diretora da OPAS, e aumentando em quase todos os países da América Central.

No Caribe, Guadalupe, Martinica e Bahamas estão notificando infecções crescentes. “Anguila notificou mais de 60% do total de casos nos últimos sete dias, e os casos semanais dobraram em Porto Rico durante o mesmo período”, afirmou Etienne.

“Não é nenhuma surpresa que muitos países em nossa região endureceram as medidas de saúde pública estendendo toques de recolher, limitando reaberturas e impondo novas ordens de permanência em casa”, ressaltou. “Essas decisões nunca são fáceis, mas com base em como as infecções estão aumentando, é exatamente isso que precisa acontecer. Sabemos que essas medidas funcionam e elogio os líderes de nossa região por colocarem a saúde em primeiro lugar.”

No total, 1,4 milhão de novos casos de COVID-19 foram notificados nas Américas na semana passada, além de 36 mil mortes pela doença. Na verdade, uma em cada quatro mortes por COVID-19 notificada em todo o mundo na semana passada ocorreu aqui mesmo, nas Américas.”

Etienne reconheceu países da América Latina e do Caribe pela pronta administração das doses limitadas de vacina à disposição. “A maioria dos países fez um ótimo trabalho seguindo as recomendações da OMS e da OPAS para priorizaras primeiras doses para profissionais de saúde e outros na linha de frente e salvar milhares de vidas, protegendo os idosos e pessoas com doenças pré-existentes.”

Muitos países investiram em cadeias de frio para vacinas que exigem temperaturas ultrabaixas. “À medida que as entregas aumentam, nossa cadeia de frio e cadeias de abastecimento serão ainda mais testadas, mas estão prontas para o desafio”, disse a diretora da OPAS.

Os países também protegeram suas populações designando que os locais de vacinação contra a COVID-19 estejam longe de clínicas e hospitais – organizaram, por exemplo, campanhas de vacinação drive-thru e de porta em porta para reduzir a probabilidade de transmissão. “Graças a esses esforços, nossa região administrou quase todas as doses que recebeu do COVAX até o momento”, argumentou Etienne. “Nossa região demonstrou que pode distribuir com sucesso vacinas contra a COVID-19 de forma rápida e eficaz.”

Cerca de 317 milhões de doses de vacinas contra COVID-19 foram administradas nas Américas, com mais de 70% delas distribuídas nos Estados Unidos.

Os países da América Latina e do Caribe receberam quase 7 milhões de doses no primeiro lote adquirido por meio do COVAX, a parceria global para garantir a distribuição equitativa de vacinas. Espera-se que mais doses adquiridas pelo mecanismo cheguem em maio e junho. “Nas próximas semanas, os países receberão suas segundas remessas”, frisou Etienne. “Embora as doses permaneçam limitadas, a maioria dos países verá um aumento considerável nas doses em relação à primeira entrega.”

Etienne alertou que, embora a região esteja lutando contra a COVID-19, a imunização de rotina contra outras doenças preveníveis ​​por vacinas está atrasada.

No ano passado, quase 500 mil crianças perderam vacinas contra doenças como difteria, tétano e coqueluche. Mais de 300 mil não tomaram vacinas contra o sarampo, informou a diretora da OPAS, apontando que o declínio na vacinação não se deve apenas à pandemia. “Essas tendências não são novas. Por alguns anos, temos visto o declínio da cobertura de imunização em nossa região”.

Etienne pediu às pessoas que mantenham as vacinações de rotina e parabenizou os profissionais de saúde, que devem vacinar quase 100 milhões de pessoas contra doenças como sarampo, gripe e papilomavírus humano (HPV) durante a Semana de Vacinação nas Américas deste ano, de 24 a 30 de abril. Espera-se que os profissionais de saúde administrem cerca de 9 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 como parte da Semana.

“Nossos profissionais de saúde fizeram sacrifícios pessoais extraordinários e perseveraram mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras. Devemos a eles fazer tudo o que pudermos para manter a nós mesmos e nossas comunidades seguros - inclusive nos vacinando quando for a nossa vez.”