Diagnóstico precoce do câncer salva vidas e reduz custos de tratamento

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3 de fevereiro de 2017 – As novas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentadas no marco do Dia Mundial Contra o Câncer (4 de fevereiro), têm a finalidade de melhorar as possibilidades de sobrevivência de pessoas que vivem com câncer, garantindo que os serviços de saúde diagnostiquem e tratem a doença precocemente. Novos números publicados nesta semana indicam que a cada ano 8,8 milhões de pessoas morrem devido ao câncer, a maioria delas em países de baixa e média renda.

Nas Américas, estima-se que o câncer cause 1,3 milhão de mortes por ano, sendo a segunda principal causa de morte na maioria dos países da região. Um dos problemas é que muitos casos são diagnosticados tardiamente. Mesmo em países que dispõem de sistemas e serviços de saúde otimizados, muitos cânceres acabam sendo diagnosticados em uma fase avançada, quando bons resultados no tratamento são mais difíceis de alcançar.

“O diagnóstico do câncer em estágios mais avançados e a impossibilidade de receber tratamento condenam muitas pessoas a sofrimentos desnecessários e a uma morte precoce”, afirmou Ettiene Krug, diretor do Departamento de Doenças Não-Transmissíveis, Deficiência Física, Violência e Prevenção de Lesões da OMS.

“Adotando medidas para aplicar as novas orientações da OMS, os planejadores da atenção à saúde podem melhorar o diagnóstico precoce do câncer e garantir um tratamento rápido, especialmente para os cânceres de mama, cervical e colorretal. Isso resultará em mais pessoas sobrevivendo à doença. Também será menos dispendioso tratar e curar pacientes com câncer”.

A maioria das mortes pela doença em homens na América Latina e Caribe são consequência do câncer de próstata, seguidos pelos cânceres de pulmão, estômago e colorretal. Entre as mulheres, a maior taxa de mortalidade se deve ao câncer de mama, seguido dos cânceres de estômago, pulmão, colo do útero e colorretal. O câncer de pulmão é a principal causa de morte no Canadá e nos Estados Unidos, em ambos os sexos.

De acordo com o novo guia da OMS, todos os países podem tomar decisões para melhorar o diagnóstico precoce do câncer. As três medidas são:

  • Sensibilizar o público sobre os sintomas do câncer e encorajar as pessoas a procurar ajuda quando eles aparecem;
  • Investir no fortalecimento e equipamentos dos serviços de saúde e na formação dos profissionais de saúde para que se realizem diagnósticos exatos e oportunos;
  • Garantir às pessoas que vivem com câncer acesso a tratamento seguro e eficaz, considerando o alívio da dor, sem incorrer em dificuldades pessoais ou financeiras proibitivas.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional para as Américas da OMS, proporciona ferramentas e orientação adicionais aos tomadores de decisão e provedores de saúde do continente americano para melhorar o diagnóstico precoce dos cânceres cervical, de mama e infantil.

Não há dúvidas de que os problemas são maiores em países de baixa e média renda, que têm menos possibilidades de oferecer serviços de diagnóstico eficazes, com exames de imagem, laboratório e patologia, todos essenciais para detectar a doença e planejar o tratamento. Alguns países também têm diferentes capacidades para encaminhar pacientes com câncer para os níveis de atenção apropriados.

A OMS encoraja esses países a priorizar serviços básicos de diagnóstico que tenham grande impacto e baixo custo. A Organização também recomenda que as pessoas se sintam menos obrigadas a pagar o tratamento de seus próprios bolsos, algo que impede que muitas pessoas procurem assistência e que se avance no acesso e cobertura universal de saúde.

A detecção precoce do câncer também reduz consideravelmente seu impacto financeiro: o tratamento nas primeiras fases não é apenas mais barato, mas as pessoas poderão continuar trabalhando e apoiando suas famílias se tiverem acesso a um tratamento eficaz em tempo. Em 2010, o custo anual total do câncer (medido por gastos de atenção à saúde e pela perda de produtividade) foi de cerca de US$ 1,16 trilhões.

As estratégias para aprimorar o diagnóstico precoce podem ser incorporadas facilmente em sistemas de saúde por um baixo custo. Por sua vez, um diagnóstico precoce eficaz pode facilitar a detecção do câncer em pacientes em fases iniciais, o que possibilita a aplicação de tratamentos que costumam ser mais efetivos, menos complexos e mais baratos. Em estudos realizados em países de alta renda, por exemplo, comprovou-se que o tratamento de pacientes com câncer diagnosticado precocemente é de duas a quatro vezes menos dispendioso quando comparados aos tratamentos dados às pessoas que tiveram câncer diagnosticado em uma fase mais avançada.

Oleg Chestnov, subdiretor-geral da OMS para Doenças Não-Transmissíveis e Saúde Mental, afirmou que “uma ação acelerada dos governos para fortalecer o diagnóstico precoce do câncer é essencial para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.

O ODS 3 tem a finalidade de garantir uma vida saudável e promover o bem-estar de todas as pessoas, em todas as idades. Os países acordaram a meta de reduzir a mortalidade prematura por câncer e outras doenças não-transmissíveis em um terço até 2030. Também concordaram em alcançar a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção contra riscos financeiros, o acesso aos serviços essenciais de saúde de qualidade e também o acesso a medicamentos e vacinas. Ao mesmo tempo, as atividades listadas para alcançar outras metas dos ODS, como melhorar a saúde ambiental e reduzir as desigualdades sociais, podem ajudar a reduzir a carga do câncer.

Os cânceres atualmente são responsáveis por quase um em cada cinco mortes mundialmente. Mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem cânceres todos os anos e a projeção é que esse número cresça para mais de 21 milhões em 2030. Na região das Américas, quase 3 milhões de pessoas desenvolvem câncer a cada ano, valor que se elevaria a 4,5 milhões em 2030. O progresso no fortalecimento do diagnóstico precoce e fornecimento de tratamento básico a todos podem ajudar os países na consecução das metas nacionais vinculadas aos ODS.

Nota aos editores
A maioria das pessoas diagnosticadas com câncer vive em países de baixa e média renda, onde dois terços das mortes pela doença ocorrem. Menos de 30% dos países de baixa renda têm serviços de diagnóstico e tratamento geralmente acessíveis e os sistemas de referência para suspeita de câncer estão frequentemente indisponíveis, resultando em cuidados atrasados e fragmentados. A situação dos serviços de patologia é ainda mais difícil: em 2015, aproximadamente 35% dos países de baixa renda relataram que os serviços de patologia estavam geralmente disponíveis no setor público, em comparação com mais de 95% dos países de alta renda.

O controle abrangente do câncer consiste na prevenção, diagnóstico precoce e triagem, tratamento, cuidados paliativos e cuidados de sobrevivência. Todos devem fazer parte de fortes planos nacionais de controle da doença. A OMS produziu orientações abrangentes para ajudar os governos a desenvolverem e implementarem esses planos, proteger as pessoas contra o aparecimento do câncer e tratar aqueles que precisam de cuidados.

Os cânceres, juntamente com a diabetes, as doenças cardiovasculares e crônicas, são responsáveis por 40 milhões (70%) dos 56 milhões de mortes em 2015. Mais de 40% das pessoas que morreram devido a uma doença tinha menos de 70 anos.

A OMS e a comunidade internacional estabeleceram metas para reduzir essas mortes prematuras em 25% até 2025 e em um terço até 2030, essa última como parte dos ODS. Os países aprovaram uma série de metas para abordar essas enfermidades, incluindo a disponibilização de tecnologias médicas básicas e acessíveis, medicamentos essenciais para tratar cânceres e outras condições nos estabelecimentos de saúde.