Reunião regional convoca países das Américas a priorizar ações de testagem e tratamento da sífilis

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OPAS/OMS / Karina Zambrana
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Brasília, 7 de julho de 2025 — Para reverter o aumento da sífilis e da sífilis congênita nas Américas e avançar rumo à eliminação da doença, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) realizou, de 1 a 3 de julho, uma reunião regional em São Paulo, Brasil. A iniciativa é realizada em colaboração com os Ministérios da Saúde do Brasil e do Paraguai e busca fortalecer a resposta conjunta dos países da região.

Dados oficiais informados pelos países à OPAS revelam que entre 2016 e 2023, os casos de sífilis congênita cresceram 40%, com mais de 35 mil notificações apenas no último ano. Entre os 26 países que reportaram dados, 19 registraram aumento da prevalência de sífilis em gestantes no período entre 2015 e 2023.

A situação é ainda mais crítica em populações em situação de vulnerabilidade, como homens que fazem sexo com homens (HSH), mulheres trans, trabalhadoras do sexo, pessoas privadas de liberdade, povos indígenas e populações migrantes. Esses grupos enfrentam barreiras adicionais de acesso a serviços de saúde, o que reforça a necessidade de estratégias inclusivas e focadas na equidade.

Para a chefe da Unidade de HIV, IST, Tuberculose e Hepatites Virais da OPAS, Mónica Alonso, os números refletem a magnitude do desafio enfrentado pela região. “A Região das Américas é a que apresenta a maior taxa de incidência de sífilis entre todas as regiões do mundo, tanto entre homens quanto entre mulheres. No entanto, sabemos que o tema da sífilis, é uma questão complexa e, por isso devemos fortalecer as ações intersetoriais a partir da atenção primária à saúde

Diante desse contexto, a OPAS propõe uma resposta urgente, integrada e coordenada, com a Atenção Primária à Saúde (APS) como eixo central. A ampliação do acesso ao rastreamento e ao tratamento da sífilis, tanto na população geral quanto entre os grupos prioritários, é uma das principais estratégias discutidas.

Durante a abertura do encontro, a coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde do Brasil, Pâmela Gaspar, reforçou a importância da cooperação entre os países. “A sífilis é um problema de saúde pública no Brasil, é um problema de saúde pública nas Américas. Estarmos juntos é muito bom, porque eu tenho a certeza de que a gente vem enfrentando muitas coisas semelhantes, muitos desafios.”

Na mesma linha, Celeste Ramírez, do Programa Nacional de HIV/IST do Ministério da Saúde do Paraguai, destacou o valor das alianças regionais. “Esta não é somente uma reunião técnica entre países irmãos. É, mais do que isso, um espaço onde, sobretudo, geramos alianças. Acho que isso é o mais importante ao fazer reuniões como esta, em que cada um pode contribuir a partir do seu lugar.”