A poliomielite, comumente chamada de pólio, é uma doença altamente contagiosa causada pelo poliovírus selvagem. A grande maioria das infecções não produz sintomas, mas de 5 a 10 em cada 100 pessoas infectadas com esse vírus podem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe. Em 1 a 200 casos, o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços. Embora muito raro, o vírus pode atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte.

Embora o último caso confirmado de poliomielite por poliovírus selvagem na Região das Américas tenha ocorrido em 1991, a ameaça continua. Apesar dos esforços para sua erradicação, no momento, em alguns países asiáticos, ainda existem crianças com paralisia permanente por este vírus. Devido ao seu risco de importação, o principal fator de risco para que crianças menores de 5 anos adquiram a doença é a baixa cobertura vacinal.

Principais fatos

 

  • A poliomielite afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade.
  • Uma em cada 200 infecções leva a uma paralisia irreversível (geralmente das pernas). Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
  • Os casos de poliomielite diminuíram mais de 99% nos últimos anos: dos 350 mil casos estimados em 1988 para 29 casos notificados em 2018.
  • Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil novos casos no mundo, a cada ano, dentro do período de uma década.
  • Na maioria dos países, os esforços mundiais ampliaram as capacidades para combater outras doenças infecciosas, construindo sistemas eficazes de vigilância e imunização.
  • O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. No entanto, até que a doença seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é  importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e  fazer vigilância constante, entre outras medidas.
Folha informativa

Resposta da OMS

Em 1988, a 41ª Assembleia Mundial da Saúde adotou uma resolução sobre a erradicação mundial da polio, que marcou a criação da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio – encabeçada por governos nacionais, OMS, Rotary International, Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e apoiada por parceiros-chave, como a Fundação Bill & Melinda Gates. O movimento ocorreu após a certificação da erradicação da varíola, em 1980, o progresso feito na década de 1980 em direção à eliminação do poliovírus nas Américas e o compromisso da Rotary International de angariar fundos para proteger dessa doença todas as crianças.

Desde o lançamento da Iniciativa Mundial, o número de casos caiu em mais de 99%. Em 1994, a Região das Américas foi certificada como livre da pólio, seguida pela Região do Pacífico Ocidental em 2000 e pela Região da Europa em junho de 2002. Em 27 de março de 2014, a Região do Sudeste Asiático também foi certificada como livre da pólio. Isso significa que a transmissão do poliovírus selvagem foi interrompida neste bloco de 11 países que se estende da Indonésia à Índia. Essa conquista representa um salto significativo na erradicação global, com 80% da população mundial vivendo neste momento em regiões certificadas como livres da pólio.

Mais de 16 milhões de pessoas que hoje são capazes de andar teriam ficado paralisadas. Estima-se que 1,5 milhão de mortes na infância tenham sido evitadas, por meio da administração sistemática de vitamina A durante as atividades de imunização contra pólio.

As estratégias de erradicação da pólio são eficazes se aplicadas de forma integral. Isso é claramente demonstrado pelo sucesso da Índia na eliminação da pólio, em janeiro de 2011, em um lugar que poderia ser tecnicamente considerado o mais desafiador, e pela certificação de toda a Região do Sudeste Asiático da OMS como livre da pólio, em março de 2014.

A falha na implementação de abordagens estratégicas, no entanto, levará à transmissão contínua do vírus. A transmissão endêmica continua no Afeganistão, na Nigéria e no Paquistão. A falta de sucesso em interromper a pólio nessas áreas remanescentes pode resultar em até 200 mil novos casos a cada ano, dentro de 10 anos, no mundo.

Reconhecendo a oportunidade epidemiológica, mas também os riscos significativos de um possível fracasso, foi elaborado o plano estratégico integral para a erradicação da poliomielite e a fase final 2013-2019 (“Polio Eradication and Endgame Strategic Plan”), em consulta com os países afetados, as partes interessadas, doadores, parceiros e órgãos consultivos nacionais e internacionais. O novo plano foi apresentado em uma cúpula da Cúpula Mundial das Vacinas em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, em abril de 2013. É o primeiro plano destinado a erradicar simultaneamente todos os tipos de poliomielite – tanto por poliovírus selvagem quanto por poliovírus de origem vacinal.

Quando a pólio for erradicada, o mundo poderá celebrar a entrega de um grande bem público global que beneficiará todas as pessoas da mesma forma, não importando onde elas vivam. Já foi constatado, por modelos econômicos, que a erradicação da pólio economizaria pelo menos de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões, principalmente em países de baixa renda. Mais importante ainda: o sucesso significará que nenhuma criança voltará a sofrer os terríveis efeitos da paralisia provocados pela poliomielite ao longo da vida.