Organização Mundial da Saúde certifica Paraguai como livre da malária

11 de junho de 2018 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) certificou nesta segunda-feira (11) o Paraguai como tendo eliminado a malária. É o primeiro país das Américas a obter esse status desde Cuba, em 1973.

"Tenho grande prazer em certificar que o Paraguai está oficialmente livre de malária", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em um comunicado. “Histórias de sucesso como as do Paraguai mostram o que é possível. Se a malária puder ser eliminada em um país, ela poderá ser eliminada em todos eles”.  

Em 2016, a OMS identificou o Paraguai como um dos 21 países com potencial para eliminar a malária até 2020. Por meio da iniciativa “E-2020”, a Organização está apoiando esses países à medida que ampliam as atividades para se tornar livres da malária. Outros participantes da E-2020 nas Américas são Belize, Costa Rica, Equador, El Salvador, México e Suriname.   

“Tenho orgulho em dizer que a OPAS acompanhou o Paraguai na cruzada de eliminação da malária desde o início”, disse Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da OMS para as Américas. “Este é um poderoso lembrete para a região do que pode ser alcançado quando os países estão focados em um objetivo importante e permanecem vigilantes após alcançá-lo. Estamos esperançosos de que outros países logo se unam ao Paraguai na eliminação da malária”.  

Paraguai livre da malária  

Entre 1950 e 2011, o Paraguai desenvolveu sistematicamente políticas e programas para controlar e eliminar a malária, um desafio significativo para a saúde pública em um país que registrou mais de 80 mil casos da doença na década de 1940. Como resultado, o Paraguai registrou seu último caso de malária por Plasmodium falciparum em 1995 e malária por P. vivax em 2011.  

Um plano de cinco anos para consolidar os ganhos, impedir o restabelecimento da transmissão e preparar a certificação de eliminação foi lançado em 2011. As atividades tiveram focado no gerenciamento robusto de casos, envolvimento com comunidades e educação para tornar as pessoas mais conscientes sobre as formas de prevenir a transmissão da malária e sobre as opções de diagnóstico e tratamento.  

“Receber essa certificação é um reconhecimento de mais de cinco décadas de trabalho árduo no Paraguai, tanto por parte dos trabalhadores do setor público, como pela própria comunidade, que colaboraram várias vezes para conseguir a eliminação da malária”, argumentou Carlos Ignacio Morínigo, ministro da saúde do Paraguai. “Alcançar esse objetivo também implica que agora devemos enfrentar o desafio de mantê-lo. Portanto, o Paraguai implantou um sólido sistema de vigilância e resposta para impedir o restabelecimento da malária”.  

Em 2016, próxima fase da campanha de eliminação, o Ministério da Saúde lançou uma iniciativa de três anos para desenvolver as habilidades dos profissionais de saúde da linha de frente do Paraguai. Apoiado pelo Fundo Global de Luta Contra a Aids, Malária e Tuberculose, o país reforçou sua capacidade de prevenir doenças, identificar casos suspeitos de malária, diagnosticar com precisão e oferecer tratamento imediato – estratégias-chave para enfrentar a ameaça da malária de países endêmicos em outros lugares das Américas e na África Subsaariana.  

"O sucesso do Paraguai demonstra a importância de investir em sistemas robustos e sustentáveis para a saúde e estou muito satisfeito pelo fato de o Fundo Global ter apoiado essa conquista", disse Peter Sands, diretor executivo da iniciativa. "Precisamos permanecer vigilantes e evitar o ressurgimento, mas também precisamos celebrar essa vitória."  

Em abril de 2018, o painel independente de certificação de eliminação da malária concluiu que o Paraguai havia interrompido a transmissão endêmica da malária pelos três anos necessários e que tinha capacidade de impedir o restabelecimento da transmissão. O painel recomendou que o diretor-geral da OMS certificasse o país como livre da doença.  

Foram destacados fatores como a qualidade e cobertura dos serviços de saúde, incluindo a conscientização sobre a malária entre os trabalhadores da linha de frente da saúde, a disponibilidade universal de tratamento médico gratuito e um forte sistema de vigilância da malária.  

Entre 1960 e 1973, sete países e territórios das Américas foram certificados como livres de malária: Cuba, Dominica, Granada, Jamaica, Santa Lúcia, Trinidad e Tobago e a parte norte da Venezuela. Na Região das Américas, os casos de malária caíram 62% e os óbitos relacionados à doença diminuíram 61% entre 2000 e 2015. No entanto, o aumento dos casos de malária relatados em vários países em 2016 e 2017 mostra que grandes desafios permanecem, incluindo o diagnóstico, tratamento e investigação de casos, particularmente em áreas remotas.  

 

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Mais informações sobre o progresso de eliminação da malária  

O anúncio oficial da certificação será realizado nesta segunda, no Segundo Fórum Global Anual de países que eliminam a malária, convocado pela OMS em San José, Costa Rica, de 11 a 13 de junho.  

A OMS também está divulgando uma atualização do progresso sobre os esforços de eliminação nos países do E-2020, fornecendo pela primeira vez números preliminares de casos de malária para 2017. Mais dez países estão no caminho para eliminar essa doença até 2020. No entanto, outros oito países do E-2020 assistiram a aumentos nos casos de malária em áreas indígenas em 2017, refletindo as tendências globais relatadas no último relatório mundial da malária da OMS.  

A Organização publica resumos dos países para os 21 países com capacidade de eliminar a malária, oferecendo uma visão geral do progresso, os principais dados sobre a doença e uma avaliação do que é necessário para alcançar a meta de eliminação até 2020.