OMS lança o primeiro programa de pré-qualificação de insulina para expandir acesso ao tratamento para diabetes

Diabetes

14 de novembro de 2019 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou o início de um programa piloto para pré-qualificar a insulina humana com o objetivo de aumentar o tratamento para diabetes em países de baixa e média renda.

A decisão, anunciada no marco do Dia Mundial do Diabetes, celebrado nesta quinta-feira (14), faz parte de uma série de medidas que a OMS tomará para lidar com a crescente carga de diabetes em todas as regiões. Cerca de 65 milhões de pessoas com diabetes tipo 2 precisam de insulina, mas apenas metade delas é capaz de acessá-la, em grande parte devido aos altos preços. Todas as pessoas com diabetes tipo 1 precisam de insulina para sobreviver.

"A diabetes está aumentando globalmente e crescendo mais rapidamente em países de baixa renda", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Muitas pessoas que precisam de insulina enfrentam dificuldades financeiras para acessá-la ou ficam sem ela, arriscando suas vidas. A iniciativa de pré-qualificação da OMS é um passo vital para garantir que todos que precisam deste produto, que salva vidas, possam acessá-lo."

Pré-qualificação da insulina pode baixar os preços

A pré-qualificação da OMS deve aumentar o acesso à insulina, aumentando também o fluxo de produtos com garantia de qualidade no mercado internacional e proporcionando aos países uma maior escolha e aos pacientes preços mais baixos.

A insulina foi descoberta como tratamento para diabetes há quase 100 anos e está na Lista de Medicamentos Essenciais da OMS desde que foi publicada pela primeira vez, em 1977.

Apesar de haver uma ampla oferta, atualmente os preços da insulina são uma barreira ao tratamento na maioria dos países de baixa e média renda. Três fabricantes controlam a maior parte do mercado global de insulina, estabelecendo preços proibitivos para muitas pessoas e países.

Acesso é um desafio em muitos países

Dados coletados pela OMS entre 2016 e 2019 de 24 países em quatro continentes mostraram que a insulina humana estava disponível apenas em 61% das unidades de saúde e insulinas análogas em 13%. O levantamento mostra ainda que o suprimento de insulina mensal custaria a um(a) trabalhador(a) em Accra, Gana, o equivalente a 5,5 dias de salário por mês – ou 22% de seus ganhos.

Em países ricos, as pessoas geralmente precisam racionar insulina, o que pode ser fatal para quem não recebe a quantidade certa do medicamento.

"Espera-se que produtos pré-qualificados de empresas adicionais ajudem a nivelar o campo de atuação e garantir um fornecimento mais constante de insulina de qualidade em todos os países", afirmou Mariângela Simão, diretora-geral assistente para Acesso a Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos da OMS.

Mais de 420 milhões de pessoas vivem com diabetes. A doença é a sétima principal causa de morte e uma das principais causas de complicações dispendiosas e debilitantes, como ataques cardíacos, acidente vascular cerebral, insuficiência renal, cegueira e amputações de membros inferiores.

Pessoas com diabetes tipo 1 precisam de insulina para sobreviver e manter sua glicemia em níveis baixos para reduzir o risco de complicações comuns, como cegueira e insuficiência renal. Pessoas com diabetes tipo 2 precisam de insulina para controlar os níveis de glicose no sangue e evitar complicações quando os medicamentos orais se tornam menos eficazes à medida que a doença progride.

A pré-qualificação da insulina é um dos vários passos que a OMS tomará no próximo ano para lidar com a alta carga de diabetes. Estão em andamento planos para atualizar as diretrizes de tratamento da doença, elaborar estratégias de redução de preços para análogos e melhorar os sistemas de entrega e o acesso ao diagnóstico. A OMS também trabalha com países para promover dietas saudáveis e atividade física para reduzir o risco das pessoas de desenvolver diabetes tipo 2.

Nota aos editores

O Programa de Pré-Qualificação de Medicamentos da OMS contribui para acelerar e aumentar o acesso a produtos médicos críticos com garantia de qualidade, preço acessível e adaptados para mercados em países de baixa e média renda.

O programa faz isso avaliando produtos médicos desenvolvidos pelos fabricantes para garantir sua qualidade, segurança e eficácia, expandindo o conjunto de medicamentos de qualidade disponíveis.

A avaliação e a pré-qualificação dos produtos de saúde orientam as agências internacionais de compras, como Fundo Global, Gavi, Vaccine Alliance e UNICEF, e cada vez mais países a fazer compras em massa de medicamentos, vacinas, diagnósticos e outros produtos essenciais a preços mais baixos.