OPAS participará de Comitê Consultivo da Frente Parlamentar pela Eliminação da Malária na Amazônia

Mesa de abertura do evento com telão ao fundo com a inscrição "Frente Parlamentar pela Eliminação da Malária na Amazônia"
OPAS/OMS/Karina Zambrana
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Brasília, 18 de junho de 2025 – Brasília foi a cidade escolhida para o lançamento da Frente Parlamentar pela Eliminação da Malária na Amazônia, que contou com a presença de parlamentares e lideranças políticas, científicas e diplomáticas. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), anfitriã do evento, fará parte do Comitê Consultivo desta iniciativa junto com outras instituições, especialistas e pesquisadores, proporcionando suporte técnico e científico. 

Além de dar visibilidade à causa, a Frente Parlamentar tem o intuito de impulsionar a cooperação nacional e internacional para a eliminação da malária. Também visa fortalecer ações integradas no enfrentamento à doença, com foco na Amazônia Legal. A iniciativa articula Congresso Nacional, pesquisadores, gestores públicos, organismos internacionais e comunidades locais, promovendo políticas sustentáveis baseadas em evidências científicas. 

Segundo Dorinaldo Malafaia, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar pela Eliminação da Malária na Amazônia, “a partir de hoje esta não será apenas uma pauta técnica isolada nos corredores da vigilância epidemiológica. A malária entra definitivamente na agenda política do Congresso Nacional, do Poder Executivo, do Judiciário, dos Ministérios Públicos, das Embaixadas, da academia e da cooperação internacional”, declarou. O parlamentar defendeu que “não podemos aceitar que uma doença evitável e curável continue roubando vidas, oportunidades e futuros.” 

Jarbas Barbosa, diretor da OPAS, comemorou o lançamento da Frente Parlamentar. “O Brasil tem uma grande história de pesquisadores de renome mundial que trabalharam com a malária”, ressaltou, citando que o país pode ser um exemplo para a Região. Ele lembrou que a missão de acabar com a malária integra a Iniciativa de Eliminação, aprovada pelos países das Américas em 2019. “Nós temos um ministro da Saúde do Brasil que conhece a Amazônia, conhece a malária e tem um compromisso muito firme com a eliminação de doenças. Nós já temos ferramentas para avançar, o que nos deixa esperançosos. Sabemos do desafio que é eliminar a malária na Amazônia, uma região que por si só seria um continente, com uma diversidade tremenda, populações de difícil acesso e população indígena", destacou. 

“A gente não vai conseguir enfrentar esse desafio sem a parceria permanente da Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. "São regiões diversas, com complexidades diversas. A gente sabe que uma parte da situação da malária tem a ver com o garimpo ilegal, com atividades ilegais acontecendo dentro do território amazônico. Mas é possível fortalecer ainda mais o enfrentamento", acrescentou. 

O ministro substituto dos Povos Indígenas do Brasil, Eloy Terena, expressou o compromisso do Ministério em trabalhar junto à iniciativa. “Quando se fala do aspecto da malária em relação aos povos indígenas, sabemos que é uma doença que está notadamente concentrada na Amazônia, que é a casa de muitos povos tradicionais, dentre os povos indígenas. E do ponto de vista sociológico, a malária pode ser vista como uma doença colonial, porque ela é de fora e está intimamente ligada com o desapossamento de comunidades indígenas em seus territórios”, explicou, citando as iniquidades vividas pelos povos Yanomami e Munduruku. 

Também participaram da mesa de abertura Cristian Morales, representante da OPAS e da OMS; Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde; Cássio Roberto Peterka, superintendente de Vigilância em Saúde do Amapá representando o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS); Cláudio Tadeu Daniel Ribeiro, coordenador do Centro de Pesquisa, Diagnóstico e Treinamento em Malária da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Marcos Boulos, professor sênior da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do ABC (UFABC). Stephen Vreden, presidente da força-tarefa para eliminação da malária no Suriname, fez uma apresentação mostrando como seu país enfrentou e eliminou a doença. 

Situação nas Américas 

No Dia Mundial da Malária deste ano, comemorado em 25 de abril, a OPAS fez um chamado aos países pela reformulação de estratégias e pediu um esforço coletivo revitalizado para acelerar o progresso rumo à eliminação da doença nas Américas. 

Embora os países da região tenham feito progressos significativos na luta contra a malária, os dados mais recentes mostram uma estagnação na redução de casos. Em 2023, 505.600 casos de malária foram registrados nas Américas, 92% dos quais ocorreram na América do Sul. 

Brasil, Venezuela e Colômbia concentraram 80% de todos os casos, sendo este último país com o maior número de infecções por Plasmodium falciparum.  

Os povos indígenas continuam sendo afetados desproporcionalmente. Em 2023, representaram 31% de todos os casos de malária e 41% das mortes relacionadas à doença na região. Esses dados ressaltam a urgência de abordar as causas estruturais que impedem o acesso ao diagnóstico e ao tratamento. 

No âmbito da Iniciativa para a Eliminação de Doenças, a OPAS continua apoiando os países das Américas para garantir as conquistas alcançadas e promover parcerias com comunidades afetadas, setores e parceiros em cada país para eliminar a malária.