Mulheres e crianças estão sobrevivendo cada vez mais, afirma novo relatório da ONU

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23 de setembro de 2019 – Mulheres e suas crianças estão sobrevivendo cada vez mais, indicam novas estimativas de mortalidade infantil e materna divulgadas por grupos das Nações Unidas* liderados pelo UNICEF e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Desde 2000, as mortes infantis diminuíram quase pela metade e as mortes maternas em mais de um terço, principalmente devido a um melhor acesso a serviços de saúde disponíveis e de qualidade.

"Em países que oferecem a todas as pessoas serviços de saúde seguros, acessíveis e de alta qualidade, mulheres e bebês sobrevivem e prosperam", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, ressaltando que “este é o poder” da saúde universal.

Ainda assim, as novas estimativas revelam que 6,2 milhões de crianças menores de 15 anos morreram em 2018 e mais de 290 mil mulheres morreram devido a complicações durante a gravidez e o parto em 2017. Do total de mortes infantis, 5,3 milhões ocorreram nos primeiros 5 anos, com quase metade delas no primeiro mês de vida.

Mulheres e recém-nascidos são mais vulneráveis durante e imediatamente após o parto. Estima-se que 2,8 milhões de mulheres grávidas e recém-nascidos morram a cada ano, ou um a cada 11 segundos, principalmente por causas evitáveis, apontam as novas estimativas.

As crianças enfrentam o maior risco de morrer no primeiro mês de vida, principalmente se nascerem muito prematuramente ou muito pequenas, tiverem complicações durante o nascimento, defeitos congênitos ou infecções adquiridas. Cerca de um terço dessas mortes ocorrem no primeiro dia e quase três quartos na primeira semana.

"Em todo o mundo, o nascimento é uma ocasião alegre. No entanto, a cada 11 segundos, um nascimento é uma tragédia familiar", disse Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF. "Um par de mãos habilidosas para ajudar mães e recém-nascidos na época do nascimento, junto com água limpa, nutrição adequada, medicamentos básicos e vacinas, podem fazer a diferença entre vida e morte. Devemos fazer todo o possível para investir na cobertura universal de saúde para salvar essas preciosas vidas".

Grandes desigualdades em todo o mundo

As estimativas também mostram vastas desigualdades em todo o mundo, com mulheres e crianças na África Subsaariana enfrentando um risco de morte substancialmente mais alto do que em todas as outras regiões.

O nível de mortes maternas é quase 50 vezes maior para as mulheres na África Subsaariana e seus bebês têm uma probabilidade 10 vezes maior de morrer no primeiro mês de vida, em comparação com aqueles dos países de alta renda.

Em 2018, uma em cada 13 crianças na África Subsaariana morreu antes de seu quinto aniversário – 15 vezes maior do que o risco que uma criança enfrenta na Europa, onde apenas uma em 196 crianças com menos de 5 anos morre.

As mulheres na África Subsaariana enfrentam um risco de vida de 1 em 37 durante a gravidez ou parto. Em comparação, esse risco para uma mulher na Europa é de 1 em 6.500. A África Subsaariana e o Sul da Ásia são responsáveis por cerca de 80% das mortes maternas e infantis no mundo.

Os países em conflito ou crise humanitária geralmente têm sistemas de saúde mais frágeis, o que significa que mulheres e crianças não têm acesso a cuidados essenciais e vitais. As mulheres enfrentam o maior risco de morrer durante a gravidez ou parto no Sudão do Sul, Chade, Serra Leoa, Nigéria, República Centro-Africana e Somália.

Progresso associado à cobertura universal de saúde

O mundo fez progressos substanciais na redução da mortalidade infantil e materna. Desde 1990, houve uma diminuição de 56% nas mortes de crianças menores de 15 anos, de 14,2 milhões para 6,2 milhões em 2018. Os países do leste e sudeste da Ásia fizeram mais progressos, com um declínio de 80% nas mortes de menores de 5 anos.

De 2000 a 2017, a taxa de mortalidade materna diminuiu 38%. A Ásia Central e Sul da Ásia* fizeram as mais significativas melhorias na sobrevida das mães, com uma redução de 60% na taxa de mortalidade materna desde 2000.

Bangladesh, Belarus, Camboja, Cazaquistão, Malauí, Marrocos, Mongólia, Ruanda, Timor-Leste e Zâmbia são alguns dos países que demonstraram progressos substanciais na redução da mortalidade infantil ou materna. O sucesso se deve à vontade política de melhorar o acesso a serviços de saúde de qualidade, investindo na força de trabalho em saúde, introduzindo atendimento gratuito para gestantes e crianças e apoiando o planejamento familiar. Muitos desses países se concentram na atenção primária à saúde e na saúde universal.

Nota para editores

Para as crianças que sobrevivem ao primeiro mês de vida, as doenças infecciosas, como pneumonia, diarreia e malária, são as que mais matam no mundo. Entre crianças mais velhas, as lesões – incluindo as de trânsito e afogamentos – se tornam importantes causas de morte e incapacidade.

As mortes maternas são causadas por complicações obstétricas, como pressão alta durante a gravidez e sangramento grave ou infecções durante ou após o parto; e cada vez mais devido a uma doença ou condição existente agravada pelos efeitos da gravidez.

Metas globais

A meta global para acabar com a mortalidade materna evitável (meta 3.1 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS) é reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 por 100 mil nascidos vivos até 2030. O mundo ficará aquém dessa meta em mais de 1 milhão de vidas se o ritmo atual de progresso se mantiver.

A meta dos ODS (3.2) para acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças com menos de 5 anos é reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e mortalidade de crianças com menos de 5 anos para 25 por 1.000 nascidos vivos. Em 2018, 121 países já haviam atingido essa taxa de mortalidade para menores de 5 anos. Entre os 74 restantes, 53 países precisarão acelerar o progresso para alcançar a meta dos ODS de sobrevivência infantil até 2030.

*O Grupo Interagencial das Nações Unidas para Estimativa de Mortalidade Infantil (UN IGME) é liderado pelo UNICEF e inclui a OMS, o Grupo Banco Mundial e a Divisão de População das Nações Unidas.

O UN IGME foi formado em 2004 para compartilhar dados sobre a mortalidade infantil, melhorar os métodos de estimativa da mortalidade infantil, relatar o progresso em direção às metas de sobrevivência infantil e aprimorar a capacidade do país de produzir estimativas oportunas e adequadamente avaliadas da mortalidade infantil. Para mais informações, visite: http://www.childmortality.org

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