Mais de 6 milhões de pessoas recebem tratamento para hipertensão por meio da iniciativa HEARTS nas Américas em 28 países da região — 60% conseguiram controlar a pressão arterial
Nova Iorque, 23 de setembro de 2025 (OPAS) — Em um evento paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas realizado nesta terça-feira (23/9) no Yale Club, o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, fez um chamado urgente para intensificar o controle da hipertensão nas Américas.
O evento, copatrocinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Resolve to Save Lives e Bloomberg Philanthropies, coincidiu com a publicação do segundo Relatório Mundial sobre Hipertensão da OMS, que revela que 1,4 bilhão de pessoas no mundo têm pressão arterial elevada, mas apenas uma em cada cinco a mantém sob controle.
“O relatório confirma o que já sabemos: a hipertensão continua sendo a ameaça mais letal à saúde, mas também a mais manejável”, afirmou Barbosa. “Por trás desses números estão milhões de acidentes vasculares cerebrais, infartos, insuficiência renal, demência, incapacidades e mortes prematuras que poderiam ser evitados.”
O relatório da OMS aponta lacunas na prevenção e no tratamento da hipertensão, especialmente em países de baixa e média renda, onde apenas 28% contam com disponibilidade constante de todos os medicamentos recomendados pela OMS em farmácias ou unidades de atenção primária, em comparação com 93% nos países de alta renda. A hipertensão não controlada custou a essas nações aproximadamente 3,7 trilhões de dólares entre 2011 e 2025, o que equivale a cerca de 2% de seu PIB combinado.
No entanto, “intervenções bem-sucedidas são possíveis e já estão acontecendo”, enfatizou o diretor da OPAS. Países que priorizam o controle da hipertensão, adotam políticas públicas sólidas como a redução do consumo de sal e de tabaco e fortalecem a atenção primária com protocolos padronizados e acesso a medicamentos estão obtendo melhores resultados.
Iniciativa HEARTS: um modelo de sucesso
A iniciativa HEARTS nas Américas, que implementa o pacote técnico Global HEARTS da OMS, exemplifica esse progresso. “Hoje, 33 países estão comprometidos com a HEARTS, 28 a implementam ativamente, 12 a integraram em mais de 80% de suas redes de atenção primária e mais de 10 mil estabelecimentos participam. Mais de 6 milhões de pessoas recebem tratamento para hipertensão, com 60% tendo conseguido controlar a pressão arterial”, detalhou Barbosa.
O diretor da OPAS destacou o impacto da HEARTS: em El Salvador e Cuba, impulsionou a transformação da atenção primária; na República Dominicana, mais de 4 milhões de pessoas se beneficiam de tratamento gratuito para hipertensão e diabetes; no Chile, farmacêuticos e enfermeiros capacitados acompanham pacientes sob o modelo de redistribuição de tarefas; no Equador, a capacitação HEARTS foi adotada como estratégia nacional. Além disso, 1,5 milhão de profissionais de saúde já foram treinados por meio do Campus Virtual da OPAS.
Para Barbosa, a HEARTS demonstrou como a evidência pode se traduzir em ação em larga escala — “simplificando decisões clínicas, melhorando a continuidade do cuidado, permitindo a redistribuição de tarefas e garantindo acesso confiável a medicamentos e dispositivos validados”.
A iniciativa também está ajudando os países a repensarem o manejo das doenças cardiovasculares, renais e metabólicas na atenção primária. “Esses avanços provam que as ferramentas funcionam e nos dão confiança para acelerar ainda mais o progresso no controle da hipertensão e na gestão das doenças crônicas não transmissíveis”, afirmou o diretor da OPAS.
Rumo ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Com apenas cinco anos para cumprir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3.4 — reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis — Barbosa destacou a urgência de ampliar as intervenções bem-sucedidas. “A OPAS está construindo sobre os êxitos da HEARTS para ampliar a iniciativa integral ‘Melhor Atenção para as DCNT’”, disse. Ele também ressaltou o Fundo Estratégico da OPAS, que apoia a compra consolidada de medicamentos e tecnologias em saúde de qualidade a preços competitivos.
“Conhecemos o custo da inação — milhões de vidas perdidas prematuramente por doenças preveníveis”, concluiu Barbosa. “As ferramentas existem, a evidência é clara, e agora é o momento de agir com urgência, equidade e solidariedade para garantir que alcancemos as metas globais para as DCNT, sem deixar ninguém para trás.”
