Imunização nas Américas: Brasil inicia Mês de Vacinação dos Povos Indígenas

Ministro da Saúde do Brasil vacinando indigena
OPAS/OMS/Karina Zambrana
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Banzaê (BA), 29 de abril de 2025 – A aldeia Cajazeiras, do povo indígena Kiriri, no município de Banzaê, norte da Bahia, foi sede para o lançamento do Mês de Vacinação dos Povos Indígenas (MVPI) no Brasil, na sexta-feira (25/04). O MVPI é uma campanha promovida pelo Ministério da Saúde para reforçar a imunização da população indígena e integra as ações da Semana de Vacinação nas Américas, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Com vestimentas trançadas com palha de pindoba, uma espécie de palmeira, e ao som da zabumba, a comunidade transformou a escola da aldeia em um espaço de celebração da saúde. O cacique Manoel Kiriri, liderança da Aldeia Araçás, trouxe toda a sua família para participar do evento, que, em parceria com o governo da Bahia, ofereceu além das vacinas dos SUS , exames, avaliações odontológicas, testes rápidos e atividades formativas, de promoção da saude e de prevenção de doenças.

"A importância [dessa ação] é que a saúde está perto de nós. Quando a gente não tinha vacinas, os indígenas não resistiam, porque tinha o sarampo, a febre amarela, a catapora. E com a imunização a gente está aumentando o quantitativo de indígenas, não só no território Kiriri, mas em toda a Bahia, no Brasil e no mundo", destacou o cacique.

O Mês de Vacinação dos Povos Indígenas busca intensificar a vacinação nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas do país, alcançando mais de 70 mil indígenas em 962 aldeias. Até 24 de maio, a expectativa é aplicar cerca de 95 mil doses de vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, reforçando a proteção contra diversas doenças.

"O dia de hoje marca o lançamento do mês das Américas de vacinação. Porque se tem uma coisa que junta as Américas inteiras são os povos indígenas e a população que a gente precisa ir atrás para vacinar", afirmou o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltando que a campanha começa pelos povos indígenas, mas se estende a toda a população no Brasil.

Em muitos territórios do país, o acesso à vacinação é desafiador: profissionais de saúde percorrem trilhas, atravessam rios ou sertão e, em alguns casos, dependem de aeronaves  e voadoras para chegar às aldeias. Mais de 2,5 mil trabalhadores da saúde estão mobilizados para garantir que a imunização alcance todos os territórios indígenas do Brasil.

Dejany Andrade Kiriri, técnica de enfermagem há 13 anos no território onde nasceu e cresceu, relatou que não há hesitação vacinal nessa comunidade. Ainda assim, ações como o MVPI são essenciais para atualizar as cadernetas e esclarecer dúvidas das famílias.

"O que costuma faltar [nas cadernetas] mesmo é só o reforço da vacina DT [que protege contra a difteria e o tétano], que é feito a cada 10 anos, e às vezes a da gripe, que é aplicada durante a campanha", explicou Dejany, que também levou toda a família para o evento.

A ação está articulada com a 23ª Semana de Vacinação nas Américas (SVA) e a 14ª Semana Mundial de Vacinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), iniciativas que mobilizam países para fortalecer a proteção por meio da imunização.

"Vacinar é mais do que proteger contra doenças. É um pacto coletivo, que une ciência e saberes tradicionais, o Estado e os povos originários. É também um ato de equidade: combate desigualdades históricas, fortalece direitos e respeita as culturas indígenas", destacou Cristian Morales, representante da OPAS e da OMS no Brasil.

A SVA ocorre de 26 de abril a 3 de maio, com o lema: “Sua decisão faz a diferença”. Em 2025, a campanha está alinhada à Iniciativa de Eliminação de Doenças da OPAS, que visa acelerar a eliminação de mais de 30 doenças transmissíveis e condições relacionadas até 2030, 11 delas evitáveis por vacinação.