
Brasília, 29 de abril de 2025 – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) participou nesta terça-feira (29) do Seminário Internacional de Monitoramento do Desenvolvimento na Primeira Infância, promovido pelo Ministério da Saúde do Brasil. Os objetivos do evento – que contou com a participação de representantes do Chile, Uruguai e México – foram criar oportunidades para troca de experiências entre atores nacionais e internacionais, promover um debate especializado sobre o tema, fortalecer a cooperação entre países da América Latina e fornecer subsídios para políticas públicas.
A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES), a Rede de Monitoramento do Desenvolvimento Infantil (REMDI) e o Diálogo Interamericano (IAD) também participaram e apoiaram a realização do seminário.
Segundo Elisa Prieto, representante adjunta da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, o desenvolvimento na primeira infância exige a liderança e o compromisso de muitos setores, incluindo saúde, educação, desenvolvimento social e famílias e comunidades. “Investir no início da vida é uma das ações mais potentes que podemos fazer. É bom para os governos, para as comunidades, para as empresas, mas, acima de tudo, é essencial para garantir que cada criança tenha a chance de crescer saudável, segura e pleno de possibilidades”, afirmou.
No entanto, ainda existem muitos desafios a enfrentar na Região das Américas. “Cerca de 13% das crianças apresentam atrasos no desenvolvimento — e sabemos que essa realidade é ainda mais grave em contextos em que a fome, a pobreza e a violência persistem. Precisamos medir melhor, para cuidar melhor”, complementou Elisa Prieto.
No caso do Brasil, espera-se que os debates e conclusões do seminário possam apoiar a definição de uma estratégia para o monitoramento populacional do desenvolvimento infantil, com o objetivo de subsidiar a implementação da Política Nacional Integrada para a Primeira Infância.
Ilano Barreto, secretário adjunto de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, ressaltou que “esse tema é fundamental para que se tenha informações precisas para tomar decisão. Na verdade, esse é o grande ponto: como que a gente, enquanto governo brasileiro, desenha a política de uma perspectiva mais tática operacional. Este é o desafio que aqui está colocado.” E acrescentou: “É assim que as crianças vão ter uma melhor avaliação, vão estar em espaços mais protegidos e também em um espaço de desenvolvimento de forma multidisciplinar.”
Desenvolvimento na primeira infância
Os primeiros anos de vida são críticos para o desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional das crianças, sendo essenciais para que se tornem adultos plenos. Medir o desenvolvimento na primeira infância é fundamental para que decisores políticos, organizações e outros atores tenham as informações necessárias para elaborar e implementar políticas e programas eficazes.
Avaliações em nível populacional são utilizadas para o monitoramento do desenvolvimento das crianças. Essencialmente, essa prática envolve avaliar o desenvolvimento infantil, incluindo a análise dos fatores de risco ou de proteção presentes no ambiente familiar e social, bem como a avaliação das habilidades e capacidades da criança de acordo com a sua faixa etária.
Modelo de Cuidados Integrais
A OMS, o UNICEF e o Banco Mundial lançaram o Modelo de Cuidados Integrais, um guia para apoiar o desenvolvimento infantil. Esse modelo incentiva a implementação de políticas e serviços integrados e efetivos para garantir ambientes que atendam às necessidades de nutrição e saúde das crianças, sejam acolhedores e emocionalmente receptivos, protegidos de violências e adversidades, que ofereçam estímulos adequados ao desenvolvimento, além de oportunidades para brincar e explorar. O objetivo é ajudar as crianças a sobreviverem e se desenvolverem, transformando, assim a saúde e o potencial humano.