A preparação dos sistemas de saúde é fundamental, seja em resposta à COVID-19, eventos climáticos extremos ou gripe
Washington D.C., 1 de junho de 2022 (OPAS) – À medida que os países das Américas observam um aumento no número de casos de COVID-19 pela sexta semana consecutiva, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, pediu mais vigilância durante as temporadas de gripe e furacões.
Na semana passada, os países da região notificaram um aumento de 10,4% nos casos de COVID-19 e de 14% nas mortes, um presságio para uma “dupla ameaça de um potencial surto de gripe ao lado de um aumento nos casos de COVID-19”, afirmou a diretora.
Os casos de gripe têm sido excepcionalmente baixos desde o início da COVID-19, há mais de dois anos, mas o cenário começou a mudar, disse Etienne durante a coletiva de imprensa semanal da OPAS, realizada nesta quarta-feira (1). “O vírus da gripe está circulando novamente e não apenas durante a temporada tradicional”, acrescentou.
México e Peru registraram um número maior de casos de gripe do que o esperado e Argentina, Chile e Uruguai notificaram mais hospitalizações do que o normal devido à gripe.
Casos de vírus respiratórios no Chile, Paraguai, Brasil, Equador e República Dominicana também aumentaram entre crianças pequenas.
Embora a maioria dos países tenha integrado a vigilância da COVID-19 aos esforços para rastrear o vírus da gripe, a diretora da OPAS destacou que devem aproveitar essa capacidade “para identificar rapidamente os diferentes vírus respiratórios que circulam nas Américas”.
Etienne também pediu às pessoas que estejam em dia com a vacina contra a gripe, pois isso reflete as cepas que circulam agora e pode fornecer melhor proteção a todos em risco. As campanhas de vacinação contra a gripe são importantes todos os anos, mas ainda mais em 2022, “já que estamos enfrentando vários riscos ao mesmo tempo”, disse.
A diretora da OPAS ressaltou que, embora a próxima temporada de gripe tenha impacto principalmente nos países do hemisfério sul, os países da América Central e do Caribe devem se preparar para a temporada de furacões. “Basta uma grande tempestade para destruir os meios de subsistência das pessoas, paralisar nossos sistemas de saúde e levar a inúmeras vidas perdidas.”
Além disso, com as mudanças climáticas levando a um aumento na frequência e no impacto de eventos climáticos extremos, como furacões e inundações, “precisamos nos preparar cedo para não sermos pegos de surpresa”.
Embora muitos países já tenham planos nacionais para eventos climáticos extremos, Etienne pediu aos líderes que garantam que estejam atualizados.
“Os países devem ter uma compreensão detalhada de suas áreas de risco e as prováveis populações e instalações de saúde que podem ser afetadas”, disse a diretora da OPAS.
A Organização continuará apoiando os países para avaliar os riscos e abordar as vulnerabilidades com antecedência. O programa de hospitais inteligentes da OPAS, que se concentra na renovação de centros de saúde em áreas vulneráveis a desastres naturais, também foi aplicado em toda a região, ajudando os países a resistirem a erupções vulcânicas, furacões e à pandemia.
“Nosso bem-estar e o de nossas sociedades dependem da resiliência de nossos sistemas de saúde. Esta é uma lição importante da COVID-19 que não podemos ignorar” e que será abordada pelos chefes de Estado durante a próxima Cúpula das Américas em Los Angeles, no dia 6 de junho.
Os sistemas de saúde da região, que ainda estão se recuperando das interrupções provocadas pela pandemia, não estão apenas enfrentando um aumento nos casos de COVID-19, mas estão sendo testados ainda mais pelo aumento nos atuais eventos de saúde pública, incluindo a varíola dos macacos, hepatite viral e outras infecções respiratórias.
O investimento urgente em saúde é, portanto, “essencial para garantir tudo o que esperamos para o futuro de nossa região: resiliência e segurança, prosperidade econômica e bem-estar de nosso povo”, acrescentou Etienne.
Referindo-se à situação da COVID-19 na região, a diretora informou que todas as sub-regiões, exceto as Ilhas do Caribe e do Oceano Atlântico, registraram aumentos em casos e mortes – com casos de COVID-19 na América do Sul aumentando 43,1% e mortes em 21,3% na América Central.