Mortes por doenças crônicas não transmissíveis nas Américas aumentaram 43% desde 2000, revela novo relatório da OPAS

Woman having her blood pressure checked
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Washington D.C., 2 de julho de 2025 (OPAS) – As mortes por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, aumentaram 43% nas Américas desde 2000, atingindo 6 milhões de mortes em 2021, de acordo com o novo relatório “NCDs at a Glance 2025”, publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

As DCNT são a principal causa de morte na Região, responsáveis ​​por 65% de todas as mortes - e quase 40% delas ocorrem antes dos 70 anos. Embora o envelhecimento e o crescimento populacional contribuam para essa carga, o aumento se deve em grande parte a fatores de risco modificáveis, como o consumo de tabaco, alimentação pouco saudável, falta de atividade física e consumo nocivo de álcool.

Segundo o relatório, as doenças cardiovasculares lideram com 2,16 milhões de mortes, seguidas por câncer (1,37 milhão), diabetes (mais de 420 mil) e doenças respiratórias crônicas (mais de 416 mil). O suicídio, a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, resultou na perda de 100.760 vidas.

“O aumento das mortes por DCNT é um alerta urgente”, disse Jarbas Barbosa, diretor da OPAS. “Muitas pessoas estão morrendo prematuramente de doenças que, em sua maioria, são preveníveis e tratáveis. Com detecção precoce, diagnóstico oportuno, acesso à atenção e políticas sólidas, podemos salvar vidas. Este relatório proporciona aos países as ferramentas necessárias para agir.”

Fatores de risco em crescimento

Em 2022, a obesidade afetava 33,8% das pessoas adultas — um aumento de 28% desde 2010 — e 35,6% não praticava atividade física suficiente. A prevalência de diabetes atingiu 13,1% - 43 milhões de pessoas com mais de 30 anos com a doença não têm acesso aos cuidados de que necessitam. A hipertensão afeta mais de um terço dos adultos, mas apenas 36,4% dos casos são controlados.

O relatório também aborda os desafios ambientais e de saúde mental. A poluição do ar aumenta o risco de doenças cardiovasculares e respiratórias. As taxas de suicídio aumentaram 17,4% desde 2000, com o número de mortes três vezes maior entre homens do que entre mulheres.

Alguns progressos, mas Região não está no caminho certo

Apesar do aumento geral no número total de mortes, as taxas de mortalidade ajustadas por idade mostram algum progresso desde 2000:

  • As taxas de mortalidade por DCNT diminuíram 16,2%.
  • As mortes por doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas diminuíram quase 30%.
  • As taxas de mortalidade por câncer diminuíram 24,6%.

Também houve progresso em alguns fatores de risco modificáveis ​​desde 2000:

  • O consumo de tabaco diminuiu 22,1%.
  • A cobertura do tratamento do diabetes aumentou de 46,6% para 57,7%.

No entanto, a Região das Américas não está no caminho certo para atingir a meta global de reduzir a mortalidade prematura por DCNT em 25% até 2025. Entre 2010 e 2021, a redução foi de apenas 8%. Apenas cinco países — Antígua e Barbuda, Argentina, Barbados, Chile e Granada — estão no caminho para atingir essa meta. Com esforços acelerados, mais 11 países na Região poderiam alcançá-la.

Um roteiro para acelerar o progresso

Para reduzir a carga das DCNT, os países devem fortalecer as políticas de prevenção — como o controle do tabaco e do álcool, a rotulagem frontal dos alimentos e a promoção da atividade física —, além de fortalecer a atenção primária para detectar e tratar precocemente hipertensão, diabetes e câncer. Também é essencial integrar a saúde mental e a prevenção do suicídio ao contexto da atenção primária.

Iniciativas da OPAS como o HEARTS — presente em 33 países e que permite acesso ao tratamento da hipertensão para 5,7 milhões de pessoas — são essenciais para a estratégia regional Melhor Atenção às DCNT, que apoia os países no fortalecimento de seus sistemas de saúde e na implementação de planos nacionais.

O relatório “NCDs at a Glance 2025”, o segundo do gênero produzido pela OPAS, também busca orientar políticas para a Quarta Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre prevenção e controle de DCNT e promoção da saúde mental e bem-estar, que será realizada em setembro deste ano. Nessa reunião, espera-se que os países adotem uma nova declaração política, representando uma oportunidade fundamental para avançar em direção a sistemas de saúde mais equitativos e sustentáveis ​​e abordar as causas estruturais das DCNT.

Link para o relatório: NCDs at a Glance 2025. NCDs surveillance and monitoring: Noncommunicable disease mortality and risk factor prevalence in the Americas