Casos de sarampo nas Américas chegam a 5 mil e OPAS amplia recomendações aos países

21 de agosto de 2018 – O número de casos confirmados de sarampo na Região das Américas mais que dobrou em um mês, conforme a mais recente atualização epidemiológica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), publicada nesta terça-feira (21).

Ao todo, onze países do continente notificaram 5.004 casos confirmados de sarampo em 2018: Antígua e Barbuda (1), Argentina (8), Brasil (1.237, incluindo seis mortes), Canadá (19), Colômbia (60), Equador (17), Estados Unidos (107), Guatemala (1), México (5), Peru (4) e Venezuela (3.545, incluindo 62 óbitos). Em 20 de julho, esses mesmos Estados Membros haviam confirmado 2.472 casos.

Tendo em vista a velocidade de propagação da doença pela Região, a OPAS ampliou as recomendações que já vinham sendo feitas aos países. Entre elas, aumentar a cobertura vacinal e fortalecer a vigilância epidemiológica, a fim de aumentar a imunidade da população e detectar/responder rapidamente a casos suspeitos de sarampo.

Além disso, o organismo internacional orienta que, durante surtos, seja estabelecido um manejo correto de casos intra-hospitalares para evitar a transmissão nosocomial, com um fluxo adequado de pacientes para salas de isolamento (evitando o contato com outros pacientes em salas de espera e/ou locais de internação.

As demais recomendações são:

  • Vacinar a população para manter uma cobertura homogênea de 95% com a primeira e a segunda dose da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola em todos os municípios.
  • Vacinar populações em risco (sem comprovação de vacinação ou imunidade contra sarampo e rubéola), como profissionais de saúde, pessoas que trabalham com turismo e transporte (hotelaria, aeroportos, motoristas de táxi, etc.) e viajantes internacionais.
  • Manter uma reserva de vacinas contra sarampo e rubéola e de seringas para controle de casos importados em cada país da Região.
  • Fortalecer a vigilância epidemiológica para detecção oportuna de todos os casos suspeitos de sarampo e garantir que as amostras sejam recebidas por laboratórios dentro de cinco dias após serem tomadas.
  • Fornecer uma resposta rápida frente aos casos importados de sarampo, com o objetivo de evitar o restabelecimento da transmissão endêmica (ou seja, que existe de forma contínua e constante dentro de uma determinada região). Uma vez ativada a equipe de resposta rápida, deve-se assegurar uma coordenação permanente entre os níveis nacionais e locais, com canais de comunicação permanentes e fluidos.
  • Identificar fluxos migratórios do exterior (chegada de estrangeiros) e fluxos internos (movimentos de grupos populacionais) em cada país, a fim de facilitar o acesso aos serviços de vacinação, de acordo com os calendários nacionais de imunização.

A OPAS também tem trabalhado diretamente, inclusive em atividades de campo, com vários dos países afetados. No Brasil, por exemplo, o organismo internacional está apoiando as ações de vacinação, vigilância, gestão, informação, educação, comunicação de risco e resposta rápida no estado do Amazonas, em coordenação com as autoridades de saúde nacionais, estaduais e municipais.

Já no estado de Roraima, a OPAS está auxiliando o governo federal do Brasil no fornecimento de seringas, na compra de materiais para manter a temperatura adequada das vacinas, na contratação de vacinadores, aluguel de veículos para transporte de equipes de saúde, planejamento de ações de imunização e no envio de especialistas para apoiar as autoridades nacionais e locais.

A atualização epidemiológica completa pode ser acessada em inglês ou espanhol.

Campanha

Para controlar os surtos e ampliar as coberturas vacinais, o Ministério da Saúde do Brasil está realizando uma Campanha Nacional Contra a Poliomielite e Sarampo (de 6 a 31 de agosto). Até esta segunda-feira (20) foi alcançado metade do público-alvo, com a vacinação de 51% das crianças de um a menores de cinco anos de idade. A meta do Ministério é imunizar pelo menos 95% das 11,2 milhões de crianças, independente da situação vacinal delas, e criar uma barreira sanitária de proteção da população brasileira.

Europa

A disseminação do sarampo tem se mostrado ainda mais crítica em outras áreas do mundo. Na Região da Europa, mais de 41 mil crianças e adultos foram infectados pela doença nos primeiros seis meses de 2018. O número total de casos para esse período excede os 12 meses reportados em todos os outros anos desta década.

Desde 2010, o ano com maior número de casos foi 2017: 23.927. Em 2016, registrou-se a menor quantidade: 5.273. Relatórios mensais de países também indicam que pelo menos 37 pessoas morreram devido à doença neste ano.

Informações essenciais para a população

  • O vírus causador do sarampo é espalhado por tosse e espirros, contato pessoal próximo ou contato direto com secreções nasais ou da garganta.
  • Entre os sintomas estão erupção cutânea (vermelhidão na pele), febre, nariz escorrendo, olhos vermelhos e tosse. Dentre as complicações mais graves estão cegueira, encefalite (infecção acompanhada de edema cerebral), diarreia grave (que pode provocar desidratação), infecções no ouvido ou infecções respiratórias graves, como pneumonia.
  • Pessoas com sinais de sarampo devem ser levadas para um centro de saúde imediatamente.
  • O vírus permanece ativo e contagioso no ar ou em superfícies infectadas por até duas horas e pode ser transmitido por uma pessoa infectada a partir de quatro a seis dias antes e quatro dias depois do aparecimento de erupções cutâneas (vermelhidão na pele).
  • No Brasil, quando a pessoa for se vacinar é importante levar junto o próprio cartão de vacinação e o das filhas ou filhos. Assim, os profissionais de saúde poderão ver se serão necessárias outras vacinas. Se a pessoa não tiver o cartão de vacinação, as vacinas também estarão disponíveis para ela. Mas é importante que se lembre de guardá-lo da próxima vez.
  • Às vezes, leve inchaço e vermelhidão podem ocorrer no local da injeção da vacina. Isso não deve ser motivo de preocupação e, normalmente, desaparece com compressas mornas e paracetamol.