UNICEF e OMS pedem ações urgentes para evitar grandes epidemias de sarampo e poliomielite

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Como a COVID-19 interrompeu alguns serviços de imunização, é necessário agir com urgência para proteger a maioria das crianças vulneráveis de doenças mortais e debilitantes
 
Genebra/Nova York, 6 de novembro de 2020 - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) fizeram nesta sexta-feira (6) um chamado urgente à ação para evitar grandes epidemias de sarampo e poliomielite, uma vez que a COVID-19 continua interrompendo serviços de imunização em todo o mundo, deixando milhões de crianças vulneráveis em alto risco de doenças infantis evitáveis.

As duas organizações estimam que US$ 655 milhões (US$ 400 milhões para a poliomielite e US$ 255 milhões para o sarampo) são necessários para preencher as perigosas lacunas de imunidade em países não elegíveis para a Gavi Alliance e alcançar  grupos por idade.

“A COVID-19 teve um efeito devastador nos serviços de saúde e, em particular, nos serviços de imunização em todo o mundo”, comentou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Mas, ao contrário da COVID-19, temos as ferramentas e o conhecimento para impedir doenças como a poliomielite e o sarampo. O que precisamos são de recursos e compromissos para colocar essas ferramentas e conhecimentos em ação. Se fizermos isso, vidas de crianças serão salvas.”

“Não podemos permitir que a luta contra uma doença mortal nos faça perder o rumo na luta contra outras doenças”, disse Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF. “Enfrentar a pandemia de COVID-19 é fundamental. No entanto, outras doenças mortais também ameaçam a vida de milhões de crianças em algumas das áreas mais pobres do mundo. É por isso que hoje estamos fazendo esse chamado urgente por uma ação global dos líderes dos países, doadores e parceiros. Precisamos de recursos financeiros adicionais para retomar com segurança as campanhas de vacinação e priorizar os sistemas de imunização que são essenciais para proteger as crianças e evitar outras epidemias além da COVID-19”, acrescentou.

Nos últimos anos, houve um ressurgimento global do sarampo com surtos contínuos em todas as partes do mundo. As lacunas na cobertura da vacinação foram ainda mais exacerbadas em 2020 pela COVID-19. Em 2019, o sarampo atingiu o maior número de novas infecções em mais de duas décadas. Os dados de mortalidade por sarampo em 2019, que serão divulgados na próxima semana, mostrarão o número contínuo de surtos prolongados em muitos países ao redor do mundo.

Ao mesmo tempo, estima-se que a transmissão do poliovírus selvagem aumente no Paquistão e no Afeganistão, bem como em muitas áreas da África com baixa cobertura vacinal. O fracasso em erradicar a poliomielite agora levará ao ressurgimento global da doença, responsável por até 200 mil novos casos por ano, dentro de 10 anos.

Novas ferramentas, incluindo uma nova vacina oral contra a poliomielite da próxima geração e um novo Plano Estratégico de Resposta aos Surtos de Sarampo devem ser implantados nos próximos meses para ajudar no enfrentamento às ameaças crescentes de uma maneira mais eficaz e sustentável e salvar vidas. O plano é uma estratégia mundial para prevenir, detectar e responder de forma rápida e eficaz aos surtos de sarampo.