Em encontro do G20 no Brasil, OPAS e OMS destacam importância da telessaúde para alcançar todas as pessoas e fortalecer sistemas de saúde

G20 telessaúde
Karina Zambrana/OPAS/OMS
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Brasília, 8 de abril de 2024 – Em evento do G20 sobre o uso da telessaúde, realizado nesta segunda-feira (08/04), em Brasília, Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacaram a importância de usar essa tecnologia para fortalecer a resiliência dos sistemas de saúde e alcançar a todas as pessoas.

No encontro, o diretor do Departamento de Saúde Digital e Inovação da OMS, Alain Labrique, disse que, durante a Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional relacionada à COVID-19, o uso da telessaúde para reduzir os riscos clínicos e garantir a continuidade dos cuidados foi um exemplo de utilização da saúde digital para reforçar a resiliência dos sistemas de saúde.

Ele citou dados do relatório “The Future of Virtual Health and Care Driving access and equity through inclusive policies”, publicado em 2022 pela Broadband Commission for Sustainable Development, OMS e parceiros, para demonstrar a ampliação no uso da telessaúde no mundo. “Foi notada uma expansão maciça entre todas as regiões da OMS – de um crescimento de 700% no uso de cuidados virtuais na Colômbia para um aumento de 1.200% na Nigéria”, afirmou

De acordo com Labrique, a experiência dos pacientes e dos prestadores de cuidados durante a pandemia de COVID-19 levou ao desejo de continuar a utilização dos cuidados virtuais, como teleconsulta e telediagnóstico, em muitos países. Ele também ressaltou a importância de políticas atualizadas para viabilizar e incentivar o uso dessas tecnologias no mundo.

“A experiência do Brasil com telessaúde ao longo de três décadas ilustra a importância de ter estruturas regulatórias robustas para apoiar o estabelecimento, o crescimento e a maturação de um ambiente propício para a telessaúde”, avaliou.

Marcelo D’Agostino, chefe da unidade de Sistemas de Informação e Saúde Digital da OPAS, também parabenizou as ações desenvolvidas pelo Brasil nessa área, afirmando que servem como exemplo para outros países de como usar a telessaúde para alcançar a todas as pessoas, sem deixar ninguém para trás.

Ele também destacou as discussões que teve com países e territórios das Américas para elencar temas prioritários de trabalho conjunto com a OPAS. “É essencial – e o Brasil é um exemplo disso pelo projeto icônico na Amazônia – entender os contextos socioculturais ao focar na aplicação de qualquer tipo de solução digital”, disse.

D’Agostino pontuou ainda que é preciso fortalecer as políticas públicas e marcos regulatórios, participar na co-criação de bens públicos digitais, implementar programas de literacia digital para profissionais de saúde, ter sistemas de saúde mais resilientes baseados na atenção primária, participar em esforços regionais e globais de saúde digital e apoiar o desenvolvimento de uma arquitetura de referência para a transformação digital.

Reunião do G20 sobre telessaúde

Durante o evento, Mariana Faria, assessora sênior de Relações Externas, Parcerias e Mobilização de Recursos da OPAS, chamou a atenção para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID), onde o foco na transformação digital na saúde pública deve ser adaptado para enfrentar os seus desafios únicos, incluindo recursos limitados, vulnerabilidade a desastres naturais e isolamento geográfico.

“Investir em infraestruturas digitais sustentáveis e resilientes é crucial para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento. Isso inclui não apenas os componentes físicos necessários para a conectividade digital, mas também a resiliência destes sistemas contra catástrofes naturais”, destacou.

Investimento

O cientista-chefe da OMS, Jeremy Farrar, ressaltou a importância de o G20 atentar não apenas para a implementação do que existe atualmente, mas também se antecipar, de modo a estar mais bem preparado para o futuro. “A OMS está a postos para desempenhar seu papel na governança, harmonização, fornecimento de normas, compartilhamento de boas práticas e reforço das instituições em todos os nossos Estados-Membros”, enumerou.

“Para isso, e tendo em vista que este é o ano da rodada de investimentos, gostaríamos também do financiamento necessário para fazer esse trabalho plenamente”, acrescentou o cientista-chefe da OMS.

Em outro evento do G20, realizado na tarde desta segunda-feira (08/04) com foco em investimentos na saúde digital, o diretor de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS, James Fitzgerald, destacou a Aliança para a Atenção Primária de Saúde nas Américas (AxAPS), que foi firmada pela OPAS com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial, em dezembro do ano passado. “Essa Aliança vai promover, aumentar e melhorar a qualidade dos investimentos na atenção primária de saúde nas Américas, inclusive na saúde digital”, observou Fitzgerald.

Ele também mencionou a importância de adaptar as estratégias para responder às necessidades das pessoas, nos locais onde vivem, tendo em consideração o contexto do sistema de saúde e do território, bem como as necessidades de cada população e os determinantes sociais da saúde. “Somente por meio dessa abordagem integrada poderemos aproveitar a promessa da saúde digital e melhorar os resultados de saúde para todas as pessoas”, concluiu.

G20

O Grupo dos Vinte (G20) é um fórum de cooperação econômica internacional composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois órgãos regionais: a União Africana e a União Europeia. A Presidência do G20 é atualmente ocupada pelo governo brasileiro.