OMS atualiza lista de medicamentos essenciais para incluir tratamentos-chave contra câncer e diabetes

Tablets and pills of multiple sizes and colors
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8 de setembro de 2025 (OPAS) – Nesta sexta-feira (5/9), a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou as edições atualizadas de suas Listas Modelo de Medicamentos Essenciais (EML) e de Medicamentos Pediátricos Essenciais (EMLc), adicionando novos tratamentos para diversos tipos de câncer e diabetes com comorbidades associadas, como obesidade. Medicamentos para fibrose cística, psoríase, hemofilia e distúrbios sanguíneos estão entre as outras inclusões.

As listas EML e EMLc da OMS incluem medicamentos para atender às necessidades prioritárias de saúde das populações. São adotadas em mais de 150 países e servem como base para aquisição pelo setor público, fornecimento de medicamentos, planos de saúde e seguros de reembolso. As revisões marcam a 24ª edição da EML e a 10ª edição da EMLc.

“As novas edições das listas de medicamentos essenciais representam um passo significativo para ampliar o acesso a novos medicamentos com benefícios clínicos comprovados e alto potencial de impacto na saúde pública global”, disse Yukiko Nakatani, diretora adjunta de Sistemas de Saúde, Acesso e Dados.

Lançadas em 1977, principalmente para promover melhor acesso a medicamentos em países em desenvolvimento, as Listas Modelo da OMS tornaram-se uma ferramenta de política global confiável para decisões relacionadas à seleção e à cobertura universal de medicamentos em todos os sistemas de saúde.

O Comitê de Especialistas da OMS sobre Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais revisou 59 solicitações, incluindo 31 propostas para a adição de novos medicamentos ou classes de medicamentos. Como resultado, 20 novos medicamentos foram adicionados à EML e 15 à EMLc, junto com novas indicações de uso para sete produtos já listados. As listas atualizadas agora incluem um total de 523 medicamentos essenciais para adultos e 374 para crianças, refletindo as necessidades mais urgentes de saúde pública.

Medicamentos para câncer

O câncer é a segunda causa de morte no mundo, provocando quase 10 milhões de mortes por ano e responsável por quase uma em cada três mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis. Os tratamentos contra o câncer têm sido o foco principal da EML da OMS na última década. Com os medicamentos para câncer representando hoje cerca de metade de todas as novas aprovações de drogas por agências reguladoras, o Comitê de Especialistas aplica critérios rigorosos para recomendar apenas terapias que ofereçam o maior benefício clínico. Como resultado, poucos medicamentos aprovados para câncer são incluídos – apenas aqueles comprovadamente capazes de prolongar a vida em pelo menos 4 a 6 meses.

Sete solicitações envolvendo 25 medicamentos contra câncer foram avaliadas. Como parte de esforços mais amplos para reduzir desigualdades na atenção oncológica, o Comitê recomendou ampliar o acesso a inibidores do ponto de controle imunológico PD-1/PD-L1, uma classe de medicamentos de imunoterapia que ajudam o sistema imunológico a reconhecer e atacar células cancerígenas de forma mais eficaz. O pembrolizumabe foi adicionado à EML como monoterapia de primeira linha para câncer de colo do útero metastático, câncer colorretal metastático e câncer de pulmão de células não pequenas metastático. Para este último, atezolizumabe e cemiplimabe estão incluídos como alternativas terapêuticas.

O Comitê também considerou diversas estratégias recomendadas por especialistas – destacadas no relatório de especialistas em câncer – com o objetivo de melhorar o acesso e a acessibilidade dos tratamentos oncológicos. Endossou estratégias clínicas e de sistemas de saúde baseadas em evidências, incluindo abordagens de otimização de dose, para melhorar o acesso. O Comitê enfatizou que, enquanto reformas nos sistemas de saúde exigem tempo e ação governamental, estratégias clínicas podem ser implementadas imediatamente para gerar benefícios mais rápidos, especialmente em contextos com recursos limitados.

Medicamentos para diabetes e obesidade

Diabetes e obesidade são dois dos desafios de saúde mais urgentes no mundo atualmente. Mais de 800 milhões de pessoas viviam com diabetes em 2022, metade sem tratamento. Ao mesmo tempo, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem com obesidade, com taxas de crescimento especialmente rápidas em países de baixa e média renda. Essas duas condições estão intimamente ligadas e podem levar a problemas graves de saúde, incluindo doenças cardíacas e insuficiência renal.

O Comitê de Especialistas da OMS revisou evidências científicas sólidas mostrando que um grupo de medicamentos agonistas do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) pode ajudar pessoas com diabetes tipo 2 – especialmente aquelas que também possuem doenças cardíacas ou renais – ao melhorar o controle da glicemia, reduzir o risco de complicações cardíacas e renais, reduzir o peso e até diminuir o risco de morte precoce.

Agonistas do GLP-1 – semaglutida, dulaglutida e liraglutida – e a tirzepatida – que atua como agonista deste receptor e do peptídeo insulinotrópico dependente de glicose – foram adicionados à EML. Eles são usados como terapia hipoglicemiante para adultos com diabetes mellitus tipo 2 com doença cardiovascular ou doença renal crônica estabelecida e obesidade (definida como índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m²). Isso fornece orientação clara aos países sobre quais pacientes podem se beneficiar mais dessas terapias.

Os altos preços de medicamentos como semaglutida e tirzepatida limitam o acesso. Priorizar os que mais se beneficiariam, incentivar a concorrência de genéricos para reduzir preços e disponibilizar esses tratamentos na atenção primária à saúde – especialmente em áreas com menos recursos – são medidas essenciais para ampliar o acesso e melhorar os resultados em saúde. A OMS continuará monitorando os desenvolvimentos, apoiando estratégias de preços justos e ajudando os países a melhorarem o acesso a esses tratamentos transformadores.

“Uma grande parte dos gastos diretos com doenças crônicas não transmissíveis é destinada a medicamentos, incluindo aqueles classificados como essenciais e que, em princípio, deveriam ser financeiramente acessíveis a todos”, disse Deusdedit Mubangizi, diretor de Políticas e Normas para Medicamentos e Produtos de Saúde da OMS. “Alcançar acesso equitativo a medicamentos essenciais exige uma resposta coerente do sistema de saúde, apoiada por forte vontade política, cooperação multissetorial e programas centrados nas pessoas, que não deixem ninguém para trás.”

Mais detalhes sobre as recomendações do Comitê de Especialistas, descrevendo inclusões, alterações e remoções de medicamentos e formulações, assim como decisões de não recomendação, estão disponíveis neste Resumo Executivo.

Nota aos editores

A reunião do 25º Comitê de Especialistas da OMS sobre Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais foi realizada na Sede da OMS em Genebra, Suíça, de 5 a 9 de maio de 2025. O Comitê avaliou 59 solicitações, analisando evidências científicas sobre eficácia, segurança, custo comparativo e custo-efetividade global de cada medicamento para embasar suas recomendações. O Comitê também considerou propostas relacionadas às definições e à atualização da classificação AWaRe (Access, Watch, Reserve) de antibióticos.

As Listas Modelo são atualizadas a cada dois anos por um Comitê de Especialistas, composto por profissionais reconhecidos da academia, pesquisa e das profissões médica e farmacêutica, para enfrentar novos desafios de saúde, priorizar terapias altamente eficazes e melhorar o acesso.