Vacinação infantil tem avanços nas Américas, no entanto, mais de 1,4 milhão de crianças não receberam vacinas de rotina em 2024

Boys show their vaccination record cards

 OPAS pede que países redobrem esforços para alcançar crianças não vacinadas e preencher lacunas no acesso à imunização

Washington D.C., 15 de julho de 2025 (OPAS) — A vacinação infantil nas Américas mostrou sinais encorajadores de recuperação em 2024, mas ainda existem lacunas significativas. De acordo com novos dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de 1,4 milhão de crianças na Região não receberam nenhuma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP), um aumento no número das chamadas "crianças com zero doses".

Essas descobertas fazem parte das Estimativas de Cobertura Nacional de Imunização da OMS e do UNICEF (WUENIC, na sigla em inglês), que revelam que embora a cobertura global de vacinação infantil tenha se estabilizado, quase 20 milhões de crianças em todo o mundo não receberam pelo menos uma dose de DTP, incluindo 14,3 milhões que não receberam nenhuma vacina. Nas Américas, o número de crianças que não receberam nenhuma dose aumentou em 186 mil em relação ao ano anterior, atingindo um total de 1.465.000.

“As Américas demonstraram um firme compromisso com a proteção de sua população infantil, mas as lacunas na cobertura nos lembram que precisamos fazer mais”, disse Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Escritório Regional da OMS para as Américas. “A vacinação continua sendo uma das ferramentas mais eficazes para prevenir doenças e salvar vidas. Não podemos permitir que nenhuma criança fique desprotegida”, acrescentou.

Avanços na região: melhorias na cobertura contra sarampo, caxumba, rubéola e hepatite B

A cobertura vacinal melhorou para vários antígenos importantes:

  • MMR (sarampo, caxumba e rubéola): a cobertura com a primeira dose aumentou de 86% para 88%, e com a segunda dose, de 75% para 77%.
  • Vacina pneumocócica conjugada (PCV3): aumentou de 76% para 79%.
  • Hepatite B ao nascer: cobertura aumentou de 64% para 68%, um passo significativo para a eliminação da doença.

Em relação à vacina contra o papilomavírus humano (HPV), as Américas lideram o mundo, com 76% de cobertura entre meninas menores de 15 anos que receberam ao menos uma dose. No entanto, ainda é necessário avançar para atingir a meta mínima de 90%.

Desafios persistentes na cobertura e taxas de evasão da DTP

Apesar desses avanços, a cobertura da primeira dose da DTP (DTP1) nas Américas diminuiu ligeiramente de 90% em 2023 para 89% em 2024, revertendo uma tendência positiva e contribuindo para o aumento de crianças que receberam zero doses. A cobertura da terceira dose (DTP3) permaneceu em 86%, mas nove dos 35 países e territórios notificaram níveis abaixo de 80%, aumentando o risco de surtos. Além disso, três países registraram taxas de evasão acima de 10% entre a primeira e a terceira dose.

Essas lacunas refletem barreiras persistentes ao acesso equitativo e à continuidade da vacinação, especialmente em comunidades marginalizadas ou de difícil acesso.

Fortalecer sistemas de imunização na região

A OPAS trabalha em estreita colaboração com os países para fortalecer seus programas nacionais de imunização por meio de avaliações de maturidade do Programa Nacional de Imunização, que foram realizadas em 12 países nos últimos dois anos e meio e estão atualmente em andamento em Honduras, República Dominicana e Bolívia.

A Organização também está apoiando os países a alcançarem crianças que não foram vacinadas durante a pandemia de COVID-19, com aumentos esperados na cobertura entre 1% e 4% entre esses grupos.

A OPAS recomenda que os países priorizem ações como:

  • Identificar e alcançar crianças que não receberam nenhuma dose com estratégias adaptadas localmente.
  • Fortalecer os sistemas de acompanhamento para reduzir as taxas de evasão.
  • Garantir a disponibilidade e o acesso às vacinas.
  • Capacitar profissionais de saúde e trabalhar com as comunidades para combater a desinformação.
  • Integrar a vacinação a uma atenção primária à saúde robusta para evitar perder oportunidades.

“Os Estados Membros devem permanecer comprometidos em fortalecer suas estratégias de vacinação por meio de esforços conjuntos”, enfatizou Barbosa. “Isso permitirá que a região recupere sua liderança histórica em imunização e proteja a saúde das gerações presentes e futuras.”

Contexto mundial e chamado à ação

Os resultados nas Américas refletem as tendências globais descritas no relatório da OMS e do UNICEF. Embora 85% das crianças em todo o mundo tenham completado a série DTP3 até 2024, o progresso estagnou e os ganhos permanecem frágeis diante de conflitos, desinformação e pressão sobre os sistemas de saúde.

Dados mundiais também reforçam a necessidade de ações urgentes, especialmente em regiões onde o número de crianças que não receberam nenhuma dose está aumentando. A OMS e o UNICEF solicitaram:

  • Aumento do investimento nacional em vacinação;
  • Eliminação da lacuna de financiamento para o próximo ciclo estratégico da Gavi (2026-2030);
  • Alcance de crianças que vivem em contextos de vulnerabilidade ou afetadas por conflitos;
  • Combate à desinformação e fortalecimento dos sistemas de informação.

Notas para editores

A OMS e o UNICEF estão trabalhando em conjunto com a Gavi, a Aliança para Vacinas, e outros parceiros para implementar a Agenda de Imunização 2030 (IA2030), uma estratégia global para garantir que todas as pessoas, em todos os lugares e em todas as idades, tenham acesso a vacinas e previnam doenças.

Sobre os dados

As Estimativas de Cobertura Nacional de Imunização da OMS/UNICEF (WUENIC) baseiam-se em dados reportados por país e representam o maior e mais abrangente conjunto mundial de tendências de vacinação para 14 doenças incluídas em programas de saúde de rotina. Em 2024, foram recebidos dados de 189 países.

Links

— Acesse o conjunto de dados da OMS: Painel globalperfis por país e outros recursos adicionais.

— Acesse o conjunto de dados do UNICEF: Página geralbases de dados completasvisualização de dadosvisualização regional y perfis por país.