Aberturas graduais devem ter abordagens em fases e ser baseadas em dados para controlar novos surtos de COVID-19, afirma OPAS

Testing

30 de junho de 2020 – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, afirmou nesta terça-feira (30) que os países que planejam relaxar as medidas de saúde pública devem adotar uma abordagem em fases, com base nas condições locais, e estar preparados para impor medidas preventivas novamente se a situação epidemiológica mudar.

“A chave é pensar em nível nacional e local e basear as decisões nos dados mais recentes. Quanto mais granular a nossa compreensão de onde o vírus ocorre, mais direcionada será a nossa resposta”, disse Etienne.

"Como estamos vendo, países, estados e cidades que não adotam medidas preventivas ou relaxam restrições muito cedo podem ser inundados com novos casos" – Carissa F. Etienne, diretora da OPAS

“O momento é crítico. Em nível nacional ou local, devemos abrir gradualmente, adotando uma abordagem em fases que se baseie em uma vigilância robusta, dados e capacidade expandida de testes e rastreamento de contatos”, afirmou a diretora da OPAS. De acordo com ela, se a situação mudar e as infecções aumentarem, localidades e países devem ajustar o rumo rapidamente.

Observando que 5,1 milhões de casos e mais de 247 mil mortes devido à COVID-19 foram notificados nas Américas até 29 de junho, Etienne disse que, “para realmente entender o impacto do vírus e planejar com mais eficiência o que vem a seguir, é importante olhar além dos dados regionais e nacionais e focar no nível local”.

“Frequentemente ouvimos falar do número de casos em grandes países como Brasil, México ou Estados Unidos sem a apreciação de sua considerável diversidade social e geográfica. De fato, múltiplas curvas epidemiológicas coexistem tanto em nossa região quanto em cada país e as respostas de saúde pública devem ser adaptadas a essas situações específicas” – Carissa F. Etienne, diretora da OPAS

A diretora da OPAS disse ainda que a reabertura exige medidas de saúde pública para rastrear novos casos e criar capacidade suficiente para detectar e controlar novos surtos. “A transmissão em uma região deve diminuir de maneira sustentável, as mortes devem diminuir e as taxas de ocupação dos leitos hospitalares devem ser baixas” antes que as restrições sejam relaxadas.

 

Etienne listou medidas de saúde pública que os governos locais e nacionais devem adotar, incluindo testes oportunos, isolamento de casos para reduzir a transmissão, rastreamento de contatos para encontrar pessoas infectadas e isolá-las, acesso a equipamentos de proteção individual e treinamento para profissionais de saúde e, se necessário, medidas de viagem para limitar novas infecções, como rastreamento, busca de casos, quarentenas e outras medidas.

"Precisamos de testes, mas também precisamos que os resultados sejam relatados rapidamente para criar uma imagem precisa", disse Etienne. "Qualquer pessoa com sintomas deve ter a orientação e o apoio necessários para reduzir a chance de transmissão para outras pessoas", acrescentou.

O rastreamento de contatos, quando ancorado em um forte sistema de atenção primária à saúde, "pode ajudar a reduzir o risco de transmissão entre comunidades vulneráveis", alegou a diretora da OPAS, e o sistema de saúde precisa de leitos hospitalares e unidades de terapia intensiva suficientes para atender casos graves.

A OPAS está trabalhando em estreita colaboração com os países e, “em muitos casos, com governos locais para analisar as tendências que podem ajudar a orientar suas tomadas de decisão”. “A OPAS apoiou os países em todos os aspectos da resposta, fornecendo orientação, treinamento e suprimentos. Nos últimos dois meses, doamos quase 5 milhões de testes de PCR para a região e adquirimos mais de 10 milhões de testes em nome de nossos países. Fizemos 54 remessas de equipamentos de proteção individual (EPIs) para 26 países”, pontuou Etienne.