Diretora da OPAS pede que países priorizem comunidades indígenas nas respostas à pandemia de COVID-19

Vaccination of indigenous communities in Paraguay

Etienne alertou para “marco sombrio” de dois milhões de mortes nas Américas e pediu mais vacinas para combater a pandemia

Washington, D.C., 4 de agosto de 2021 (OPAS)— A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, afirmou que 617 mil indígenas foram infectados com a COVID-19 nas Américas e pediu aos países que priorizem as comunidades indígenas mais afetadas.

“É provável que muitos mais tenham sido infectados, mas podemos não saber porque eles têm lutado para obter o atendimento para a COVID-19 que merecem”, Etienne durante a coletiva de imprensa semanal da OPAS. A diretora acrescentou que “quase 15 mil (indígenas) morreram por complicações da COVID-19 desde o início da pandemia”. As estatísticas são baseadas em dados de vários países.

Às vésperas do Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, Etienne observou que a pandemia exacerbou as desigualdades nas Américas e que a maioria dos povos indígenas carece de redes de segurança financeira e social para garantir que possam continuar a prover suas famílias e comunidades, mesmo quando estão doentes.

Muitos de nossos povos indígenas vivem em áreas remotas e isoladas, onde uma clínica ou médico podem estar a muitos quilômetros ou dias de distância. Mesmo aqueles que vivem em centros urbanos ainda enfrentam barreiras invisíveis - como idioma, estigma e pobreza - que podem manter a atenção à saúde fora do alcance.

Os países devem envolver os povos indígenas na resposta à COVID-19 e garantir que os profissionais de saúde sejam sensíveis às necessidades e idiomas das comunidades indígenas e “respeitem a tradição da medicina ancestral ainda praticada por muitos de nossos povos indígenas”, enfatizou Etienne.

A diretora da OPAS observou que 17 países nas Américas listaram os povos indígenas como grupo prioritário para vacinações contra a COVID-19 e campanhas de vacinação estão em andamento nesses e em outros países.

“Até agora, mais de 134 mil indígenas foram totalmente vacinados em toda a Guatemala e mais de 312 mil completaram suas vacinações contra a COVID-19 no Brasil. Mas não temos dados de todos os países”, ressaltou Etienne.

Américas atingem 2 milhões de mortes por COVID-19

Voltando-se à situação da pandemia nas Américas, a diretora da OPAS informou que mais de 1,2 milhão de casos de COVID-19 e 20 mil mortes relacionadas foram notificados na última semana. As infecções pela doença estão acelerando na América do Norte, “impulsionadas principalmente por um aumento de casos no sul e leste dos Estados Unidos e no centro do México”.

Os casos estão aumentando no Caribe e diminuindo na América do Sul, embora alguns estados brasileiros tenham visto um aumento nas infecções, disse Etienne. “Isso ressalta que, até que efetivamente contenhamos a transmissão, as infecções podem aumentar rapidamente. Portanto, máscaras, distanciamento físico e outras medidas de saúde pública continuam sendo cruciais.”

Etienne alertou “marco pandêmico sombrio” de dois milhões de mortes por COVID-19 nas Américas, chamando o número de “um lembrete angustiante de que devemos agir urgentemente para evitar mais sofrimento” e reiterando seu apelo por mais vacinas para as Américas.

“Hoje, as vacinas, que são um farol de esperança para controlar esta pandemia, permanecem fora do alcance de muitas pessoas nas Américas. Apenas 18% das pessoas na América Latina e no Caribe foram totalmente vacinadas contra a COVID-19”, disse a diretora da OPAS.

“A melhor maneira de parar o vírus, independentemente da variante, é reforçar as medidas de saúde pública, incluindo o uso adequado de máscaras, distanciamento físico, isolamento de pacientes, quarentena de contatos e vacinação”, afirmou Etienne.