Investimento, inovação e implementação são essenciais para garantir sistemas baseados em atenção primária à saúde que funcionem para o século 21, diz diretor da OPAS

Paciente em um consultório médico

Washington D.C., 20 de julho de 2023 (OPAS/OMS) - Para que a região das Américas possa reverter o impacto da pandemia da COVID-19, os países devem desenvolver e implementar urgentemente sistemas baseados na atenção primária à saúde que levem em conta as mudanças nos contextos epidemiológicos e as necessidades da população no século 21, afirmou o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, na quinta-feira (20/07). 

“Acabamos de passar por um dos eventos mais devastadores da saúde pública global no último século. A pandemia da COVID-19 teve um impacto profundo na saúde e no desenvolvimento socioeconômico em todo o mundo e resultou em uma enorme perda de vidas na Região das Américas”, disse ele durante seu discurso na Conferência Internacional de Atenção Primária, em Washington D.C.

"Não consigo pensar em um momento mais apropriado para tomarmos medidas conjuntas sobre essa questão", acrescentou.

Durante seu discurso, o Jarbas Barbosa destacou os desafios que a região tem enfrentado desde que a atenção primária à saúde foi reconhecida como a principal estratégia para abordar os problemas de saúde na Declaração de Alma-Ata de 1978. Esses desafios incluem décadas de baixa prioridade na política de saúde, alocação insuficiente de recursos nas comunidades e desenvolvimento de modelos de atendimento centrados no hospital. Tudo isso "contribuiu para a concentração dos serviços de saúde longe das comunidades e das pessoas que mais precisavam deles".

"Nossos sistemas de saúde simplesmente não estavam preparados para a pandemia", completou. 

O diretora da OPAS enfatizou que a atenção primária à saúde é fundamental para a recuperação da pandemia, a preparação para futuras emergências de saúde e a reversão das tendências nas taxas de mortalidade materna e infantil, ao mesmo tempo em que aumenta a cobertura de vacinação, acelera a eliminação de doenças transmissíveis como HIV, tuberculose e malária e amplia o acesso aos serviços de saúde para o controle e a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e saúde mental.

Ele também enfatizou a importância de priorizar uma "abordagem localizada" para a atenção primária à saúde, desenvolvendo modelos de atendimento adaptados às condições locais de saúde e ao contexto local para atingir as populações mais vulneráveis e abordar as lacunas de saúde.

A saúde não começa em hospitais ou clínicas", acrescentou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), "mas em casas, escolas, ruas e locais de trabalho. "Como os olhos e os ouvidos do sistema de saúde, uma atenção primária à saúde forte tem uma função dupla vital, ajudando a proteger as comunidades contra pandemias e ameaças cotidianas à saúde". 

"Devemos continuar trocando experiências e aprendendo com as melhores práticas globais e regionais na atenção primária à saúde", disse Jarbas Barbosa. "Nosso mundo hoje está mais interconectado do que nunca. A disseminação da COVID-19 e a ameaça existencial das mudanças climáticas ressaltam como os desastres de saúde não têm fronteiras."

Para acelerar essa ação, o diretor da OPAS pediu aos tomadores de decisão que "invistam, inovem e implementem".

Além de investir o mínimo recomendado de 6% do PIB em saúde por meio de uma abordagem de alocação de recursos no primeiro nível de atendimento, os países devem garantir que os fundos cheguem às populações mais necessitadas, enfatizou o Jarbas Barbosa.

Ele também destacou que os países devem encontrar "maneiras inovadoras de garantir o direito à saúde para todos", não apenas por meio da tecnologia e da saúde digital, mas também repensando os modelos de atendimento, inovações na governança e colaboração intersetorial com parceiros multilaterais e bilaterais.

Por fim, ele destacou a necessidade de uma ação decisiva. "É hora de ir além das declarações e aspirações políticas e passar da teoria à prática", disse ele.

Juntos podemos construir sistemas de saúde resilientes que protejam, promovam e garantam o direito à saúde. Por meio de investimento, inovação e implementação, podemos aprender com a história, superar os desafios do passado, acelerar os ganhos em saúde e criar um futuro mais próspero para todos", disse ele.

A Conferência Internacional de Atenção Primária, que ocorreu na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, de 19 a 20 de julho, reuniu especialistas de alto nível em saúde do governo, da sociedade civil e do meio acadêmico para discutir o "Papel essencial da Atenção Primária à Saúde para a segurança da saúde e a garantia da saúde".