Diretora da OPAS pede mais mulheres liderando a luta contra a COVID-19

Woman using a microscope

“Precisamos de mulheres não apenas na linha de frente, mas também na liderança”, afirmou Etienne

Washington D.C., 8 de março de 2021 – Marcando o Dia Internacional da Mulher, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, afirmou nesta segunda-feira (8) que as mulheres estão "na linha de frente" da luta contra a COVID-19, mas sub-representadas no mundo e na liderança nacional de saúde. Etienne pediu a construção de liderança com o “envolvimento total das mulheres” durante e após a pandemia.

“As mulheres constituem a maioria dos profissionais de saúde”, pontuou Etienne durante conferência virtual organizada pela OPAS no Dia Internacional da Mulher. “Elas chefiam famílias e são as principais provedoras de muitas dessas famílias - grande parte disso representa trabalho não remunerado e na força de trabalho informal. Na verdade, as mulheres estão no centro da resposta, mas continuam desproporcionalmente sub-representadas na liderança nacional e global da saúde, seja nas instituições de saúde ou em outros órgãos de formulação de políticas.”

A diretora da OPAS acrescentou: “Nunca a liderança na saúde ocupou o palco global com tanta urgência e nunca foi tão necessário que essa liderança fosse inclusiva e representativa por todas as pessoas afetadas de maneiras muito distintas, incluindo, é claro, as mulheres”.

A conferência contou com a presença de Alejandra Mora Mora, secretária executiva da Comissão Interamericana de Mulheres (CIM) da Organização dos Estados Americanos (OEA); Julio Frenk, presidente da Universidade de Miami e ex-ministra da Saúde do México; e Claudia Lopez Hernandez, prefeita de Bogotá, Colômbia.

Mora Mora destacou que a liderança das mulheres deve ser reconhecida. “A primeira coisa que deve ser feita é tornar nossa liderança visível”, disse. “Estamos prontas para tomar decisões. Então, enquanto não somos reconhecidas, devemos questionar e denunciar.”

A secretária executiva da Comissão Interamericana de Mulheres (CIM/OEA) pediu aos governos que reconheçam que a pandemia afetou as mulheres de maneiras diferentes, em parte aumentando a violência doméstica contra elas, visto que passam mais tempo em casa com seus parceiros. “Precisamos pedir aos Estados que coloquem as lentes de gênero. Não podemos continuar acreditando que somos todos iguais - que não existem impactos diferenciados.”

Os participantes do painel também apontaram que as mulheres têm arcado com a carga de tentar manter o emprego enquanto cuidam dos filhos em casa por causa das medidas de saúde pública. A “economia do cuidado”, em que as mulheres cuidam dos filhos e outros familiares em casa sem remuneração, deve ser compensada, afirmaram.

Em seus comentários, Etienne chamou a atenção para a amplitude das contribuições que as trabalhadoras de saúde têm feito enquanto a COVID-19 se espalha pelas Américas, infectando quase 50 milhões de pessoas e matando mais de milhões.

A diretora da OPAS destacou que a Força-Tarefa Interamericana sobre Liderança da Mulher revela que, na América Latina e no Caribe, nove em cada 10 enfermeiras são mulheres, enquanto apenas 25% dos cargos executivos em hospitais são ocupados por elas. Nas Américas, um milhão de profissionais de saúde foram infectados pela COVID-19. Quatro mil morreram e dois em cada três deles são mulheres.

“A pandemia está longe de terminar e precisamos de mulheres não apenas na linha de frente, mas também na liderança”, argumentou Etienne, afirmando que a reconstrução após a COVID-19 oferece uma rara oportunidade de “construir sociedades mais justas”, com mulheres na liderança.

“Chamamos os países a desenvolverem políticas não para as mulheres, mas por mulheres”, disse a diretora da OPAS. “Estima-se que apenas 1% dos líderes globais sejam mulheres e que apenas 14% dos parlamentares em todo o mundo sejam mulheres. Tenho certeza de que podemos fazer mais do que isso. Esta é mais uma oportunidade para uma mudança de paradigma para o desenvolvimento holístico e sustentável que ansiamos. O desenvolvimento sustentável não é possível se as mulheres forem excluídas da liderança.”