OPAS e parceiros lançam campanha para reduzir a mortalidade materna na América Latina e no Caribe

Mulher grávida recebe cuidados

A cada hora, uma mulher perde a vida na região devido a complicações na gravidez, no parto ou no pós-parto, a grande maioria delas evitáveis.

Washington DC, 8 de março de 2023 (OPAS/OMS) - A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), juntamente com outras agências e parceiros das Nações Unidas, lançou hoje uma campanha para incentivar os países da América Latina e do Caribe a reduzir a mortalidade materna, que aumentou em 15% entre 2016 e 2020.

Cerca de 8.400 mulheres morrem a cada ano na região por complicações na gravidez, parto e pós-parto. Pressão alta, sangramento intenso e complicações decorrentes de abortos inseguros são as causas mais comuns. No entanto, nove em cada dez dessas mortes são evitáveis ​​por meio de atendimento de qualidade, acesso à contracepção e redução das desigualdades no acesso aos cuidados.

“Muitas mulheres, particularmente indígenas, afrodescendentes, migrantes, de baixa renda e menos instruídas, continuam morrendo durante a gravidez e o parto”, disse Jarbas Barbosa, diretor da OPAS, durante o lançamento da campanha no Dia Internacional da Mulher. "É hora de investir urgentemente na saúde materna e mudar essa realidade inaceitável."

Zero Mortes Maternas. Evitar o evitável busca acelerar o progresso em direção à meta regional de menos de 30 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos delineada na Agenda de Saúde Sustentável para as Américas da OPAS. No ano passado, a taxa de mortalidade materna (ou seja, o número de mortes maternas por 100 mil nascidos vivos) na América Latina e no Caribe foi de 68 por 100 mil nascidos vivos.

A pandemia da COVID-19 causou um retrocesso de 20 anos na saúde materna na região, com aumento de 15% na mortalidade materna entre 2016 e 2020, após uma redução de 16,4% entre 1990 e 2015.

“Se quisermos voltar ao caminho da redução da mortalidade materna, devemos abordar as desigualdades socioeconômicas, de gênero, étnicas, educacionais e geográficas que levam à morte de tantas mulheres”, destacou Suzanne Serruya, diretora do Centro Latino-Americano de Perinatologia da OPAS, Mulheres e Saúde Reprodutiva (CLAP). "Fazer isso requer o envolvimento de todos os setores do governo e da sociedade."

Serviços de saúde materna acessíveis, bem como profissionais disponíveis, treinados, equipados e que respeitem os direitos e particularidades das gestantes também são fundamentais para reduzir a mortalidade materna.

“O retrocesso na taxa de redução da mortalidade materna é uma realidade dura e lamentável na América Latina e no Caribe”, disse Susana Sottoli, diretora regional para a América Latina e o Caribe do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). “Pedimos aos governos, à sociedade civil, ao setor privado e às comunidades que ponham fim à situação de milhares de mulheres para quem o milagre de dar à luz se torna uma trágica realidade”.

Zero Mortes Maternas. Evitar o Evitável é uma iniciativa do Grupo de Trabalho para a Redução da Mortalidade Materna (GTR). A campanha disseminará mensagens nas redes sociais e desenvolverá ações específicas em cada país até o mês de maio. Também incluirá um chamado à ação para toda a sociedade proteger as mulheres e os recém-nascidos.

O lançamento da campanha terminou com a assinatura de uma declaração conjunta para reduzir a mortalidade materna.

Outras participantes do evento foram Nayeline Medina, da Rede de Mulheres Afro-Latino-Americanas, Afro-Caribenhas e da Diáspora; Debora Bossemeyer, vice-presidente de Programas Globais e Operações da Jhpiego; Frank Anthony, ministro da Saúde da Guiana; José Manuel Matheu, secretário de Saúde de Honduras; e Lida Sosa Arguello, vice-ministra da Saúde e Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde Pública do Paraguai.

Mortalidade materna na América Latina e no Caribe, 2020*

  • Aproximadamente 8.400 mulheres - quase 3% do total mundial - morreram por causas relacionadas à gravidez e ao parto na América Latina e no Caribe.
  • Desses, 1.300 estavam no Caribe.
  • Entre 1990 e 2015, a mortalidade materna na América Latina diminuiu 16,4%, mas aumentou 15% entre 2016 e 2020.
  • 13 países tiveram uma taxa de mortalidade materna muito baixa (20 ou menos mortes maternas por 100 mil nascidos vivos); 26 relataram uma taxa baixa (menos de 100) e 6 tiveram uma taxa alta ou moderada (entre 100 e 499).
  • Na Agenda de Saúde Sustentável da OPAS, os países da região se comprometeram a alcançar uma taxa de mortalidade materna inferior a 30 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos.

*Fonte: Tendências na mortalidade materna – OMS (em inglês)

Sobre o GTR

O Grupo de Trabalho para a Redução da Mortalidade Materna é um mecanismo interinstitucional formado por agências das Nações Unidas, organizações de cooperação bilateral e multilateral, organizações não governamentais e redes profissionais da região. Desde sua criação em 1998, tem promovido a colaboração e a sinergia entre diferentes atores regionais para implementar políticas e programas para reduzir a morbimortalidade materna na América Latina e no Caribe.

Os membros do GTR são: Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Agência EE. UU. para o Desenvolvimento Internacional (USAID, por sua sigla em inglês), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial (BM), Confederação Internacional de Parteiras (ICM, sigla em espanhol), Federação Latino-Americana de Sociedades de Obstetrícia e Ginecologia, Fòs Feminista (Aliança Internacional para Saúde, direitos e justiça sexual e reprodutiva) Management Sciences for Health (MSH) e MOMENTUM Country and Global Leadership.