Washington D.C., 13 de outubro de 2025 (OPAS) – Quatro em cada 10 estabelecimentos de saúde na América Latina e no Caribe estão expostos a ameaças naturais. À medida que os desastres se tornam mais frequentes e destrutivos, os sistemas de saúde precisam estar preparados para responder e se recuperar, garantindo a continuidade da prestação de serviços justamente quando são mais necessários.
Para a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), reduzir as interrupções nos serviços e minimizar as perdas de infraestrutura causadas por desastres é uma prioridade de saúde pública.
O Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, celebrado em 13 de outubro, chama a atenção para o crescente impacto dos desastres e a necessidade de preparação para manter a continuidade dos atendimentos nos estabelecimentos de saúde. A OPAS adere ao tema deste ano, “Financiar a resiliência, não os desastres”, e faz um apelo à ação decisiva para que sejam feitos investimentos antecipados na preparação dos serviços de saúde, evitando perdas futuras – que podem ser muito maiores em termos econômicos e de vidas.
Entre 2000 e 2022, desastres como furacões, erupções vulcânicas e terremotos afetaram mais de 190 milhões de pessoas nas Américas. Embora algumas instalações construídas após 1980 tenham sido projetadas para resistir a terremotos, a maioria não leva em conta os efeitos de eventos climáticos. Além disso, a pandemia de COVID-19 demonstrou como a interrupção dos serviços pode afetar as comunidades, especialmente nas áreas mais remotas.
A Iniciativa de Hospitais Resilientes da OPAS, que está em seu segundo ano de implementação, é um exemplo prático de como aplicar a redução do risco de desastres. No âmbito dessa iniciativa, os países participantes fortalecem políticas nacionais, reforçam a segurança estrutural dos estabelecimentos de saúde e adotam tecnologias ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis, ao mesmo tempo em que desenvolvem a capacidade de resposta necessária para manter funções críticas. Isso garante a continuidade de serviços essenciais e de salvamento de alta qualidade em meio às crises — sem deixar ninguém para trás.
Até o momento, essa estratégia já beneficiou mais de 250 hospitais em 13 países. Ela se baseia em um Marco de Hospitais Resilientes, desenvolvido conjuntamente com o Escritório Regional para o Mediterrâneo Oriental da Organização Mundial da Saúde (OMS) e mais de 500 profissionais em todo o mundo, que promove uma abordagem prioritária e baseada em risco para resistir, adaptar, transformar e aprender com os desastres.
Políticas nacionais fortalecem resiliência
A Colômbia, um dos países referência em resiliência hospitalar, desenvolveu e lançou uma política nacional para proteger melhor os hospitais diante de emergências sanitárias e desastres. Essa política, centrada na adaptabilidade e na recuperação rápida, atualiza as normas técnicas de infraestrutura em saúde e as diretrizes de gestão de risco hospitalar. Com o apoio da OPAS, 26 estabelecimentos de saúde começaram a realizar avaliações estratégicas de risco. Equipes de avaliação estão sendo enviadas a regiões prioritárias para documentar como os estabelecimentos podem melhorar sua resiliência. As cidades de Bogotá e Cali, assim como o departamento do Huila, já estão incorporando a resiliência da infraestrutura de saúde em seus esforços mais amplos de gestão de risco de desastres e planejamento urbano.
Os exemplos de hospitais resilientes incluem sistemas de energia e água de reserva, planos de gestão de emergências confiáveis (com avaliações de risco, equipes de resposta rápida e exercícios de simulação) e capacitação de pessoal para cenários multirriscos. Um projeto eficaz deve levar em conta os riscos climáticos e posicionar recursos críticos em áreas protegidas, enquanto a resiliência operacional é fortalecida por meio do armazenamento de suprimentos essenciais e da garantia de cadeias de suprimento flexíveis.
Hospitais inteligentes reduzem custos
A Iniciativa de Hospitais Inteligentes da OPAS no Caribe, com o apoio da UKaid, melhorou a resiliência hospitalar em mais de 70 estabelecimentos de saúde em sete países da sub-região. Os centros que foram modernizados com soluções inteligentes no uso de energia e água alcançaram economias operacionais entre 30% e 60%. As melhorias energéticas — como painéis solares, baterias de armazenamento elétrico e sistemas de baixo consumo — são o principal motor das economias e do retorno positivo sobre o investimento.
A OPAS reafirma seu compromisso de ajudar os países das Américas a construir sistemas de saúde mais seguros, sustentáveis e resilientes, protegendo tanto a infraestrutura dos serviços quanto o bem-estar das populações.
